Novo Paço Municipal de Hortolândia será o 1º da RMC com usina de energia solar

Com investimento de R$ 55 milhões, Prefeitura construirá estrutura sustentável para abrigar o novo centro administrativo na região do Jardim Novo Ângulo

Hortolândia caminha para ser a primeira cidade da RMC (Região Metropolitana de Campinas) a ter o Paço Municipal com usina fotovoltaica própria para a produção de energia solar. O sistema abasteceria todo o complexo administrativo que será construído no Jd. Novo Ângulo. As obras do novo Paço Municipal estão previstas para começar no segundo semestre deste ano, conforme anunciado pelo prefeito Zezé Gomes (PL). O investimento está orçado em R$ 55 milhões e promete ser um marco no desenvolvimento econômico daquela região, onde estão localizados alguns dos bairros mais pobres da cidade (veja reportagem nesta página).
O novo Paço Municipal será construído em uma área de 60 mil m², propriedade da Prefeitura, na Avenida Sabina Batista de Camargo, antiga Estrada da Granja, localizada às margens do Corredor Metropolitano, próximo à Ponte Estaiada.
De acordo com a Secretaria de Planejamento Urbano e Gestão Estratégica, o prédio terá 10 mil m² de área construída, espaço suficiente para abrigar todas as secretarias de governo, departamentos e órgãos de atendimento ao público que, atualmente, funcionam em prédios alugados. Cerca de 2 mil servidores trabalharão no local. A metragem remanescente, informa a Prefeitura, será aproveitada para a construção de estacionamento e jardins.
“O novo prédio foi pensado para reduzir os custos fixos que a Prefeitura mantém hoje com a infraestrutura para seu funcionamento. O primeiro ponto importante é que, imediatamente, o município terá uma grande economia, deixando de pagar os aluguéis de imóveis que hoje sediam de forma descentralizada diversas secretarias e órgãos municipais”, afirma o secretário de Planejamento Urbano e Gestão Estratégica, Carlos Roberto Prataviera Júnior.
O diferencial do moderno projeto arquitetônico é a estrutura ecologicamente correta. O novo Paço Municipal será abastecido de energia elétrica por meio de usina fotovoltaica própria para produção de energia solar. De acordo com Prataviera Júnior, as placas serão instaladas como uma cobertura para o estacionamento.
“Essa usina produzirá energia suficiente para abastecer todo o paço, em pleno funcionamento, e o excedente produzido será transmitido à rede elétrica da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) para compensações futuras. Com isso, reduziremos ao mínimo a conta de energia do Paço, otimizando recursos naturais abundantes em Hortolândia, que recebe insolação suficiente o ano todo”, explica o secretário.
Prataveira Júnior ainda não sabe estimar qual o percentual de redução de custos a partir da utilização da energia solar. Segundo ele, os dados estão em levantamento por uma empresa contratada para este fim.
O projeto arquitetônico também prevê a instalação de cisternas para que as águas da chuva sejam armazenadas e utilizadas na manutenção dos jardins e limpeza do paço municipal.
A Prefeitura informou que o prédio será edificado com estruturas pré-fabricadas, que garantem maior confiabilidade no cumprimento do cronograma da obra. “Assim, pretendemos reduzir e eliminar custos indiretos, desperdício de material e ociosidade de pessoal. A obra fica mais rápida e sem surpresas no orçamento final”, enumera o secretário.
Dos R$ 55 milhões a serem investidos no novo Paço Municipal, R$ 5 milhões serão destinados à implantação da usina para geração de energia solar. De acordo com Prataviera Júnior, os recursos foram captados por meio do Finisa (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento), da Caixa Econômica Federal. A Câmara de Vereadores aprovou o empréstimo em agosto do ano passado. Já a usina fotovoltaica será construída com os recursos da CIP (Contribuição de Iluminação Pública).

Prataviera Júnior: usina de energia solar e cisternas são diferenciais do projeto arquitetônico do novo Paço Municipal

Hortolândia é exemplo para região, afirma gerente técnica do Consórcio PCJ
Para a gerente técnica do PCJ (Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Jundiaí), a cientista biológica Andréa Borges, especialista em ecologia, Hortolândia serve de exemplo para a região pelo projeto de construir o paço municipal com estrutura sustentável.
“Quero parabenizar a Prefeitura de Hortolândia. Tanto as cisternas quanto as placas solares fotovoltaicas são importantes, tendo em vista a situação hídrica da nossa região”, observa a gerente técnica do PCJ.
Andréa ressalta os benefícios dos dois equipamentos para a preservação dos recursos hídricos. “As cisternas vão garantir o armazenamento das águas da chuva para as atividades do paço que não precisam da utilização da água potável. E a energia fotovoltaica também é muito importante porque a geração de energia em nosso país é, majoritariamente, por hidrelétrica, então, a gente precisa de água para produzir energia. Com as placas fotovoltaicas utiliza-se somente a energia do sol, sem necessidade de água para produzir energia”, explica.
“Não tenho conhecimento de outro paço municipal aqui da região que tenha essa estrutura sustentável. Isso é um exemplo para outras cidades, construções, não só prédios públicos, mas indústrias, loteamentos, condomínios… Todos nós temos que começar a investir nessas tecnologias sustentáveis”, destaca Andréa.
A gerente técnica do PCJ defende a criação de políticas públicas e incentivos fiscais que facilitem a aquisição de equipamentos para instalação de cisternas e sistemas de energia solar. “Assim, a gente poderá ter, no futuro, todos os prédios e casas mais sustentáveis”, acredita.
Andréa aproveitou para convidar a população para visitar a casa sustentável do Consórcio PCJ, em Americana, que apresenta formas de economia de água e energia elétrica. A visita pode ser agenda pelo site www.agua.org.br.

