Casos de dengue explodem na RMC com 13,9 mil contaminados e cinco mortes
Número já é 378,5% mais alto que o registrado durante todo o ano de 2021; subnotificação de casos suspeitos por causa da Covid-19 pode justificar aumento
Beth Soares|Tribuna Liberal
Os casos positivos de dengue explodem nas cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas) com o registro de 13.958 pessoas contaminadas pela picada do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, de janeiro a agosto deste ano. O número de infectados já é 378,5% maior do que o identificado durante todo ano de 2021, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. No mesmo período, as mortes causadas pela dengue saltaram de uma, em 2021, para cinco nos primeiros oito meses deste ano, um crescimento de 400%.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, o enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti é uma tarefa contínua e coletiva e compete, primordialmente, aos municípios o trabalho de campo para coibir a ação do mosquito, conforme diretriz do SUS (Sistema Único de Saúde).
Para ajudar a enfrentar a doença, o governo estadual diz investir R$ 10,7 milhões para apoiar prefeituras no controle da dengue, zika e chikungunya. Os 291 municípios beneficiados, explica o órgão estadual, foram selecionados com base nos indicadores epidemiológicos e entomológicos. Os recursos serão utilizados em ações de combate à disseminação do mosquito transmissor e monitoramento dos casos notificados.
Na região de Campinas, foram investidos R$ 900 mil, destinados aos municípios de Americana, Holambra, Hortolândia, Lindoia, Monte Mor, Paulínia, Santa Bárbara d’Oeste e Santo Antônio de Posse, de acordo com o Estado.
Em Hortolândia, foram registrados, de janeiro a agosto deste ano, 1.055 casos positivos de dengue e um óbito, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. O número é 110,1% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 502 pessoas foram contaminadas pela doença.
A Vigilância Epidemiológica do município observa que, neste ano, Hortolândia teve maior número de casos suspeitos, com uma positividade de 38%. Já em 2021, foi registrado menor número de suspeitos, mas, com maior positividade, 43%.
“Isso, possivelmente, se deve ao fato da pandemia da Covi-19 permanecer como principal foco de investigação em 2021, possibilitando, talvez, uma subnotificação de casos suspeitos de dengue. Outra questão, é que o clima também pode ter contribuído para o aumento de casos este ano não só na nossa região como no Estado”, afirma o órgão por meio de nota da assessoria de imprensa.
Segundo a prefeitura, a ação casa a casa - de busca e eliminação de criadouros do Aedes aegypti-, também foi prejudicada pela resistência dos moradores em autorizar a entrada dos agentes de saúde, com receio dos riscos da transmissão da Covid-19.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Sumaré, de janeiro a agosto deste ano, foram confirmados 976 casos positivos de dengue. No mesmo período de 2021, foram 337. O crescimento de pessoas infectadas pela dengue é de 189,6%. Não houve registro de mortes.
Por meio da assessoria de imprensa, a Unidade de Controle de Vetores da Secretaria de Saúde de Sumaré ressaltou que os agentes de endemias trabalham com ações de conscientização contínuas. Durante o trabalho, são realizados o controle de criadouros com orientação, entrega de panfleto explicativo, inviabilização de criadouros e aplicação de larvicida, caso necessário.
“Neste período, as ações estão intensificadas em toda a região do Matão, área que apresenta índice maior de transmissão de casos positivos da doença até o momento”, diz a nota.
A prefeitura adianta que, no mês que vem, os agentes realizarão o Índice de Breteau em todo o município. Os dados obtidos nortearão as próximas regiões que necessitam de um trabalho mais intenso de combate e prevenção à dengue.
NOVA ODESSA
De janeiro a agosto de 2021, Nova Odessa teve 237 casos de dengue, com zero óbitos. Neste ano, foram registrados 282 casos, um aumento de 18,98% comparado ao mesmo período de 2021.
Mesmo com a situação sob controle, a equipe do Setor de Zoonoses não dá trégua ao pernilongo rajado e promove “arrastões” aos sábados, visitando milhares de imóveis (veja reportagem nesta página).
“A dengue mata, por isso não podemos descuidar. O ideal é manter limpos os quintais e locais que possam servir de foco do mosquito”, alerta a veterinária Paula Faciulli, encarregada do Setor de Zoonoses da Prefeitura de Nova Odessa.
Em Monte Mor, o Departamento de Comunicação da prefeitura informou que a cidade registrou de janeiro a agosto deste ano 69 casos positivos de dengue. O município não forneceu dados referentes ao mesmo período de 2021.
