Caso MEC: ‘Minha consciência está tranquila’, diz Leitinho
Alvo de suspeita após reportagem do Fantástico, prefeito afirma que não há envolvimento de Nova Odessa no escândalo do MEC, questiona seus opositores e tranquiliza a população
Foi com sorriso, bom humor e descontração que o prefeito de Nova Odessa, Claudio José Schooder (PSD), o Leitinho, cumpriu sua agenda na manhã da última sexta-feira em seu gabinete. As atitudes, no entanto, bem que poderiam ser a de um político preocupado.
Afinal, Nova Odessa ganhou destaque nacional na última semana por seu suposto envolvimento no chamado escândalo do MEC, que levou à prisão o ex-ministro da educação Milton Ribeiro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Mas Leitinho fez questão de justificar seu comportamento naquela manhã ao receber a reportagem do Tribuna Liberal para uma entrevista exclusiva. “Estou com a consciência tranquila. Não temos qualquer envolvimento. Nova Odessa está isenta de tudo.”
As suspeitas sobre o envolvimento de Nova Odessa no suposto esquema de corrupção ganharam força quando o nome da cidade apareceu na abertura de uma reportagem exibida pelo Fantástico no domingo passado.
Na matéria, o destaque foi a entrevista do empresário de Piracicaba Edvaldo José Brito, que denunciou o pedido de dinheiro feito várias vezes pelo pastor Arilton Moura como suposta condição para que o Gabinete Itinerante, evento oficial do MEC e do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), fosse realizado em Nova Odessa no ano passado.
Organizado por Brito e pelo MEC, o evento aconteceu na cidade em agosto, com a presença de representantes de 75 municípios e, no mês seguinte, o empresário formalizou a denúncia. Em março deste ano, o caso foi escancarado e as suspeitas de que os pastores pediam propina em troca de verba pública para os municípios ficaram ainda mais evidentes.
Leitinho alega que não recebeu pedido de dinheiro por parte dos pastores e que só ficou sabendo do caso em março deste ano, quando a imprensa começou a noticiar o suposto esquema de corrupção.
“Foram os pastores que pediram vantagem para o Brito. Mas isso chegou ao meu conhecimento bem depois. Da parte da Prefeitura, não houve qualquer tipo de doação e também não recebemos nenhuma doação”, afirma Leitinho, destacando que prefeitos de outras cidades relataram pedido de propina, inclusive com possível pagamento até em ouro.
“Outra questão que prova o nosso não envolvimento é que em nenhum momento fomos chamados pelas autoridades para prestar depoimento durante as investigações”, completa. “Estamos com a consciência limpa”, reforça.
Em relação à realização do Gabinete Itinerante, Leitinho diz que a Prefeitura só participou oferecendo a estrutura do espaço e o café da manhã aos participantes.
“Fiquei feliz na época, pois foi a primeira vez que um ministro visitou a nossa cidade. Infelizmente, aconteceu toda essa polêmica”, comenta o chefe do Executivo. Para que qualquer suspeita seja rechaçada, Leitinho ainda afirma que a própria Prefeitura já encaminhou ofício ao Ministério Público de Nova Odessa, Ministério Público Federal, Controladoria Geral da União (CGU) e Polícia Federal, se colocando à disposição para esclarecimentos.
OPOSIÇÃO
Enquanto Leitinho se defende, a oposição ataca. Na semana passada, a coordenadora pedagógica Priscila de Cassia Gomes Alcantara protocolou pedido de instauração de Comissão Processante na Câmara de Nova Odessa contra o prefeito e o secretário municipal de Educação, José Jorge Teixeira.
O objetivo era investigar o suposto envolvimento dos representantes do Executivo no escândalo do MEC. Por seis votos contrários e dois favoráveis, a proposta foi arquivada. A servidora também protocolou uma representação no Ministério Público Estadual.
O prefeito diz que está sendo alvo de politicagem. “A pessoa que protocolou o pedido é vinculada ao ex-prefeito. Não há provas concretas contra o município que justifiquem o pedido”.
À população de Nova Odessa, Leitinho pede tranquilidade. “As pessoas sabem que estamos fazendo um bom governo e reforço que não existe envolvimento do município com nenhuma forma de corrupção.”
AUTOR DAS DENÚNCIAS DESTACA ‘SIMPLICIDADE’ DO PREFEITO
O empresário de Piracicaba, Edvaldo José Brito, autor das denúncias contra os pastores que agiam no MEC, chama o prefeito de Nova Odessa, Claudio José Schooder (PSD), o Leitinho, de amigo. E considera um equívoco classificá-lo como um dos envolvidos no escândalo. Brito foi quem procurou o MEC para a realização do Gabinete Itinerante e escolheu Nova Odessa como sede em função de sua amizade com Leitinho.
“Na época da instauração do Gabinete Itinerante, eu procurei vários municípios para participar do evento e um deles foi Nova Odessa. Sou da roça e conheço o prefeito de Nova Odessa. O considero bastante pela sua simplicidade. O prefeito aceitou a participação da cidade e a condição imposta pelo MEC foi ele ir à Brasília gravar um vídeo com o então ministro da Educação, convidando outros prefeitos a também se envolverem. E assim foi feito”, lembra Brito.
O empresário conta que a Prefeitura de Nova Odessa participou do Gabinete Itinerante apenas oferecendo a estrutura do local e água. “O som ficou por minha conta e não pagamos nada ao MEC, que bancou todo deslocamento.”
Brito ressalta a importância do evento na ocasião. “As denúncias envolvendo os pastores nada têm a ver com a importância que foi o Gabinete Itinerante. Nova Odessa e outros 74 municípios estavam sem condições de fechar novos convênios com o MEC por causa da documentação atrasada, e o evento deixou os municípios prontos para assinar novos convênios. Nova Odessa, por exemplo, não estava conseguindo renovar o contrato da merenda e isso acabou sendo solucionado.”
Brito exime também o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro do escândalo que atingiu o MEC. “Infelizmente, os pastores estavam usando toda situação para pedir dinheiro sem o ministro saber. No fim, quem levou prejuízo mesmo fui eu e um amigo meu empresário também.”
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