Projeto teve início em 2006, com concurso arquitetônico nacional
O projeto para construção do novo Paço Municipal de Hortolândia teve início em 2006, 16 anos atrás, na primeira gestão do então prefeito Angelo Perugini, morto em abril de 2021, vítima da Covid-19. Na época, Perugini inovou ao realizar um concurso nacional para escolher o projeto arquitetônico do centro administrativo, já programado para ser erguido na região do Jd. Novo Ângulo. O vencedor do concurso foi o arquiteto paulistano Baldomero Navarro.
De lá pra cá, o Paço Municipal já mudou de endereço uma vez. Em 2009, deixou de funcionar no prédio anexo ao hipermercado GoodBom, na avenida da Emancipação, e passou a atender no Palácio das Águas, localizado na Avenida Olívio Franceschini, onde está até hoje. O objetivo da mudança era concentrar todas as secretarias de governo num único local e facilitar o acesso da população.
Agora, o prédio ficou pequeno de novo diante do crescimento da cidade, cuja população aumenta uma média de 2% ao ano, segundo o IBGE. Algumas secretarias como a de Mobilidade Urbana, Serviços Urbanos, Cultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável já tiveram que mudar para prédios fora do Palácio das Águas.
Com outras prioridades para atender a população, o projeto do novo Paço Municipal, criado por Perugini, ficou adormecido por falta de recursos financeiros. Agora, será concretizado pelo prefeito Zezé Gomes, com um projeto arquitetônico bem diferente do sugerido pelo arquiteto que venceu o concurso em 2006.
“O antigo projeto, em decorrência do tempo e em razão de seu elevado custo, foi repensado para uma estrutura menos onerosa aos cofres públicos, com uma visão moderna e sustentável que permanecerá atual por muitos anos”, explica o secretário de Planejamento Urbano e Gestão Estratégica, Carlos Roberto Prataviera Júnior.

De olho no futuro: Perugini, em 2006, durante visita à área onde será construído o Paço Municipal

Câmara de Paulínia também se prepara para produzir energia solar
Em Paulínia, a Câmara de Vereadores pretende concluir, até abril, as obras necessárias para colocar em funcionamento o sistema de geração de energia solar. De acordo com a assessoria de imprensa, as obras de infraestrutura já foram concluídas. A próxima etapa será o início da instalação do sistema.
A assessoria destacou que a produção de energia solar faz parte do programa de metas e prioridades do atual presidente do Legislativo, o vereador Fábio Valadão (PL). O valor do investimento será cerca de R$ 1,4 milhão.
As placas serão instaladas em cima das telhas do estacionamento do Legislativo. A usina de energia solar terá capacidade para produção de 338,6 MWh/ano. Com isso, a Câmara espera uma redução de aproximadamente 85% da conta de energia que, atualmente, é de R$ 24 mil mensais.
Para o meio ambiente os ganhos projetados também são grandes. “Estima-se a redução de 42 toneladas, por ano, de emissão de CO2 na camada atmosférica, o que equivale a 3.365 árvores plantadas por ano. Ao longo de 30 anos, a Câmara Municipal de Paulínia espera contribuir com a diminuição de 1.260t de CO2 lançados na atmosfera, que é equivalente a 100.950 árvores plantadas”, afirma Valadão, por meio da Assessoria de Imprensa.

Ecologicamente correto: imagem projetada das placas de energia solar que serão instaladas no telhado do estacionamento da Câmara de Paulínia

Prefeitura quer levar riqueza para ‘prima pobre’ da cidade
Ao dar continuidade ao projeto de implantar o Paço Municipal na região do Jardim Novo Ângulo, o prefeito Zezé Gomes quer levar desenvolvimento econômico e social para o território, um dos mais pobres da cidade.
Diagnóstico realizado pela Prefeitura em parceria com o Observatório da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica), cujos dados foram divulgados no ano passado, aponta que o desenvolvimento registrado em Hortolândia, nos últimos anos, ainda não chegou à região do Novo Ângulo.
O relatório mostra que 54% das famílias daquela região, cadastradas no CADÚnico atendidas pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), sobrevivem com uma renda per capita de R$ 89. Para outros 22%, a renda familiar per capita varia de R$ 179 a meio salário-mínimo (R$ 606). Os números destoam das estatísticas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que revelam que o salário médio mensal dos trabalhadores de Hortolândia, com carteira assinada, é de quatro salários-mínimos (R$ 4.848).
Com os serviços públicos funcionando naquele local, por meio da construção do Paço Municipal, o prefeito acredita na movimentação do comércio local e atração de novos investimentos.
“Quero pedir para vocês investirem naquela região que vai se desenvolver muito com a construção do novo Paço Municipal. Já está se desenvolvendo com os investimentos públicos realizados com as obras do Corredor Metropolitano e da Ponte Estaiada”, disse Zezé Gomes a empresários, durante jantar beneficente, em fevereiro.
Prataviera Júnior completa que a instalação do novo Paço Municipal levará consigo aproximadamente 2 mil servidores municipais, que geram demanda de consumo para o ramo de prestação de serviços e o comércio varejista em geral na região do Novo Ângulo.
“Com a centralização do serviço público no novo Paço, a Prefeitura desloca um dos maiores empregadores da cidade (ela mesma) para uma região antes desconectada da cidade. O impacto será sentido positivamente por muitos anos. Já recebemos pedidos para novos loteamentos comerciais e residenciais naquele local e a previsão é de que novos virão”, comemora o secretário.

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