Política
Prefeito de Sumaré demitiu centenas de comissionados da gestão anterior

Henrique do Paraíso exonera 475 comissionados da gestão Dalben e sinaliza enxugamento da máquina

Paulo Medina | Tribuna Liberal

Com exonerações em massa realizadas, novo prefeito de Sumaré expõe mais uma vez rompimento político com o ex-prefeito Luiz Dalben; já na transição de governo, Henrique demonstrava que não seguiria com nomes de ex-mandatário

Paulo Medina | Tribuna Liberal

Horas depois de assumir o cargo, o prefeito de Sumaré, Henrique do Paraíso (Republicanos), publicou uma portaria exonerando, de uma só vez, 475 servidores comissionados ligados à gestão anterior, liderada por Luiz Dalben (PSD). A série de exonerações foi oficializada por meio da portaria nº 038, publicada em 3 de janeiro, marcando o início do novo ciclo político na cidade.

A lista de exonerados inclui nomes associados à família Dalben e a Willian Souza, candidato do PT derrotado no último pleito e apadrinhado político do ex-prefeito no segundo turno. Em entrevista coletiva recente, Henrique chegou a dizer que a máquina pública precisa ser enxugada em Sumaré e haveria necessidade de uma medida de reorganização administrativa, uma vez que os exonerados são figuras de confiança do antigo governo.

Ao confirmar as exonerações em massa, Henrique expõe a força do rompimento com o ex-prefeito e seu grupo político. A decisão deve gerar impactos no cenário político local. Logo na transição de governo, Henrique apontou desafios da sua gestão. Isso porque um levantamento revelou problemas financeiros, déficit de servidores públicos, obras paralisadas e dificuldades em áreas essenciais, como saúde, educação e segurança pública.

A dívida consolidada total da Prefeitura de Sumaré atinge R$1,4 bilhão, equivalente a 93% do orçamento previsto para 2025. Tal situação financeira, na visão do governo eleito, limita a capacidade de investimentos em novos projetos. Além disso, a nova administração informou que herdará uma dívida de R$200 milhões referente ao ano de 2024 e precisará arcar com R$ 25 milhões em precatórios.

Outro ponto abordado pela equipe de transição do prefeito é o déficit de R$474,5 milhões no regime de previdência municipal. Há também atrasos médios de dois meses nos pagamentos de fornecedores e prestadores de serviço, e contratos vencidos ou próximos de vencer ameaçam a continuidade de serviços públicos, segundo o novo mandatário.

NOVA EQUIPE

No último dia 2, Henrique apresentou sua equipe de secretários. O prefeito afirmou que o quadro do time é técnico e anunciou uma auditoria geral nos contratos públicos e na gestão financeira do município.

“Infelizmente, tenho dados técnicos que nos últimos quatro anos da nossa cidade, ao invés de crescer, ela encolheu. Nós, de 2020 para 2024, perdemos quase R$300 milhões de arrecadação entre ICMS e outros fundos de transferência. Agora com esse trabalho a gente vai atrair novas empresas, atrair novos investimentos, fazer a expansão econômica do nosso município, principalmente às margens da Rodovia dos Bandeirantes, criar o nosso polo tecnológico e industrial da cidade de Sumaré”, disse o prefeito na ocasião.

COMÉRCIO

Henrique disse ainda que pretende revitalizar o comércio local com a recuperação de calçadas, melhoria na iluminação pública e implementação de sistemas de monitoramento. O chefe do Executivo iniciou a revisão do contrato da Zona Azul, sistema de estacionamento rotativo que tem sido alvo de críticas, especialmente após o aumento das tarifas na gestão anterior. A Zona Azul tem sido vista como um “desestímulo” ao comércio da cidade.

PARAÍSO ANULA DECRETO DE SINDICÂNCIAS E PROCESSOS ADMINISTRATIVOS EM SUMARÉ  

O prefeito Henrique do Paraíso (Republicanos) revogou, por meio do Decreto nº 12.445, a Comissão Permanente responsável por sindicâncias e processos administrativos disciplinares no município. A decisão anulou em seu inteiro teor o Decreto Municipal nº 9720, de 2015, que estabelecia as diretrizes para a condução desses processos.

A revogação da comissão representa mais uma das decisões de Paraíso voltadas à reestruturação da administração municipal. Desde sua posse, o prefeito tem adotado uma postura de ruptura com práticas estabelecidas em gestões anteriores, o que inclui exonerações em massa e a reformulação de políticas públicas.

Nos bastidores, a medida é interpretada como parte de um esforço para desmantelar estruturas administrativas associadas à gestão Dalben. A anulação das sindicâncias e processos administrativos conduzidos pela antiga comissão abre caminho para a criação de novos mecanismos ou mesmo para a centralização dessas atividades.  

PREFEITO REVOGA COMISSÃO DO TRANSPORTE COLETIVO URBANO

O prefeito de Sumaré, Henrique do Paraíso (Republicanos), revogou o Decreto nº 12.091, de janeiro de 2024, que havia criado uma Comissão Julgadora para tratar de penalidades no setor de transporte coletivo. A decisão é interpretada nos bastidores políticos como mais um capítulo no racha entre o prefeito e a família Dalben.

A comissão, que tinha como atribuição julgar administrativamente recursos apresentados por concessionárias e permissionários contra penalidades aplicadas pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Rural, foi dissolvida. Fontes próximas ao governo apontam que a revogação do decreto seria uma forma de romper com políticas que tinham o respaldo da família Dalben.

O transporte coletivo se mostra uma questão delicada em Sumaré por conta das queixas da população em relação à qualidade do serviço e pontualidade dos itinerários. Com a mudança, a gestão Henrique deve apresentar um novo modelo para tratar questões de fiscalização e penalidades no transporte coletivo. A medida reflete o clima de ruptura política que vem marcando os primeiros dias do governo, e a expectativa é de que novas decisões que afastem a influência da família Dalben da Prefeitura ocorram.

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