MP-SP abre investigação contra Cazellato para apurar prováveis crimes licitatórios e ambientais
Órgão instaurou procedimento investigatório criminal diante de possíveis irregularidades na execução e licenciamento de obras viárias, como a que interliga as avenidas João Aranha e dos Trabalhadores
Da Redação | Tribuna Liberal
O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) iniciou
um procedimento investigativo para apurar denúncias contra o prefeito de
Paulínia, Du Cazellato (PL). A investigação, visa esclarecer possíveis crimes
em licitações e impactos ambientais na cidade.
A investigação do MP-SP abrange supostas irregularidades na
execução e licenciamento de uma obra viária que interliga as avenidas João
Aranha à dos Trabalhadores, incluindo a construção de uma ponte estaiada sobre
o rio Atibaia. Segundo a denúncia, a obra teria sido iniciada sem a emissão da
Licença de Instalação obrigatória, configurando, em tese, uma transgressão
ambiental e potencialmente comprometendo o patrimônio público.
Relatos também indicam que o processo legislativo que
culminou na aprovação da lei municipal 3.805/20, que regulamentou o
licenciamento ambiental na cidade, pode ter ocorrido sem o devido cuidado
legal. Essa norma, posteriormente considerada inconstitucional pelo TJ-SP
(Tribunal de Justiça de São Paulo) em setembro de 2023, teria sido utilizada na
aprovação da obra.
A representação, apresentada por Rogério Nubor, ex-membro do
Conselho Municipal de Meio Ambiente, questiona a capacidade do município de
atuar como licenciador ambiental de impacto médio. A principal alegação é de
que a prefeitura, ao validar a obra viária e a ponte estaiada, desconsiderou
condicionantes ambientais, como as estipuladas na resolução do Consema
(Conselho Estadual do Meio Ambiente) de 2018, colocando em dúvida a aptidão da
cidade para conduzir processos de licenciamento ambiental.
A decisão do MP-SP em instaurar o PIC (procedimento
investigatório criminal) veio após a análise dos documentos encaminhados à
Procuradoria-Geral de Justiça. Esses documentos destacam que a própria
promotoria local teria arquivado um procedimento similar em 2022. O
arquivamento gerou questionamentos, visto que a análise técnica necessária à
segurança ambiental não havia sido finalizada.
Para o acompanhamento do caso, a procuradoria solicitou ao
Tribunal de Justiça de São Paulo que uma das Câmaras Criminais supervisione a
investigação e monitore os prazos legais para conclusão. A investigação deverá
esclarecer, entre outros pontos, se as obras e o processo legislativo da lei
municipal 3.805/20 foram conduzidos dentro da legalidade e se o município
poderia atuar com autonomia em questões ambientais de impacto médio.
Caso confirmadas as irregularidades, os responsáveis pela
aprovação e execução das obras podem responder por crimes contra o meio
ambiente e por desrespeito às normas licitatórias e de responsabilidade
administrativa. O prefeito Du Cazellato ainda não se pronunciou sobre o caso.
“Providencie a zelosa serventia: a comunicação da
instauração deste PIC ao Tribunal de Justiça, distribuindo-se cópia integral
dele e da presente Portaria a uma das Câmaras Criminais, para supervisão e
controle de prazos (...) Esgotado o prazo para prosseguimento das
investigações, postula-se, após distribuição, ao relator pela concessão de 90
dias para conclusão, uma vez que pendente a apuração sobre a existência do
mínimo de elementos sobre a ocorrência de irregularidades na obra do Sistema
Viário de interligação da avenida João Aranha com a avenida dos Trabalhadores e
na obra de arte especial do tipo ponte estaiada sobre o rio Atibaia, e que
estas envolvam o Chefe do Poder Executivo de Paulínia; após a concessão do
prazo, determina-se monitore a zelosa serventia o expediente instaurado pela
Promotoria com atribuição na Defesa do Patrimônio Público e Social, no qual
notificou-se o prefeito e o secretário municipal do meio ambiente para que
prestassem esclarecimentos”, diz portaria assinada pelo procurador de Justiça,
Rodrigo Canellas Dias e pelo promotor de Justiça Assessor, Luiz Fernando
Gagliardi Ferreira.
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