Estado de SP decreta emergência para dengue e epidemia se agrava na região
Em 12 dias, cidades da região mais que dobraram o número de
casos confirmados da doença, com aumento de 114%; prefeituras poderão decretar
emergência local
Paulo Medina | Tribuna Liberal
Em cerca de 12 dias, os casos de dengue explodiram na região, saindo de 671 para 1.437 casos. O aumento é de 114%. A região enfrenta o problema de saúde pública. Os municípios de Hortolândia, Sumaré, Nova Odessa, Monte Mor e Paulínia todos tiveram aumento considerável dos casos em menos de duas semanas, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde analisados pelo Tribuna Liberal.
O governo estadual decretou emergência para a doença. Na prática, as prefeituras poderão receber valores extras do governo federal para combater a dengue. Cada município, a partir da análise de seu cenário epidemiológico, poderá utilizar a medida estadual para decretar emergência municipal. Até a segunda-feira (4), Hortolândia viu seus casos de dengue aumentarem de 24 para 97 em cerca de 12 dias, refletindo um crescimento de 304%. O município de Sumaré registrou um aumento de 93,8%, saindo de 178 casos para 345.
A situação em Nova Odessa é preocupante, com um salto de 81 para 293 casos, representando uma alta de 261%. Com um aumento de 126,9%, Monte Mor passou de 26 para 59 casos de dengue. Paulínia experimentou um aumento de 77,6%, indo de 362 para 643 casos de dengue. Enquanto isso, as cidades da região realizam ações de combate a criadouros, visitas casa a casa, campanhas de conscientização e ações de nebulização.
Paralelamente, o Governo de São Paulo anunciou o decreto de emergência em saúde pública para a dengue nesta terça-feira (5), após o Centro de Operações de Emergências, o COE, recomendar a medida, uma vez que o Estado atingiu 300 casos confirmados da doença por 100 mil habitantes.
O decreto permitirá que Estado e municípios implementem ações com maior agilidade e, também, possam receber recursos adicionais do governo federal. Cada município, a partir da análise de seu cenário epidemiológico, poderá utilizar a medida estadual para decretar emergência em âmbito local.
Durante reunião do COE, na Sala de Situação da Secretaria de Estado da Saúde, a secretária da pasta em exercício, Priscilla Perdicaris, apresentou os próximos passos. “O decreto é mais uma iniciativa do Estado dentro de um planejamento de ações, iniciado no ano passado, para assegurar a assistência aos municípios e à população. Usaremos os recursos disponíveis para combater o Aedes aegypti”.
Segundo portaria do governo federal, os incrementos financeiros para emergências deverão ser enviados ao Estado, a partir de agora, para investimento em vigilância em saúde, atenção primária e atenção especializada. Em São Paulo, os recursos serão destinados, prioritariamente, para aquisição de máquinas de nebulização e insumos, contratação de pessoas e ampliação da capacidade da rede.
“O monitoramento realizado pelo Estado, desde o ano passado, apontava aumento expressivo no número de casos e a antecipação dos registros em cerca de dois meses. Esse trabalho permitiu que uma série de ações fosse tomada, evitando cenários mais críticos como os enfrentados pelos estados vizinhos”, ressaltou Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, durante reunião do COE.
Segundo Regiane de Paula, coordenadora em saúde da Coordenadoria de Controle de Doenças, foi apresentado o Plano de Ação à Emergência em Saúde Pública, que aborda uma sequência de ações diferenciadas e construídas a partir da experiência no enfrentamento das transmissões anuais de dengue.
“O plano foi construído de maneira técnica e seguindo critérios epidemiológicos, sempre se baseando na ciência. Ele nos norteará em ações dos principais eixos envolvidos no controle das arboviroses: vigilâncias epidemiológica, laboratorial e sanitária, controle vetorial, a assistência à saúde, educação/comunicação e mobilização social, para os diversos cenários de transmissão, tanto municipal, quanto regional e estadual”.
Para priorizar a transferência de pacientes na rede estadual, que necessitem de leitos de alta complexidade, a Secretaria de Estado atualizou a orientação para a Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde, a Cross, para que todos os pacientes suspeitos para dengue tenham prioridade.
Dados atualizados até 4 de março mostram que 131 municípios do Estado registraram mais de 300 casos por 100 mil habitantes. Ao todo, 22 municípios paulistas decretaram emergência.
AÇÕES INTEGRADAS
O Plano Estadual de Contingência das Arboviroses Urbanas, lançado em 2023 e amplamente divulgado aos municípios, tem sido apontado por especialistas como o principal responsável pelos resultados alcançados em São Paulo.
Entre as principais ações, o Estado capacitou todos os agentes de saúde e endemias por meio de cursos e treinamentos online para manejo clínico. organização dos serviços, e atendimento para arboviroses, no ano passado. Atividades educativas em escolas, rodovias e pontos de grande circulação como estações de trem e metrô, e campanha no carnaval, também foram promovidas.
Em 6 de fevereiro, o Governo criou o Centro de Operações de Emergências, com a participação de oito secretarias, Cosems e Exército. No mesmo mês, antecipou o pagamento de R$ 205 milhões do IGM SUS Paulista aos 645 municípios.
O Estado também investiu, no início do ano, para dar agilidade no resultado dos testes em até 70%, no Instituto Adolfo Lutz, com automatização dos exames com novos equipamentos. Responsáveis pelas ações de campo de combate aos vetores da dengue, os municípios receberam, desde o ano passado, suporte de mais de 600 equipamentos portáteis de fumacê para apoio às prefeituras.
Na última semana, a campanha publicitária “A água mais mortal pode estar no seu quintal” entrou no ar em diferentes mídias, TV, rádio, internet etc. Na última sexta-feira (1), o Governo promoveu o DIA D com a adesão de mais de 450 municípios e em cerca de cinco mil escolas públicas do Estado.
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