Saúde

Baixa vacinação é alerta para risco da volta da paralisia infantil

Assim como no Brasil, municípios da RMC (Região Metropolitana de Campinas) apresentam queda na cobertura de imunização contra a pólio nos últimos anos; situação preocupa Organização Pan-Americana de Saúde.

Assim como no Brasil, a cobertura vacinal contra a poliomielite está abaixo da meta na RMC (Região Metropolitana de Campinas), onde estão localizados os municípios de Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor e Paulínia. Em 2016, a cobertura vacinal, que era de 99%, caiu para 82,9% no ano passado. Os dados foram levantados pela Secretaria Estadual da Saúde a pedido do Tribuna Liberal. Diante da baixa cobertura, a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) alerta para o risco de a paralisia infantil voltar a contagiar pessoas no Brasil e avisa: é preciso imunizar mais crianças.

De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, a meta de vacinação contra a paralisia infantil é 95% para a imunização ser considerada eficiente. Em 2016, as cidades da RMC ultrapassaram a meta, com a imunização de 99,9% das crianças de zero a quatro anos de idade, percentual que caiu para 
88,9% (2017), 92,3% (2018), 84,5% (2019), 85, 9% (2020) e 82,9% em 2021 (veja quadro ao lado).

Na Região, os percentuais estão acima da média nacional, que registra 67% de cobertura vacinal, em 2021, e superior à média alcançada no Estado, 74,5% no ano passado. Segundo o Ministério da Saúde, desde 2016, a imunização tem ficado abaixo da meta de 95% (veja reportagem ao lado).

“O Brasil quase foi classificado como de altíssimo risco [para o retorno da pólio]. De todos os outros países classificados como de alto risco, ele é o que está mais próximo da categoria de maior risco”, afirma Luíza Arlant, presidente da Câmara Técnica de Certificação de Erradicação da Poliomielite no Brasil junto à Opas/OMS (Organização Mundial da Saúde), em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, nesta semana.

Segundo ela, a baixa cobertura vacinal é um dos principais fatores que colocam o Brasil em situação de risco para o retorno da doença, além do fraco sistema de vigilância sanitária. Isso porque quando a cobertura vacinal está baixa faz com que o vírus se dissemine na população.

No Brasil, o último caso de paralisia infantil foi registrado em 1989, na cidade de Souza (PB). Porém, casos da doença em países que estavam livres da enfermidade, há anos, a exemplo de Mulawai (África), justificam o alerta a países com baixa cobertura vacinal contra a doença, a exemplo do Brasil, segundo a OPAS.

“Não podemos retroceder. Evitar casos de poliomielite depende de ter uma população infantil altamente vacinada e uma forte vigilância da doença”, destaca Andrés de Francisco, diretor de Família, Promoção da Saúde e Curso de Vida da OPAS, em declaração divulgada no site da Organização.

Francisco observa que, durante a pandemia de Covid-19, iniciada em março de 2020, muitos esforços de controle foram suspensos e estima-se que as taxas de vacinação continuaram em declínio, uma tendência que começou antes mesmo da emergência de saúde pública.

“O recente caso de poliovírus selvagem na África é um lembrete de que, quando o vírus continua a circular, as crianças de todo o mundo correm 
risco”, alertou Andrés de Francisco. “Os países devem fazer todo o possível para garantir que as Américas permaneçam livres da doença, incluindo alta cobertura vacinal, um sistema de vigilância sensível e um plano atualizado de resposta a surtos de poliomielite”, conclui o diretor.

É PRECISO VACINAR

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, para ampliar a cobertura vacinal contra a pólio é preciso apoio da comunidade. “A vacinação é fundamental para proteger a população contra diversas doenças. A atualização da caderneta e a adesão às campanhas auxiliam no aumento das coberturas vacinais e, consequentemente, aumentam a proteção”, observa nota da Assessoria de Imprensa.

A vacina contra a poliomielite é aplicada aos 2, 4 e 6 meses de idade, com reforços aos 15 meses e aos quatro anos de idade. A Secretaria lembra 
que a vacina contra poliomielite está permanentemente disponível nos postos conforme Calendário Nacional de Vacinação, definido pelo Ministério da Saúde.

A orientação do órgão é que os municípios realizem busca ativa de seus faltosos para atualizar o esquema de vacinação. Para as crianças, é indicado o intervalo de 14 dias entre a aplicação da vacinação contra a Covid-19 e as demais vacinas do calendário.

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