Saúde
Nova Odessa: Programa ‘Respire Saúde’ oferece apoio gratuito às pessoas que querem parar de fumar

Região oferece serviços de combate ao fumo que mata 8,7 milhões no mundo

Trabalho de apoio e auxílio para as pessoas que querem parar de fumar está entre as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para conter a epidemia do tabagismo e salvar vidas em todo o planeta

Beth Soares | Tribuna Liberal

O vício de fumar mata 8,7 milhões de pessoas, por ano, no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Desse número, 1,3 milhão de óbitos são de fumantes passivos (pessoas que convivem com quem fuma). Na região, Nova Odessa e Hortolândia oferecem programas gratuitos de apoio a quem deseja se livrar do vício do cigarro.

São ações como as desenvolvidas nesses municípios que ajudaram o número de fumantes a cair nos últimos 15 anos, segundo a OMS. O Brasil - que aparece no topo da lista de nações que implementaram as ações recomendadas pela OMS de combate ao tabagismo -, acaba de criar diretrizes para fortalecer o Programa Nacional de Controle do Tabagismo no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde).

O Grupo de Tabagismo do Programa “Respire Saúde”, mantido pela Secretaria de Saúde da Prefeitura de Nova Odessa, existe há 10 anos. Nasceu com objetivo de auxiliar pacientes que desejam parar de fumar a largar o vício e recuperar a qualidade de vida. A iniciativa é gratuita e multidisciplinar.

“Nosso grupo é um exemplo de apoio e motivação para pessoas que desejam parar de fumar. Com encontros regulares, o grupo oferece um ambiente acolhedor onde os participantes compartilham experiências e desafios”, destacou a secretária municipal de Saúde, Jaqueline Serrano, por meio da Assessoria de Imprensa.

As inscrições para os interessados em participar são abertas periodicamente, e é possível deixar o nome em uma “lista de espera” nas recepções das Unidades Básicas de Saúde. Os encontros são todas às terças-feiras, às 18h30, no auditório do Paço Municipal.

Sob a orientação de profissionais de Saúde especializadas no tema – dentre elas a dentista da Rede Municipal, Patrícia Faciulli, coordenadora do grupo há sete anos, o programa abrange desintoxicação física, na qual são distribuídos medicamentos e adesivos que auxiliam no processo, além de mudanças de comportamento.

“Os membros se apoiam mutuamente, discutem estratégias para superar desejos de fumar e recebem informações sobre os danos causados pelo tabaco. Com resultados positivos, como melhora na saúde e qualidade de vida, o grupo reforça a importância do suporte coletivo no combate ao tabagismo”, explicou Patrícia.

Com duração de quatro meses, o programa, que existe há mais de 10 anos em Nova Odessa, promove ações por meio de reuniões, palestras e consultas com a equipe de Enfermagem e dentistas da Rede Municipal de Saúde.

Segundo a equipe do programa, o “Respire Saúde” registra uma média de 65% de resultados positivos entre os participantes que lutam contra o vício do tabagismo. Durante os encontros, são apresentados os problemas que o cigarro causa nos fumantes com o passar dos anos, entre eles, riscos de doenças pulmonares, cardiovasculares e até mesmo bucais.

“Nós, como profissionais da Saúde, estamos aqui para ajudar as pessoas a vencer a dependência da nicotina e promover saúde e qualidade de vida. É uma satisfação muito grande quando nosso objetivo é alcançado”, completou a dentista Adriana Denadai Sgarzi Batista, também coordenadora do projeto.

AJUDA ON LINE

A Prefeitura de Hortolândia, por meio da Secretaria de Saúde, informa que o município oferece Programa de Tabagismo para ajudar fumantes a pararem com o vício do tabaco. Em razão da pandemia do Coronavírus, o programa iniciou, em agosto de 2020, reuniões on-line com fumantes.

Desde então, o programa já conta com 65 grupos estruturados. De acordo com a coordenadora do programa, a médica Regina Happ, 654 pessoas já participaram dos grupos. Dessas, 381 conseguiram parar de fumar.

As reuniões do grupo acontecem nos períodos matutino e noturno, por meio do serviço Google Meet. As reuniões têm uma hora de duração. À medida que participa das reuniões, cada fumante deve estabelecer o dia em que vai parar com o vício. Para participar dos grupos on-line, os interessados devem procurar a UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima de onde mora.

