Política
Dona Maria, 83 anos, diz que vai utilizar a força do voto

Municípios registram aumento de eleitores com mais de 60 anos de idade

Nestas eleições, 99.725 idosos de Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor e Paulínia devem ir às urnas; 23,29% a mais que no pleito de 2018, segundo o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo

O número de eleitores com mais de 60 anos de idade aumentou na região (Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor e Paulínia) se comparado com as eleições gerais realizadas em 2018. Dados estatísticos do TRE- SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) mostram que, em 2018, os idosos representavam 14,87% do eleitorado da região. Neste ano, são 18,33%. Nas cinco cidades da região, 543.819 pessoas estão aptas a votar no dia 2 de outubro.

Nestas eleições, 99. 725 idosos da região com faixa etária acima dos 60 anos de idade estão habilitados para escolher candidatos a presidente, governador, deputados (federal e estadual) e senador. Em 2018, o eleitorado idoso era formado por 80.882 pessoas. O aumento de uma eleição para outra é de 23,29%, aponta o TRE-SP.

Entre as cidades de cobertura do Tribuna Liberal, Hortolândia é o município que mais ampliou o número de eleitores idosos. Em 2018, essa população era formada por 22.941 idosos, agora são 30.286. Em Monte Mor, o eleitorado idoso saltou de 6.964 para 8.369; Nova Odessa de 8.613 para 10.204; Paulínia de 11.315 para 14.451 e Sumaré de 31.049 para 36.415.

Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que o eleitorado está cada vez mais velho em todo o País. Nestas eleições, a faixa etária superior a 60 anos de idade representa 21% do eleitorado. Em 1994, primeira eleição presidencial em que o órgão contabilizou dados do eleitorado por faixa etária, o percentual era de 11,6%.

De acordo com o Tribunal, o crescimento é verificado também entre as eleitoras e eleitores com mais de 70 anos de idade, cujo voto não é mais obrigatório. Em 2018, essa parcela de eleitores somava pouco mais de 12 milhões de pessoas, número que saltou para 14.893.273 em 2022, o que equivale a um crescimento de quase 24%.

Dona Maria Taveira, 83 anos de idade, moradora do Jardim Santa Clara, em Hortolândia, é um dos idosos que vão à urna exercer a cidadania. Para ela, o voto é a única ferramenta para transformar a realidade socioeconômica do país, que interfere na qualidade de vida dos aposentados.

“Meu vizinho tem 91 anos e disse que vai votar, meu marido tem 87 anos e vai votar e eu tenho 83 e vou votar porque queremos a transformação do nosso País. E nós, os idosos, aposentados, estamos sofrendo porque o dinheiro da aposentadoria não alcança a inflação. O idoso está sofrendo muito com a questão de alimentação, os convênios médicos estão caros. Nunca estivemos num país com tanta dificuldade como neste momento, então, o idoso é uma das pessoas que mais sentem essa situação. O voto é importante para mudar o país”, afirma dona Maria.

A aposentada na área de saúde e pedagoga já tem bem definidos os critérios na hora de escolher o candidato a presidente. “Temos que colocar um governo lá que entenda que todo ser humano é igual e merece respeito. E que a terceira idade fez história neste país e está sofrendo com toda essa situação, essa falta de respeito nos ônibus, nas repartições públicas porque o nosso principal governante não tem uma ética de amor, então, a gente sofre com esse desrespeito e a situação socioeconômica que está muito difícil”, desabafa dona Maria.

Para o presidente do Conselho Municipal dos Direitos dos Idosos de Hortolândia, José Piveta, 72 anos, “a população idosa tem crescido cada vez mais e o voto consciente se faz necessário para a criação de políticas públicas que proporcionem um envelhecimento saudável e com qualidade de vida para esses cidadãos”. “É preciso promover o resgate, a confiança, a credibilidade na participação da pessoa no processo democrático”, observa Piveta.

Terceira idade coloca em pauta seguridade social e saúde

Em entrevista ao Portal G1, a professora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e presidente da Abrapel (Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais), Helcimara Telles, o envelhecimento da população dá maior relevância a temas com seguridade social, que afetam diretamente quase toda a população idosa do país.

“O crescimento dessa população aumenta a necessidade de Sistema de Saúde, de subsídios aos remédios próprios da população da terceira idade e coloca, no futuro, uma preocupação maior às pessoas que chegam a 50, 60 anos, na aposentadoria”, comenta Helcimara.

De acordo com a Constituição Federal, o voto no Brasil é obrigatório para todo cidadão, nato ou naturalizado, alfabetizado, com idade entre 18 e 70 anos. O voto é facultativo para os jovens com 16 e 17 anos, para as pessoas com mais de 70 anos e para os analfabetos.    

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