Vereadores de Sumaré aprovam regras para diagnóstico da febre maculosa
Proposta apresentada pelo vereador Professor Edinho teve aval da Câmara Municipal quase um ano após a morte de Eduardo Brazilino Queiroz, de 13 anos, que não recebeu diagnóstico adequado; parlamentar quer prevenir equívocos
Da Redação | Tribuna Liberal
O plenário da Câmara de Sumaré aprovou nesta semana o
Projeto de Lei 239/2025, que estabelece diretrizes complementares para o
atendimento, diagnóstico e tratamento da febre maculosa no município. Chamada
de “Lei Eduardo Brazilino Queiroz”, a proposta faz menção ao adolescente de 13
anos que faleceu após contrair a doença, que não foi detectada em diagnóstico,
no ano passado, em Sumaré. Ele foi diagnosticado com dengue. O projeto, de
autoria do vereador Professor Edinho (Republicanos), entrou em votação em
regime de urgência e recebeu 20 votos favoráveis.
No texto do PL, são estabelecidos procedimentos que deverão
ser seguidos pelos profissionais da saúde, em conformidade com as normas
nacionais e estaduais, visando garantir a precisão, a eficácia e a agilidade no
manejo da febre maculosa. Para o diagnóstico da doença será necessário realizar
anamnese detalhada, incluindo histórico de exposição a áreas endêmicas e
contato com carrapatos, além de solicitar exames laboratoriais específicos, que
incluem hemograma completo, sorologia para Rickettsia spp., testes de função
hepática e exames de imagem.
A propositura determina que o atendimento a pacientes com
suspeita de febre maculosa deverá ser realizado em unidades de saúde que
estejam capacitadas para o manejo da doença. Com a suspeita levantada, mesmo
antes do resultado da sorologia solicitada pelo médico, o paciente ou
responsável poderá solicitar o tratamento de protocolo medicamentoso para a
patologia, com o objetivo de evitar a piora dos sintomas e reduzir o risco de
complicações graves.
Ainda de acordo com a proposta, os resultados dos exames
laboratoriais deverão ser interpretados em conjunto com os sinais, histórico de
exposição e sintomas clínicos do paciente, a fim de evitar diagnósticos semelhantes
aos de outras doenças como a dengue ou demais arboviroses, como a zika e a
chikungunya, cujos sintomas são muito parecidos.
Na justificativa do projeto, o autor menciona que “um dos
maiores desafios no manejo da febre maculosa é a semelhança de seus sintomas
iniciais com os de outras doenças. Essa similaridade muitas vezes leva a
diagnósticos equivocados, sem a devida comprovação clínica e laboratorial. Tais
erros podem resultar em tratamentos inadequados, agravamento do quadro clínico
e, em casos extremos, óbito. Diante desse cenário, nosso projeto visa
estabelecer diretrizes claras e complementares para o atendimento, diagnóstico
e tratamento dessa enfermidade em Sumaré. Esta lei busca garantir que os
profissionais de saúde atuem com base em evidências científicas e critérios
técnicos, promovendo um atendimento mais seguro e eficaz”, afirma Professor
Edinho.
O parlamentar fez uso da tribuna, durante a sessão, e
ressaltou que não gostaria de ter que fazer o uso da palavra por este motivo,
mas que “gostaria de estar no plenário para chamar Eduardo para receber uma
moção de aplauso ou um certificado de aluno destaque”, completou.
PAIS DO MENOR
Os pais do adolescente que dá nome à lei estiveram presentes
na reunião e receberam palavras de apoio do vereador. “Eu, como pai, me
sensibilizei com a história de vocês. Vocês perderam uma das maiores riquezas
que temos em nossas vidas, que são nossos filhos. Eu acredito que através desse
projeto poderão ser salvas muitas vidas, e o nome do Eduardo será perpetuado
como uma lei que garantirá que isso nunca mais ocorra na cidade de Sumaré”,
finalizou Edinho.
Ao Tribuna Liberal, a mãe de Eduardo, Ianca Brazilino
Queiroz, de 27 anos, moradora do Jardim Luiz Cia, defendeu a legislação como
forma de prevenção e conscientização. Em junho do ano passado, a família de
Eduardo denunciou ao Ministério Público possível erro médico na rede municipal
de saúde de Sumaré. Eduardo Brazilino de Queiroz morreu de febre maculosa, mas
foi tratado como caso de dengue. Os pais relataram aos médicos que suspeitavam
de febre maculosa, mas tal diagnóstico não foi considerado.
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