Política
Servidores da Câmara recebiam salários maiores que o prefeito e pagamentos motivaram investigação

Câmara firma TAC com MP e servidores terão que devolver ‘supersalários’ em Monte Mor

Acordo estipula que seis servidores restituam mais de R$ 181,7 mil aos cofres públicos a partir de janeiro de 2025, com desconto em folha; Altran havia determinado adequação de salários

Da Redação | Tribuna Liberal

Com a conclusão de um inquérito que investigou a prática de supersalários no Legislativo de Monte Mor, a Câmara Municipal firmou nesta segunda-feira (11) um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público com objetivo de regularizar os limites remuneratórios dos servidores da Casa e garantir o ressarcimento dos valores pagos acima do teto constitucional. Ao todo, seis servidores serão obrigados a devolver mais de R$ 181,7 mil aos cofres públicos.

O TAC, que foi firmado com base nas apurações do MP, determina que os valores pagos a mais que ultrapassaram o teto constitucional de remuneração, estabelecido em pouco mais de R$ 12,7 mil do atual prefeito Edivaldo Brischi (PSD), sejam devolvidos, corrigidos pelo Tribunal de Justiça, desde o momento do pagamento até a efetiva devolução.

Em um dos casos, uma servidora terá de devolver R$ 122,5 mil, divididos em 60 parcelas mensais, com correção mês a mês. Outros servidores também terão que devolver valores: um devolverá R$ 33,2 mil, outro R$ 12,7 mil, enquanto um quarto servidor restituirá R$ 10,2 mil. Há ainda servidoras que devolverão quantias menores, como R$ 1,7 mil e R$ 1,4 mil.

O desconto dos servidores será feito direto na folha de pagamento e depois a Câmara repassará os valores para a prefeitura, a partir de janeiro de 2025. O TAC prevê multa de R$ 20 mil para cada caso de descumprimento. A irregularidade foi descoberta após uma investigação do Ministério Público, que questionou os vencimentos de alguns servidores da Câmara, que ultrapassavam o teto salarial estabelecido para o prefeito da cidade.

De acordo com os dados revelados pelo Tribuna Liberal em janeiro, os salários de alguns servidores superavam a faixa de R$ 21,7 mil, R$ 17,1 mil e R$ 16,3 mil — valores consideravelmente superiores ao limite permitido pela legislação.

O presidente da Câmara, vereador Altran (MDB), explicou que tomou providências assim que assumiu a presidência e teve conhecimento do caso, por meio do diretor geral, de que vinham ocorrendo erros nos pagamentos de salários de alguns servidores públicos. Altran disse que pediu que o Jurídico da Casa analisasse o assunto e opinasse. Após isso, determinou a adequação dos salários ao limite constitucional. Altran frisou que colaborou com o Ministério Público em todas as fases da investigação e que o erro persistiu de administrações anteriores do Legislativo.

O MP abriu um inquérito civil público e investigou o recebimento de supersalários por servidores da Câmara. Os vencimentos brutos desses servidores foram questionados por ultrapassarem o salário do prefeito.

A abertura do inquérito foi motivada por uma denúncia anônima, que apresentou informações das folhas de pagamento dos anos de 2018 a 2022. Diante das acusações, o Ministério Público solicitou à Câmara Municipal de Monte Mor informações para embasar a investigação. O pedido incluiu o valor do salário do prefeito nos anos de 2018 a 2023, os cargos concursados ocupados pelos servidores investigados e as respectivas remunerações.

Além disso, a promotora de Justiça de Monte Mor, Cristiane de Moraes Ribeiro Sampaio Carvalhaes de Camargo, requisitou à Câmara o envio de comprovantes de salários e pagamentos de todos os servidores do Legislativo.

 

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