Política
Gestão Brischi recebeu críticas de conselheiros do TCE, que apontaram série de problemas

TCE emite parecer que rejeita as contas de Edivaldo Brischi no exercício de 2022

Conselheiros apontaram problemas na gestão fiscal e operacional de Monte Mor, citando demanda reprimida na educação infantil e longas filas para atendimentos especializados na saúde, além de atrasos em encargos sociais

Da Redação | Tribuna Liberal

O TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado) emitiu parecer desfavorável às contas de 2022 da Prefeitura de Monte Mor, sob a gestão de Edivaldo Brischi (PSD). A decisão, tomada pela Primeira Câmara do TCE, seguiu o voto do conselheiro e relator Antonio Roque Citadini, que apontou graves irregularidades e considerou que as contas “não estão em condições de aprovação”.

Em seu voto na 27ª Sessão Ordinária da Primeira Câmara, Citadini detalhou uma série de problemas na gestão fiscal e operacional do município, que embasaram o parecer desfavorável. Entre as principais questões destacadas pelo relator estão encargos sociais recolhidos com atraso e o consequente pagamento de juros e multas, caracterizando despesas impróprias e antieconômicas. A prefeitura atrasou o recolhimento das contribuições ao INSS (Instituto Nacional da Seguridade Social), referentes aos meses de novembro e dezembro de 2022 e ao 13º salário dos servidores. Esse atraso levou ao pagamento de R$ 251.466,64 em juros e multas, consideradas despesas evitáveis que oneraram os cofres públicos de forma indevida.

Outro ponto crítico foi a gestão do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Apesar de cumprir o percentual mínimo de aplicação dos recursos do fundo, a prefeitura não conseguiu quitar totalmente os restos a pagar de 2022, deixando um saldo de R$ 2.953,55. Além disso, verificou-se uma discrepância de R$ 859.677,74 na conta do fundo, o que levantou dúvidas sobre a correta aplicação dos recursos e feriu o princípio da transparência na administração dos valores públicos.

No campo do planejamento municipal, Monte Mor obteve classificação insuficiente, sendo avaliada pelo IEG-M (Índice de Efetividade da Gestão Municipal) no patamar ‘C’ pelo quarto ano consecutivo. O município apresentou ainda um elevado percentual de alterações orçamentárias ao longo do exercício, totalizando 32,08% da despesa inicialmente fixada, o que contraria as diretrizes do tribunal e demonstra instabilidade no planejamento financeiro da cidade.

A gestão de Brischi também foi criticada nas áreas de educação e saúde. No setor educacional, Monte Mor apresentou índices baixos nos critérios de qualidade operacional e enfrentou uma demanda reprimida na educação infantil, o que deixou crianças sem vagas em creches, caracterizando reincidência nos problemas de acesso à educação básica. Na área da saúde, o município registrou longas filas para atendimentos especializados, com espera superior a oito anos em alguns casos, além da falta de medicamentos essenciais para a população.

A questão da gestão de pessoal também foi motivo de reprovação. A prefeitura pagou remunerações acima do teto constitucional a dentistas e médicos, além de ter contratado servidores para cargos comissionados sem as exigências legais de qualificação e sem as características de direção, chefia ou assessoramento, o que contraria o artigo 37 da Constituição Federal e compromete o princípio da legalidade nos gastos com pessoal.

Diante de todas as irregularidades apontadas, o relator, em concordância com o Ministério Público de Contas e a Assessoria Técnico-Jurídica do Tribunal, recomendou a emissão de parecer desfavorável às contas de Brischi.

Como medida corretiva, o TCE-SP determinou que a unidade de fiscalização acompanhe a implementação de mudanças pela prefeitura, visando sanar os problemas destacados antes da próxima inspeção. A reprovação das contas de 2022 da Prefeitura de Monte Mor deve seguir para a Câmara Municipal, que terá o papel de analisar a gestão Brischi.

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