Mais de 112, 6 mil eleitores da região deixaram de votar no primeiro turno
Beth Soares|Tribuna Liberal
No primeiro turno das eleições realizado dia 02 de outubro, 112.697 eleitores da região (Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor e Paulínia) deixaram de votar para presidente, governador, deputados (federal e estadual) e senador. O índice de abstenção é 9,92% maior que nas eleições gerais de 2018, quando 102.521 eleitores dessas cidades renunciaram ao voto.
Monte Mor aparece com o maior índice de abstenção. No município, 11.129 eleitores faltaram à urna, o que equivale a 23,43% do eleitorado, formado por 47.499 pessoas. Em seguida, está Sumaré, onde 42.490 eleitores deixaram de votar, o que corresponde a 21, 42% do total de 198.403 eleitores.
Hortolândia, com 165.269 eleitores, registra o menor índice de abstenção, 19,77%, com 32.669 pessoas faltosas. Em Paulínia, 16.830 pessoas preferiram ficar ausentes das urnas, número que corresponde a 19,98% dos 84.252 eleitores. Em Nova Odessa, 9.579 eleitores não compareceram para votar, 20% do total do eleitorado de 47.897 pessoas.
Mas por que tanta gente deixa de votar? O cientista político Vitor Barletta Machado, da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica), explica que, em geral, o eleitor que se afasta do processo eleitoral com a justificativa da desilusão com a classe política. “Dizem não acreditar que a política possa mudar alguma coisa, que os políticos são todos iguais. Só que não significa que esse é o eleitor bem-informado”, observa o especialista.
Barletta assinala que, muitas vezes, o eleitor que se abstém ao voto repete exatamente as mesmas fake news (notícias falsas) que pessoas que estão participando do processo eleitoral reproduzem. “Então, não há uma regra aqui (para justificar a abstenção). É mais uma sensação de desilusão com a política”.
Para o especialista, o alto índice de abstenção ao voto fortalece a polarização na campanha eleitoral. “Isso porque os candidatos que tentam se apresentar como vias alternativas à política não vão poder contar com esses votos. Então, num cenário polarizado como esse que estamos, o eleitor que se abstém apenas fortalece essa polarização. O que vai acontecer é que esse discurso mais intenso vai ficar mais visível, ter mais espaço no pleito”, afirma o cientista referindo-se a disputa presidencial entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL); e à corrida eleitoral ao governo do Estado por Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Pessoas que estão querendo chegar à vitória e estejam em desvantagem vão tentar correr atrás desse eleitor para poder ter esse voto e tentar virar o jogo. Mas pessoas que estão à frente também vão querer o voto desse eleitor para garantir essa vitória. Digamos que a participação é sempre buscada como estratégia dos dois lados”, avalia.
SEGUNDO TURNO
O índice de abstenção tende a aumentar ou diminuir no segundo turno? Barletta contextualiza que há uma tendência histórica de aumento da participação do eleitorado no segundo turno das eleições, porém, é difícil antecipar o que vai acontecer.
“Há uma tendência de que seja um pouquinho maior a participação, mas diante de um cenário como o nosso, nada é garantido”, conclui o cientista político.
Faltosos podem e devem votar no segundo turno, orienta TSE
Eleitores que não votaram no primeiro turno das eleições podem ir às urnas na segunda etapa do pleito, no próximo domingo (30/10), caso estejam em situação regular com a Justiça Eleitoral. A orientação é do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Segundo o órgão, mais de 156 milhões de brasileiros estão aptos a votar e decidir quem será o presidente da República e governador do Estado.
O TSE explica que cada turno de votação é uma eleição independente, e o não comparecimento à primeira etapa de votação não impede o comparecimento às urnas no segundo turno. O eleitor que não compareceu na primeira etapa é obrigado a justificar a ausência no prazo de 60 dias. A mesma regra vale para o cidadão que não votar no segundo turno.
