Saúde
“O cigarro eletrônico é vendido como se fosse menos prejudicial à saúde, e isso é uma mentira”

Pneumologista ressalta os prejuízos do tabaco e dos cigarros eletrônicos

Nova doença pulmonar, a Evali, está associada ao uso dos dispositivos conhecidos como vaping

O consumo do cigarro pode causar mais de 50 doenças diferentes, entre elas cardiovasculares, no sistema circulatório, infecções respiratórias, crônicas, enfermidades como impotência sexual, infertilidade e vários tipos de cânceres. Mesmo com seus malefícios amplamente conhecidos pela população, alguns deles estampados nas embalagens do produto, o consumo ainda é alto.

O tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A estimativa é de que um terço da população mundial adulta seja fumante. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) acendem outro alerta: os dispositivos eletrônicos não são seguros e possuem substâncias tóxicas além da nicotina, e seu uso pode causar outros danos, como enfisema pulmonar e dermatite, somados aos já conhecidos prejuízos causados pelo cigarro convencional.

No Dia Nacional de Combate ao Fumo, data comemorada nesta segunda-feira (29) e que tem como objetivo mobilizar a sociedade para os danos causados pelo tabaco, o médico pneumologista Ronaldo Macedo, do Vera Cruz Hospital, alerta sobre o uso de dispositivos eletrônicos que surgiram no mercado como uma opção melhor que o cigarro convencional ou até mesmo como uma forma de ajudar a parar de fumar.

“O cigarro eletrônico é vendido como se fosse menos prejudicial à saúde, e isso é uma grande mentira. Além da nicotina, ele está associado a diversas outras substâncias, como etileno, glicol e essências doces ou mentoladas. Quando esse líquido é aquecido por um reator, ele forma o vapor, em vez de formar fumaça, e, ao ser aquecido diversas vezes esse líquido, se transforma em outras substâncias que são tóxicas para o organismo, potencialmente cancerígenas”, esclarece.

Mesmo proibido no Brasil, o dispositivo ganha cada vez mais adeptos e preocupa. O aparelho virou moda entre os jovens por ser atrativo, moderno, bonito, colorido, soltar um vapor bem chamativo e ter sabor e cheiro agradáveis, o que camufla a nicotina e vicia ainda mais rápido. “Existe uma nova doença pulmonar que está associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping, a Evali: uma lesão pulmonar aguda por algumas substâncias do cigarro eletrônico, substância que ainda é investigada. Nos Estados Unidos, inclusive, houve uma epidemia dessa doença”, conta o pneumologista.

Antes de acender um cigarro para socializar, estar na moda ou servir como escape por algum motivo, o médico aconselha a população a colocar na balança os prós e os contras do seu consumo. “O aparelho também causa diversos malefícios, pois possui uma carga muito alta de nicotina e tem poder viciante ainda maior”, pontua.

Venda está proibida no Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) manteve a proibição de importação, propaganda e venda de cigarros eletrônicos no Brasil. A restrição começou em 2009, mas a comercialização continua ocorrendo de forma ilegal no país.

A decisão foi tomada durante reunião da diretoria colegiada do órgão, em julho. Por unanimidade, a diretoria seguiu voto proferido pela diretora Cristiane Rose Jourdan.

Segundo a diretora, estudos científicos demonstram que o uso dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) está relacionado com aumento do risco de jovens ao tabagismo, potencial de dependência e diversos danos à saúde pulmonar, cardiovascular e neurológica.

Os cigarros eletrônicos são aparelhos alimentados por bateria de lítio e um cartucho ou refil, que armazena o líquido. Esse aparelho tem um atomizador, que aquece e vaporiza a nicotina. O aparelho traz ainda um sensor, que é acionado no momento da tragada e ativa a bateria e a luz de led.

A temperatura de vaporização da resistência é de 350°C. Nos cigarros convencionais, essa temperatura chega a 850°C. Ao serem aquecidos, os DEFs liberam um vapor líquido parecido com o cigarro convencional.

Os cigarros eletrônicos estão na quarta geração, onde é encontrada concentração maior de substâncias tóxicas. Existem ainda os cigarros de tabaco aquecido. São dispositivos eletrônicos para aquecer um bastão ou uma cápsula de tabaco comprimido a uma temperatura de 330°C. Dessa forma, produzem um aerossol inalável.    

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