Paulínia foi a cidade da região que registrou maior procura por testes de dengue em 2022
Uma das possíveis causas para o aumento expressivo de
procura por exames é o surgimento de doenças causadas por outros vírus e que
têm sintomas parecidos
Paulínia foi a cidade da região que apresentou o maior aumento na procura por testes para detectar a dengue no primeiro quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Foram feitos 237 testes particulares na cidade neste período ante 65, ano passado, o que representa um aumento de 264,61%. Esses exames foram feitos pelo Laboratório DMS Burnier e os dados foram contabilizados a pedido do Jornal Tribuna Liberal, para mostrar a preocupação dos moradores das cidades da área de cobertura com a doença.
Sumaré foi outra cidade que registrou aumento dos exames na unidade do laboratório, saltando de 61 para 79, um aumento de 29,5%. Em compensação, as unidades de Monte Mor e Hortolândia tiveram queda na realização dos exames. Juntando as cinco cidades, o aumento do número de testes foi de 44,37% (confira a tabela ao lado).
O biomédico Alexandre Veronez, coordenador de microbiologia e biossegurança do laboratório DMS Burnier, informou que não é possível afirmar exatamente a causa do aumento expressivo de procura por exames em Paulínia. “Mas uma das possíveis causas é o surgimento de doenças causadas por outros vírus e que têm sintomas parecidos. Então teve uma procura pelo teste de dengue para tirar as dúvidas”, explicou.
O aumento pela procura é decorrente do atual cenário epidemiológico. “Em 2022 houve mais procura de testes porque também houve mais casos de dengue. Com a ampla cobertura da mídia informando sobre esse aumento de casos, as pessoas também buscaram fazer o teste ao identificar os primeiros sintomas e sinais”, explicou o biomédico.
Essa disparidade dos dados em relação a Hortolândia e Monte Mor também pode estar associada ao poder aquisitivo da população. “Pode haver sim uma relação com o cenário econômico e político. Muitas pessoas perdem o emprego e junto com isso o convênio. Então há essa diminuição na rede particular e maior procura pelo serviço público”, esclareceu Veronez.
Segundo o biomédico, a maioria das pessoas que procuram o laboratório para fazer o teste de dengue é para confirmar o diagnóstico, porque já apresenta os sintomas. “Normalmente quem faz o exame para saber se está com dengue é porque já tem sintomas. Talvez sejam sintomas gripais, como dor de cabeça, dor no corpo. Mas fazem o teste para identificar o que é”, explicou.
Outro fator que também preocupa na região é que a taxa de positividade do primeiro quadrimestre de 2022 foi de 41%, 11 pontos percentuais acima dos 30% registrada no ano passado.
Veronez explica os motivos para o aumento dessa positividade. “Está havendo um aumento significativo de busca por exames devido o aumento de casos e o amplo acesso a informação, cobertura da mídia informando sobre a alta de casos. Então há mais pessoas com sintomas buscando confirmar seu diagnóstico”, acredita o biomédico.
Historicamente, os casos de dengue diminuem nos meses mais frios do ano, no Outono e Inverno e o biomédico acredita que isso também deve ocorrer neste ano. “Acredito que não irá se manter em alta no inverno pelas condições climáticas. A dengue tende a se espalhar no período de março a abril, após o verão, temporada de muita chuva e altas temperaturas”, esclareceu.
O coordenador também destacou que a população pode ajudar no combate da doença. “É muito importante reforçarmos a importância da prevenção. As pessoas precisam se conscientizar e não permitir que seus espaços sejam foco de dengue. Não pode deixar água parada, seja suja ou limpa, seja em uma tampinha de garrafa ou em balde, tem que estar atento e cuidar da nossa casa, nossa calçada e até mesmo da nossa rua. Assim podemos combater a dengue”, disse o biomédico. As prefeituras da região foram procuradas, mas não retornaram até a conclusão da edição.
SÃO PAULO SOMA MAIS
CASOS DO QUE EM TODO ANO PASSADO
O estado de São Paulo já registra mais casos e mortes por dengue em 2022 do que em todo o ano passado. São 153,3 mil casos neste ano, com 119 mortes. Em 2021, foram contabilizados 145,8 mil casos e 71 mortes. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde. Na comparação com o mesmo período de 2022, foram 117,5 mil infecções e 44 vítimas no ano passado. As informações foram publicadas pela Agência Brasil na última quarta-feira (18).
O governo estadual destacou, em nota, que “o enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti é uma tarefa contínua e coletiva”. Apontou ainda que diretriz do SUS (Sistema Único de Saúde) define que o trabalho de campo para combate ao mosquito transmissor de dengue compete primordialmente aos municípios.
Na capital paulista, com a contabilização até 10 de maio, o número é similar ao de 2021, com cerca de 330 casos a menos. Enquanto no ano passado foram 5.878 infecções; neste ano, foram confirmados 5.543 casos. Não há registro de mortes. Os dados são da prefeitura de São Paulo.
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