Calor e chuva fazem explodir casos de dengue na RMC em janeiro
Picada do mosquito Aedes aegypti transmitiu a doença para 2.147 pessoas no primeiro mês do ano na região de Campinas, segundo dados fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde; número é 20 vezes maior que no mesmo período de 2023, quando foram confirmados 102 casos
Beth Soares | Tribuna Liberal
Os números alertam para a necessidade de cuidado redobrado da população e do poder público no combate à dengue na RMC (Região Metropolitana de Campinas). Dados da SES (Secretaria de Estado da Saúde) apontam que em janeiro deste ano foram registrados 2.147 casos positivos de dengue na região, número 20 vezes maior comparado ao mesmo período de 2023, quando 102 pessoas pegaram a doença transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Prefeituras, governos estadual e federal se unem no combate à dengue e apelam para que a população faça a sua parte ao eliminar criadouros do inseto em casa.
Os dados fornecidos pela SES, a pedido do Tribuna Liberal, se referem às quatro primeiras semanas epidemiológicas do ano, encerradas no dia 27 de janeiro. Apesar da explosão de casos de dengue na RMC, não houve registro de morte pela doença, segundo a Secretaria.
Infectologistas afirmam que o calor intenso e as chuvas dos últimos meses estão entre os fatores que levaram ao aumento significativo de casos da doença na região e em todo o Brasil. A avaliação dos médicos é reforçada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, em pronunciamento exibido em rede nacional de rádio e TV, na última terça-feira (6/2).
“O calor recorde e as chuvas acima da média, desde o ano passado, aumentaram os focos do mosquito transmissor. Essa situação exige ações adicionais do Governo Federal, dos governadores, dos prefeitos e de toda a população”, destacou a ministra.
Nesta semana, o governador em exercício, Felício Ramuth, anunciou criação do COE (Centro de Operações de Emergências) de combate ao Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue, Chikungunya e Zika, que reúne diversas secretarias estaduais no combate ao Aedes aegypti. Um centro de operações com a mesma finalidade já foi colocado em funcionamento pelo governo federal para unificar ações de órgãos federais.
A primeira medida adotada no âmbito do COE foi a destinação de R$ 200 milhões do tesouro estadual às prefeituras dos 645 municípios paulistas para o enfrentamento direto ao mosquito, informa o governo do Estado. Outro suporte aos municípios é a disponibilização de 600 equipamentos portáteis de nebulização, o chamado fumacê.
De acordo com a Assessoria de Imprensa da SES, o governo investe, também, na capacitação de agentes de saúde, em atividades educativas em escolas e locais com grande aglomeração de pessoas. Além disso, implantou o Painel de Monitoramento Eletrônico de Dengue para que a população possa acompanhar a situação das arboviroses em todo o Estado por meio do endereço dengue.saude.sp.gov.br.
A ministra da Saúde enfatizou que o combate ao Aedes aegypti exige cuidados fundamentais no dia a dia, como tampar as caixas d’água, descartar o lixo corretamente, manter as vasilhas de água dos animais sempre limpas, guardar garrafas e pneus em locais cobertos e retirar água acumulada dos vasos e plantas.
“Nessa missão, conte com o trabalho fundamental dos agentes de combate às endemias. Receba-os, ajude-os na localização e na erradicação de possíveis focos do mosquito em sua casa e na sua vizinhança”, destacou Nísia Trindade, durante o pronunciamento nacional.
Segundo a ministra, o governo federal ampliou em R$ 1,5 bilhão o repasse de recursos para estados e municípios para intensificar as ações contra a dengue em todo o País. “É fundamental que os prefeitos e prefeitas intensifiquem os cuidados com a limpeza urbana, evitando o acúmulo de lixo e de água onde os mosquitos se proliferam. Da mesma forma, é essencial a ação dos governadores, apoiando seus sistemas de saúde”, assinalou Nísia Trindade.
NOVA ODESSA
No mês de janeiro, Nova Odessa registrou 30 casos positivos de dengue, conforme informações divulgadas no portal de notícias da Prefeitura. Para combater o mosquito, o Setor de Zoonoses da Secretaria de Saúde retomou, nesta semana, a nebulização veicular, ação conhecida como “fumacê”, em áreas onde há mais de um caso positivo.