Chegada da primavera exige cuidado redobrado
A chegada da primavera, estação que mistura dias de chuva com temperaturas mais altas, exige cuidado redobrado no combate ao Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika, chikungunya, dentre outras doenças. O alerta é da UVZ (Unidade de Vigilância de Zoonoses), órgão da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Hortolândia.
Em caso de ocorrência de chuvas, a UVZ reforça a orientação para a população evitar o acúmulo de água parada, que é a condição favorável para a fêmea do Aedes aegypti depositar os ovos que darão origem a mais mosquitos. Por isso, é fundamental que as pessoas façam a retirada da água parada após as chuvas.
Mesmo após a cessação das chuvas previstas nos primeiros dias da Primavera, a UVZ alerta que a população deve manter os cuidados durante o período primavera/verão. Nestas estações, a temperatura começa a aumentar, condição propícia para que ocorra maior circulação e reprodução do mosquito, observa o órgão.
80% dos criadouros do mosquito transmissor estão nas casas
Oitenta por cento dos criadouros do mosquito Aedes aegypti estão nas casas. A constatação dos órgãos de saúde dos municípios da região serve de alerta para a população sobre a importância de cuidar do ambiente doméstico para evitar a proliferação do pernilongo rajado.
Manter o quintal limpo e descartar corretamente objetos que acumulam água são ações simples que ajudam a eliminar criadouros nas residências, segundo a veterinária Paula Faciulli, encarregada do Setor de Zoonoses da Prefeitura de Nova Odessa.
“Os criadouros podem estar nos quintais, dentro e ao redor das residências. Tarefas simples no dia a dia podem prevenir essas doenças. Também reforçamos a importância da destinação correta de resíduos, evitando o descarte irregular de lixo e entulhos em terrenos baldios, áreas verdes, ruas e calçadas”, orienta Paula.
A veterinária ressalta que “a redução de criadouros ainda é o melhor método para prevenir a proliferação de mosquitos e das doenças transmitidas por eles. “Isto porque cerca de 80% dos criadouros são domésticos, ou seja, estão nas moradias das pessoas”, reforça a especialista.
As equipes antidengue de Nova Odessa realizam visitas “casa a casa”, fazem ADL (Avaliação de Densidade Larvária) e removem possíveis criadouros, além de trabalho estratégico em locais considerados favoráveis à proliferação do mosquito, bloqueio e/ou nebulização em imóveis onde moram pacientes positivos e nos arredores. O órgão também notifica imóveis onde são encontradas larvas do Aedes.
A Prefeitura de Hortolândia salienta que a UVZ (Unidade de Vigilância em Zoonoses) realiza ação casa a casa, semanalmente, em todas as regiões da cidade. Agentes visitam os imóveis para fazer a busca ativa e a eliminação de possíveis criadouros do Aedes aegypti. O objetivo é eliminar o mosquito ainda na fase larval.
Além disso, o município também faz, periodicamente, a Análise de Densidade Larvária para verificar a quantidade de larvas do mosquito Aedes aegypti encontradas em imóveis. Em média 3 mil imóveis são visitados para coletar as amostras. O índice auxilia a prefeitura a definir estratégias de prevenção e combate ao mosquito.
Para complementar as ações de prevenção, agentes de educação ambiental percorrem todas as regiões de Hortolândia para ensinar a população a fazer o descarte correto de recicláveis e, assim, evitar a dengue.
O município informa que disponibiliza 12 PEVs (Pontos de Entrega Voluntária de entulho e outros materiais recicláveis) para o descarte correto de resíduos reaproveitáveis, em vários bairros da cidade.
“O combate ao Aedes aegypti é uma responsabilidade compartilhada pelo poder público e pela população. Por isso, a prefeitura salienta que é importante os moradores fazerem sua parte e colaborarem para evitar a proliferação do mosquito”, alerta a Secretaria de Saúde, por meio da assessoria de imprensa.
PREVINA-SE
- Deixe a caixa d’água bem fechada e realize a limpeza regularmente;
- Retire dos quintais objetos que acumulam água como garrafas PET, recipientes plásticos, baldes...
- Cuide do lixo, mantendo materiais para reciclagem em saco fechado e em local coberto;
- Elimine pratos de vasos de plantas ou use um pratinho que seja mais bem ajustado ao vaso;
- Coloque telas em ralos e mantenha-os limpos;
- Moradores de imóveis com laje exposta, sem telhado, devem retirar a água acumulada do local após a chuva
- Mantenha suas calhas limpas;
- Descarte pneus usados em postos de coleta da prefeitura
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