Política
Em novembro de 2019, gestão Du Cazellato afirmou estar apta para licenciamento de médio impacto

Conselheiro afirma que Prefeitura fez ‘falsas declarações’ sobre licenciamento ambiental de Paulínia

Segundo Rogério Nubor, administração municipal ‘mentiu’ ao afirmar estar apta para o licenciamento ambiental  de médio impacto; caso veio à tona durante audiência pública neste mês

Paulo Medina | Tribuna Liberal

Em meio a uma audiência pública realizada neste mês sobre a lei de licenciamento ambiental de Paulínia, o conselheiro do Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente) da cidade, Rogério Nubor, apontou que a Prefeitura “mentiu” ao afirmar estar apta para o licenciamento ambiental de médio impacto na cidade.

O imbróglio remonta a 2019, quando a Prefeitura, em junho de 2019 sob a gestão do ex-prefeito Loira, havia feito a declaração de estar apta para o licenciamento de baixo impacto. Em outubro de 2019, o novo prefeito, Du Cazellato, tomou posse, e em novembro de 2019, com menos de 40 dias de governo, a Prefeitura declarou estar apta para o licenciamento de médio impacto. 

No entanto, segundo Nubor, essa declaração foi feita antes mesmo de a cidade possuir uma legislação adequada para regulamentar tal licenciamento. A lei municipal necessária para este processo só foi encaminhada à Câmara Municipal em junho de 2020 e aprovada em setembro do mesmo ano.

A situação, segundo o conselheiro, levanta questões “éticas e legais”. A administração, sob a gestão do prefeito Du Cazellato, teria refutado as alegações de Nubor, reafirmando sua aptidão para o licenciamento de médio impacto em novembro de 2019. Contudo, essa declaração, feita perante o Governo do Estado, aconteceu antes de a lei ser aprovada.

Além disso, a lei que regulamentou o licenciamento de médio impacto foi declarada inconstitucional. Embora a Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) não tenha responsabilizado diretamente os envolvidos na elaboração e aprovação da Lei, ela destacou as falhas no processo legislativo.

Na visão do conselheiro, a reviravolta levanta questões preocupantes sobre a transparência e a integridade do processo de licenciamento ambiental em Paulínia. “Como a Prefeitura pode ter se declarado apta para um procedimento tão crucial sem ter a legislação necessária em vigor? E por que o Comdema, órgão essencial para questões ambientais no município, foi mantido às escuras durante todo o processo? Os cidadãos de Paulínia merecem uma explicação completa e transparente sobre o que realmente aconteceu nos bastidores do licenciamento ambiental. O que está em jogo é não apenas a credibilidade da administração municipal, mas também a confiança dos cidadãos no sistema que deveria proteger e preservar o meio ambiente local”, afirma.

ADIN

Em setembro, os desembargadores do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) julgaram procedente uma Adin, proposta pela Procuradoria-Geral de Justiça do Estado, referente à lei de licenciamento ambiental de Paulínia, cujos réus são o prefeito Du Cazellato (PL) e a Câmara Municipal. Entre os pontos considerados irregulares está a violação à participação popular nas discussões, com ausência de audiências públicas para elaboração da lei. A Adin, porém, foi julgada procedente com modulação de efeitos, o que mantêm válidas, por exemplo, as licenças concedidas para empreendimentos no município no período entre a promulgação da lei, datada de 2020, e o reconhecimento de inconstitucionalidade da legislação.

O TJ declarou inconstitucional a Lei 3.805, de 23 de setembro de 2020, que dispõe sobre licenciamento ambiental municipal, que trata do desenvolvimento urbano e uso do solo urbano, com impacto ambiental. O prefeito de Paulínia defendeu no processo a constitucionalidade da norma e pugnou, subsidiariamente, pela modulação dos efeitos, contrariando pedido do sub-procurador-geral de Justiça, Wallace Paiva Martins Junior, que defendeu que não fosse acolhida a modulação de efeitos porque são casos “excepcionais” e devem ser “devidamente comprovadas”. A Promotoria de Justiça de Paulínia também opinou pela inconstitucionalidade da lei.

OUTRO LADO

Questionada, a Prefeitura de Paulínia não se manifestou até o fechamento desta edição.

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