A Prefeitura informou que agentes de endemias intensificam o trabalho de visitação casa a casa para recolher materiais que possam acumular água parada e orientam moradores de Nova Odessa sobre os cuidados diários. Aos sábados, a Prefeitura mantém os mutirões de recolhimento de “criadouros” e materiais inservíveis em geral.
HORTOLÂNDIA CONTRATA MAIS AGENTES DE SAÚDE E FECHA CERCO AO MOSQUITO
Hortolândia anunciou a contratação de mais 27 agentes de saúde para intensificar as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus. A Secretaria de Saúde informou, também, que reforça a visita de agentes a imóveis de todas as regiões da cidade para fazer busca ativa e eliminação de possíveis criadouros do mosquito ainda na fase larval.
De acordo com a UVZ (Unidade de Vigilância de Zoonoses), o resultado da ADL (Análise de Densidade Larvária), concluída na no final de janeiro, aponta que a cidade registrou o Índice de Breteau de 7,2, considerado alto. A ADL consiste na contagem de larvas de Aedes aegypti que são encontradas em imóveis da cidade. A contagem é feita por meio das visitas que os agentes da UVZ fazem às casas dos moradores. Em janeiro de 2023, a ADL medida na cidade foi de 6,4, também considerada alta.
De acordo com a UVZ, por meio da Assessoria de Imprensa, o município registrou em janeiro deste ano, 171 casos notificados de dengue, dos quais um positivo e nenhum óbito. Em janeiro de 2023, foram 122 notificações e 17 positivos.
Reforço: em Hortolândia, Prefeitura ampliou equipe de agentes de saúde para intensificar ações contra o Aedes
O gerente da UVZ, Ibraim Almeida, ressalta que o índice alto no verão é reflexo do calor intenso, condição que favorece a reprodução mais rápida do Aedes aegypti. “Além disso, tivemos uma grande quantidade de chuva no período, fator que também contribuiu para que índice medido fosse alto”, argumenta o gerente.
Em razão do índice alto registrado, o gerente Ibraim Almeida reforça para a população a importância de redobrar os cuidados para evitar o acúmulo de água parada nos quintais e nas áreas externas de suas casas, uma vez que 80% dos focos de criadouros do inseto estão nas casas das pessoas.
VACINAÇÃO COMEÇA EM ÁREAS PRIORITÁRIAS; REGIÃO FICA DE FORA
O Ministério da Saúde iniciou, nesta semana, a distribuição das vacinas contra a dengue que serão aplicadas em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A pasta informou ainda que o lote inicial será destinado à imunização de crianças de 10 a 11 anos. No Distrito Federal, a vacinação teve início na sexta-feira (9).
A previsão é que os 521 municípios, selecionados para realizar a imunização, recebam as doses para vacinar essa faixa etária até a primeira quinzena de março. Os municípios da RMC, dentre eles, Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor e Paulínia, ficaram de fora desta etapa porque não atendem aos critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério.
“Em 2024, as doses serão destinadas a regiões de saúde onde estão localizados municípios de grande porte (com população residente de mais de 100 mil habitantes) com alta transmissão nos últimos dez anos, maior número de casos em 2023 e 2024 e circulação do sorotipo 2 da dengue.”, explica nota da Assessoria de Imprensa do Ministério. De acordo com o governo federal, a vacinação avançará para outras idades assim que forem sendo entregues novas doses pelo fabricante da Qdenga, até alcançar todo o público-alvo de 10 a 14 anos.
“Com o recebimento das 6,5 milhões de doses disponíveis pelo laboratório em 2024, o Ministério da Saúde garantirá a vacinação de todo o público-alvo, de 10 a 14 anos, nos municípios selecionados, ao longo dos próximos meses, de forma progressiva”, afirma nota do Ministério. Para 2025, 9 milhões de doses que estavam disponíveis teriam sido compradas, segundo a Assessoria de Imprensa. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer vacina contra a dengue no sistema público de saúde.
COMO COMBATER O AEDES AEGYPTI
- Não deixe água parada, elimine os objetos em que o mosquito nasce e se desenvolve, para evitar sua procriação.
- Deixe sempre bem tampados e lave com bucha e sabão as paredes internas de caixas d’água, poços, cacimbas, tambores de água ou tonéis, cisternas, jarras e filtros.
- Plantas que possam acumular água devem ser tratadas com água sanitária na proporção de uma colher de sopa para um litro de água, regando no mínimo, duas vezes por semana. Tire sempre a água acumulada nas folhas.
- Não junte vasilhas e utensílios que possam acumular água
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