Du Cazellato veta ‘Farmácia Solidária’ em Paulínia contrariando iniciativa bem-sucedida em outros estados
Prefeito seguiu parecer da Secretaria de Saúde e vetou proposta que permitiria doação de medicamentos excedentes aos mais vulneráveis; em SC projeto foi inspirado na Universidade do Extremo Sul Catarinense, que já serve como modelo
Da Redação | Tribuna Liberal
O prefeito de Paulínia, Du Cazellato (PL), vetou
integralmente o Projeto de Lei 88/24, que instituiria o programa Farmácia
Solidária no município. A iniciativa, de autoria do vereador Pedro Bernarde
(Democracia Cristã), tinha como objetivo permitir a doação de medicamentos
excedentes à população, em especial aos mais vulneráveis. O veto foi comunicado
neste mês ao Legislativo, gerando debates, uma vez que projetos similares têm
sido adotados em outras partes do país, como em Santa Catarina.
A decisão, segundo o prefeito, foi embasada em pareceres
técnicos da Secretaria Municipal de Saúde e da Procuradoria Geral do Município.
O parecer da secretaria apontou preocupações com a qualidade e a segurança dos
medicamentos doados, destacando que a falta de controle rigoroso sobre o
armazenamento e a procedência dos remédios poderia prejudicar a saúde pública.
“Sem controle adequado de temperatura, umidade e outras
condições, o uso de medicamentos doados se torna potencialmente perigoso,”
apontou o parecer. A Secretaria argumentou que, ao contrário dos medicamentos
adquiridos pelo serviço público, os remédios doados poderiam estar fora do
prazo de validade ou em condições inadequadas, comprometendo sua eficácia e
segurança. A Procuradoria Geral corroborou com essa visão, indicando que o
projeto poderia trazer riscos à saúde da população.
Por outro lado, a postura de Paulínia contrasta com o
recente movimento de estados como Santa Catarina, onde o programa “Farmácia
Solidária” foi sancionado pelo governador Jorginho Mello. Em 6 de novembro, o
estado aprovou a lei que regulamenta o projeto, inspirado em uma iniciativa da
Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense), em Criciúma, que já serve como
modelo de sucesso.
O projeto catarinense adota medidas rígidas de controle de
qualidade, com a participação de profissionais capacitados para assegurar o
armazenamento e a distribuição adequados. O governador Mello destacou que a
proposta é cuidar de quem mais precisa, promovendo o descarte correto dos
medicamentos impróprios e evitando desperdícios. “Todo o processo é controlado,
como em uma farmácia convencional. A triagem e a dispensação são feitas com
todo o cuidado, garantindo segurança para a população,” diz o governo estadual.
O veto de Cazellato deve levantar novos debates no
município. Para críticos, o programa em Paulínia poderia ter seguido as
diretrizes aplicadas em Santa Catarina, garantindo segurança e transparência.
Apesar do veto, o sucesso do programa em outras regiões sugere que, com
adequações, Paulínia também poderia adotar a Farmácia Solidária como um serviço
seguro e solidário.
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