Em Monte Mor, a Secretaria Municipal de Saúde deve iniciar, em breve, o trabalho de capacitação de médicos, enfermeiros e farmacêuticos para iniciar uma ação com grupos de pessoas que buscam apoio contra o vício do cigarro, segundo a Assessoria de Imprensa da Prefeitura. Sumaré e Paulínia não responderam à reportagem.

EXEMPLO GLOBAL, BRASIL FORTALECE PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DO TABAGISMO NO SUS

O Brasil está no topo da lista de nações que implementaram medidas sugeridas pela OMS de combate ao tabaco e podem ser consideradas exemplo para o mundo. Mesmo assim, 443 pessoas morrem, a cada dia, no País, por causa do fumo, segundo informações do Ministério da Saúde. Para mudar essa realidade, o governo federal oficializou, em junho deste ano, as diretrizes do Programa Nacional de Controle do Tabagismo no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde), que é realizado no Brasil desde 1989.

Vinculado ao Inca (Instituto Nacional de Câncer, o programa busca reduzir o número de usuários de tabaco e de dependentes de nicotina, e, com isso, diminuir a mortalidade relacionada ao consumo dessas substâncias. O documento fortalece e reforça o papel do Inca no gerenciamento das ações de controle do tabaco no País.

Segundo a coordenadora do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, Andrea Reis, embora exista há mais de três décadas, o programa ainda não havia sido regulamentado com diretrizes claras. “Este é um enorme avanço. Será possível fortalecer ações, dar maior respaldo e formalização às atividades desenvolvidas”, explica.

Quando o programa foi criado, em 1989, 34,8% da população acima de 18 anos se declarava fumante, de acordo com a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição. As ações do Ministério da Saúde resultaram na queda desses índices, que passaram para 22,4%, em 2003, e 18,5%, em 2008, chegando a 12,6% em 2019. Apesar da redução, o Brasil ainda registra aproximadamente 160 mil mortes anuais atribuíveis ao uso de tabaco.

O Ministério da Saúde alerta que tabagismo está relacionado a doenças como diabetes, hipertensão, AVC, infarto, doenças respiratórias, câncer, tuberculose, impotência e infertilidade. Considerada uma droga bastante danosa, a nicotina atua no sistema nervoso central como a cocaína, heroína e álcool, com uma diferença: leva entre 7 e 19 segundos para chegar ao cérebro.

Pelo SUS, destaca o Ministério, são oferecidos tratamentos integrais e gratuitos às pessoas que desejam parar de fumar por meio de medicamentos como adesivos, pastilhas, gomas de mascar (terapia de reposição de nicotina) e bupropiona, além do acompanhamento médico necessário para cada caso.

BENEFÍCIOS DE PARAR DE FUMAR

1 - Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal;

2 - Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue;

3 - Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza;

4 - Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor;

5 - Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida;

6 - Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora;

7- Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade;

8 - Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.

MEDIDAS PREVENTIVAS EVITAM 300 MILHÕES DE NOVOS FUMANTES

Graças a uma série de recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) atendidas por vários países do mundo, o número de fumantes está em queda no planeta, nos últimos 15 anos. Segundo relatório da OMS, divulgado no último dia 31 de julho, o número de pessoas protegidas com iniciativas de prevenção aumentou cinco vezes.

Desde 2017, aponta o estudo, as medidas adotadas nos diferentes países evitaram que 300 milhões de pessoas passassem a fumar. O levantamento mostra que 40% dos países têm locais públicos internos totalmente sem cigarro, condição que evita o fumo passivo, responsável por 1,3 milhão de mortes anualmente.

As pessoas expostas ao tabaco correm o risco de perder a vida para doenças cardíacas, respiratórias, derrames, diabetes tipo 2 e câncer. No relatório, a OMS destaca que essas mortes podem ser evitadas.

A OMS defende que os espaços públicos livres de cigarro são apenas uma política no conjunto de medidas de controle para ajudar os países a implementar as recomendações e conter a epidemia do tabagismo.

As diretrizes da OMS sugerem que os países monitorem o uso do tabaco e as políticas de prevenção, protejam as pessoas da fumaça e ofereçam ajuda para quem queira parar de fumar. Também recomenda alertas aos usuários para os perigos do tabaco, além da aplicação das regras de proibições de publicidade, promoção e patrocínio do produto.

Neste ano, a campanha do Dia Mundial sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, teve como motes “Precisamos de comida, não de tabaco / Plante comida, não plante tabaco” e tem como objetivo incentivar os governos a acabar com os subsídios ao cultivo do tabaco e a usar recursos econômicos para programas de substituição de cultivos que melhorem a segurança alimentar e a nutrição.  

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