Saúde
Mais de 70 profissionais da Saúde participaram da atividade na Câmara Municipal nesta semana

Hortolândia implanta ambulatório para atender população transexual

Nova unidade oferece terapia hormonal para pessoas que queiram fazer a transição de gênero; estimativa é que a cidade tenha cerca de 4,5 mil moradores trans atualmente

Da Redação | Tribuna Liberal

Hortolândia avança mais um passo importante para promover a inclusão de pessoas de diferentes segmentos da sociedade. A Prefeitura implanta um ambulatório para atender o público transexual. A nova unidade foi apresentada numa capacitação, ministrada pela Secretaria de Saúde, nesta semana, na Câmara Municipal. Participaram da atividade mais de 70 profissionais das Atenções Básica e Especializada, e das redes de Urgência e Emergência do município.

A formação explicou para as equipes de saúde o fluxo e os protocolos de encaminhamento e atendimento do público trans no ambulatório. A nova unidade fica dentro do CEI (Centro Especializado em Infectologia, o antigo Amdah (Ambulatório Municipal de DST/Aids de Hortolândia)), localizado na avenida Thereza Ana Cecon Breda, 1.115, Vila São Pedro. O ambulatório utiliza a estrutura já existente do CEI, que compreende dois consultórios médicos, uma sala de atendimento psicológico, uma sala de atendimento de assistência social, uma sala de coleta de exames e uma farmácia.

De acordo com a Secretaria de Saúde, o ambulatório oferece o tratamento hormonal, também chamado de terapia hormonal ou hormonioterapia. A terapia é um dos procedimentos disponíveis para pessoas trans que queiram fazer a transição de gênero. Pessoa trans é aquela que não se identifica com as características sexuais biológicas de nascença.

“Para poder fazer a transição de gênero, a pessoa trans deverá passar antes por uma avaliação, que abrange vários aspectos, dentre os quais psicológicos, psiquiátricos, sociais, de saúde mental”, explica a endocrinologista Mariana Fujiwara, uma das profissionais que integra a equipe do ambulatório.

Segundo a endocrinologista, a avaliação é feita pela equipe multidisciplinar do ambulatório, formada por 10 profissionais de várias especialidades médicas, tais como psiquiatria, psicologia, farmacêutica, infectologia, assistência social e enfermagem. Caso a avaliação seja positiva, a pessoa trans inicia a terapia, sob acompanhamento da equipe do ambulatório. A endocrinologista Mariana Fujiwara reforça que o ambulatório oferece somente a terapia hormonal. A unidade não disponibiliza cirurgias nem procedimentos estéticos.

QUALIDADE DE VIDA

A Secretaria de Saúde iniciou o processo de estruturação do ambulatório em agosto do ano passado. A unidade começou a funcionar em janeiro deste ano, e desde então já faz o acompanhamento de 20 pacientes. O psiquiatra Claudio Rocha, que também integra a equipe do ambulatório, destaca que a nova unidade representa uma importante conquista para a comunidade trans, que passa a ter acesso a informações e orientações de saúde confiáveis na nova unidade.

 “Em virtude da sua condição, o público trans está sujeito a sofrer transtornos mentais e a viver em situação de vulnerabilidade social. Por isso, é importante a implantação do ambulatório. Ao criar essa nova unidade, a Prefeitura garante que a população trans receba atendimento de saúde adequado e tenha acesso a serviços de qualidade. A estrutura do ambulatório oferece segurança para as pessoas trans. Enfim, a nova unidade contribui para melhorar a qualidade de vida da comunidade trans da cidade. Por meio do ambulatório, queremos fazer com que a população trans também utilize e procure os demais serviços e unidades oferecidos pela rede municipal de saúde”, salienta o psiquiatra.

A iniciativa da Prefeitura de Hortolândia em implantar o ambulatório é apoiada pela comunidade trans. Uma das pessoas que aprovou foi o estudante Louis Lui, de 20 anos, que participou do evento de apresentação da unidade. O jovem é um dos primeiros 20 pacientes atendidos pelo ambulatório que iniciou a terapia hormonal e tem recebido acompanhamento.

Lui conta que há quatro anos decidiu fazer a transição de gênero. Para isso, procurou orientação sobre o tema junto à Secretaria de Saúde. “Fiquei muito surpreso positivamente com a decisão da Prefeitura de criar o ambulatório. Nunca pensei que, de repente, a minha iniciativa em buscar ajuda possa ter contribuído para criar um movimento pelo ambulatório. É gratificante saber que você tem voz e que não precisa ficar marginalizado. Mas, para isso, você tem que correr atrás e batalhar”, ressalta Lui.

Quem também elogia a criação do ambulatório é a cabeleireira Gigi Pavanesi, integrante dos Conselhos Municipais de Saúde e da Mulher que também esteve presente no evento de apresentação da unidade. “O ambulatório promove a inclusão, a dignidade e o respeito da comunidade trans. É uma grande conquista e um avanço na política pública de saúde para essa população tão marginalizada. Agora que temos um ambulatório na cidade, não precisamos mais procurar esse serviço em outras cidades da região. É um lugar seguro onde as pessoas trans recebem atendimento digno. Já conheço o CEI. É um local maravilhoso! Também já conheço toda a equipe de lá”, enaltece a cabeleireira.

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