Após denúncia de falta de remédios em Monte Mor, prefeitura abre sindicância
Entre medicamentos relatados que não são encontrados por pacientes nas unidades de saúde estão citalopram, sulfato ferroso, amoxicilina e ritalina; município nega, investiga e afirma que comprou sistema de identificação para fármacos
Paulo Medina | Tribuna Liberal
A vereadora Camilla Hellen (Republicanos) denunciou a falta
de medicamentos em unidades de saúde de Monte Mor e cobra mais transparência da
prefeitura quanto à compra e distribuição desses remédios. Camilla afirmou ter
recebido diversas reclamações de moradores que não conseguiram retirar
medicamentos essenciais nos postos de saúde, entre eles citalopram, sulfato
ferroso, amoxicilina e ritalina. A prefeitura nega a falta, diz que abriu
sindicância para apurar o caso e que comprou novo sistema de monitoramento de
medicamentos que será possível identificar em tempo real os remédios que estão
em falta em cada unidade.
Segundo a vereadora, a situação é preocupante e precisa ser
esclarecida com urgência. “A gente precisa saber o que realmente está
acontecendo. Porque, se tem o medicamento, [se] foi feita a aquisição, mas o
paciente vai no posto, vai no [Serviço de] Alto Custo, e não tem, a gente
precisa ver o que está acontecendo”, afirmou.
Em requerimento enviado à prefeitura, a parlamentar solicita
uma série de informações detalhadas sobre o controle e abastecimento dos
medicamentos na rede pública. Entre os dados pedidos estão: as datas de
recebimento dos medicamentos no almoxarifado central, as datas de distribuição
para as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), a lista completa dos medicamentos
adquiridos pelo município com suas respectivas quantidades, os quantitativos
entregues em cada UBS, e as notas fiscais das compras realizadas nos meses de
janeiro, fevereiro e março de 2025.
Além disso, a vereadora quer saber se a quantidade comprada
é suficiente para atender à demanda da população, por quanto tempo esses
estoques são planejados para durar e se existem registros mensais de entrada e
saída de medicamentos que possam ser fornecidos para análise.
A falta dos medicamentos compromete diretamente o tratamento
de pacientes. O citalopram, por exemplo, é um antidepressivo; o sulfato ferroso
é essencial no tratamento da anemia; a amoxicilina é um antibiótico amplamente
usado para infecções; e a ritalina é utilizada para o controle do Transtorno de
Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Conforme previsto na Lei Orgânica
do Município, a prefeitura tem prazo de 15 dias para responder ao requerimento,
podendo ser prorrogado por mais 15 dias, desde que com justificativa.
Recentemente, o Tribuna Liberal mostrou que a Secretaria
Municipal de Saúde publicou resolução alegando disciplinar a concessão de
medicamentos na cidade. A nova normativa tem o objetivo de garantir organização
na distribuição de medicamentos para os moradores. De acordo com a resolução do
secretário municipal de Saúde, Wagner Tegon, a medida visa otimizar os recursos
públicos e garantir que os pacientes recebam os medicamentos necessários
conforme a disponibilidade da rede municipal.
A resolução estabelece normas e procedimentos para a
retirada de medicamentos, como a obrigatoriedade de receita médica. “Os
medicamentos serão fornecidos apenas mediante apresentação de receita médica
válida, emitida por profissionais da rede pública ou particular. No caso de
prescrições particulares, os medicamentos devem constar na lista
disponibilizada pelo município”, diz. As receitas emitidas pelo SUS terão um
prazo de 60 dias para retirada dos medicamentos.
Somente pacientes residentes e domiciliados em Monte Mor terão direito à retirada, sendo necessária a apresentação de comprovante de residência atualizado e do Cartão SUS. Todas as receitas serão digitalizadas para registro no prontuário do paciente, permitindo um histórico de tratamentos e retiradas. A resolução entrará em vigor no dia 15 de abril.
OUTRO LADO
Questionada sobre a falta de remédios, a Secretária de Saúde
afirmou que os medicamentos citados não estão em falta e que todos estão
disponíveis tanto nos postos de saúde quanto no almoxarifado municipal.
“A prefeitura está ciente da reclamação dos pacientes e
informou que já abriu sindicância para investigar o que de fato está ocorrendo
para que os mesmos recebam a informação incorreta. Os pacientes podem denunciar
casos como estes indo pessoalmente na sede da Secretaria de Saúde. A reclamação
será anexada à sindicância e auxiliará na investigação dos fatos”, disse.
O Executivo afirmou ainda que adquiriu um novo sistema de
monitoramento dos medicamentos que entrará em funcionamento na rede municipal
de saúde em breve. “Com ele será possível identificar em tempo real qual
medicamento está em falta em cada unidade de saúde”.
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