“De qualquer forma, o eleitor que ainda não tiver justificado sua ausência no primeiro turno não está impedido de votar no segundo turno. Pode e deve votar”, informa nota do TSE. A justificativa, orienta o Tribunal, pode ser apresentada por meio do aplicativo e-Título, que pode ser baixado nas plataformas Android e iOS; Sistema Justifica, que pode ser acessado nos Portais da Justiça Eleitoral; Formulário Requerimento de Justificativa Eleitoral (pós-eleição) - formato PDF.
O eleitor que deixar de justificar a ausência terá que pagar multa para ficar em dia com a Justiça Eleitoral. Os valores da multa variam entre R$ 1,05 e R$ 3,51.
Além da multa, os faltosos ficam impedidos de tirar passaporte ou carteira de identidade, obter a certidão de quitação eleitoral; fazer inscrição em concurso público, tomar posse de cargos de função pública, dentre outros. Em 2022, os prazos para a apresentação da justificativa são até 1º de dezembro, para ausências no primeiro turno, e até 9 de janeiro de 2023 para faltosos no segundo turno.
Biometria fornecida pelo Denatran foi validada em 90% dos casos em SP
Cerca de 90% dos eleitores de São Paulo cuja biometria havia sido fornecida à Justiça Eleitoral pelo Denatran e que foram às urnas no primeiro turno conseguiram votar usando a impressão digital, mesmo sem terem comparecido a um cartório eleitoral para registrar os seus dados biométricos. Isso foi possível por meio do projeto para Importação de Biometrias de Órgãos Externos – Bioex, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Esse compartilhamento da biometria do eleitorado com a Justiça Eleitoral seguiu todos os requisitos previstos na LGPD (Lei geral de Proteção de Dados). Entre os que tiveram os dados biométricos habilitados pelo Bioex no Estado e compareceram para votar, 71,91% tiveram sucesso na primeira tentativa, 16,47% na segunda, 7,81% na terceira e 3,81% na quarta.
O uso da biometria na votação é um recurso da Justiça Eleitoral para tornar a votação mais segura, impedindo que uma pessoa vote no lugar de outra. Em tese, esse processo de identificação pode ser um pouco mais lento do que o tradicional (por meio de um documento pessoal com foto). Mas, segundo dados do TSE, o tempo médio que os mesários levaram para a habilitação do eleitor em São Paulo foi de apenas 22,74 segundos, incluindo todos os métodos de identificação.
Houve registro de filas no Estado, mas todas as possíveis causas estão sendo analisadas. Outra possibilidade é o grande afluxo de eleitores na seção nos mesmos horários, principalmente na hora do almoço, por volta das 11h até as 14h. “Estamos estudando todos os dados para procurar minimizar os problemas no segundo turno e nas próximas eleições”, afirma o presidente do TRE-SP, desembargador Paulo Galizia. As filas, no entanto, não atrasaram o encerramento da votação – mais de 90% das urnas foram encerradas até as 17h30.
No segundo turno em São Paulo, como a votação será apenas para dois cargos (presidente e governador), o tempo de votação tende a ser menor. No primeiro turno, foi preciso votar para cinco cargos: presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. O tempo médio de votação no primeiro turno no estado foi de 57 segundos.
Os eleitores que tinham biometria fornecida pelo Bioex e não compareceram para votar no primeiro turno poderão ter seus dados validados no segundo turno. Quem não conseguiu validar a biometria no primeiro turno também vai poder tentar de novo. Serão feitas novamente quatro tentativas, da mesma forma que no primeiro turno.
No Estado de São Paulo, 4.295.457 eleitores tiveram seus dados fornecidos à Justiça Eleitoral pelo Denatran. Desse total, compareceram 3.159.563, e 2.789.156 tiveram os seus dados validados (88,28%). Entre todos os eleitores que votaram com biometria, 55,22% tiveram sucesso com o dedo indicador direito, 34,29% com o polegar direito, 5,32% com o indicador esquerdo e 5,17% com o polegar esquerdo.
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