Política

Bancada feminina representa apenas 8,86% dos vereadores eleitos na região

Representatividade feminina ainda é baixa; homens vão ocupar 91,14% dos próximos mandatos legislativos em Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor e Paulínia, apontam dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)

Beth Soares | Tribuna Liberal

Sete mulheres vão representar a população feminina nas Câmaras de Vereadores da região na próxima legislatura (2025 a 2028). O número de vereadoras eleitas na área de cobertura do Tribuna Liberal (Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte e Paulínia) representa 8,86% do total de 79 vagas das casas legislativas das cinco cidades, confirmam dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O percentual de representação feminina é o mesmo das eleições de 2020.

Nestas eleições, 488 mulheres e 920 homens participaram da disputa para vereador(a) na região, de acordo com o TSE. O número de mulheres eleitas representa 1,43% do total das candidatas que concorreram a vereança e 0,76% dos candidatos do sexo masculino. Os homens vão ocupar 72 das 79 cadeiras dos mandatos legislativos na região, o equivalente a 91,14%.

Em Monte Mor, as quatro mulheres que já compõem a bancada feminina foram reeleitas: Camila Hellen (Republicanos), Wal da Farmácia (PSB), Milziane (MDB) e Andreia Garcia (PSD). O município mantém o status da Câmara mais feminina da região, se comparado com as outras cidades da área de cobertura do Tribuna Liberal. Lá, elas vão continuar ocupando 46,66% das 15 cadeiras de vereador(a). Nestas eleições, 78 mulheres e 139 homens disputaram a vereança em Monte Mor.

Na Câmara de Hortolândia, o número de representantes femininas caiu de duas para uma. A professora Roberta Diniz (PT), 49 anos de idade, eleita com 1.413 votos, será a única a ocupar uma cadeira no Legislativo. Moradora de Hortolândia há 46 anos, com experiência de mais de três décadas no ensino público, Roberta venceu as eleições levantando bandeiras em favor da mulher e da educação. “Precisamos ampliar a representatividade feminina. Temos muitos desafios como a violência política e a sub-representação em cargos de maior visibilidade, mas precisamos ser persistentes e promover a inclusão da mulher na política”, comentou a vereadora eleita.

Para Roberta, a baixa representatividade da mulher em espaços políticos envolve uma série de fatores que tem como pano de fundo a violência de gênero. “A sociedade ainda mantém muitos estereótipos que veem as mulheres como menos capazes de liderar ou atuar em cargos políticos. Essas percepções discriminatórias afetam o apoio que nós, mulheres, merecemos. Outra questão é que enfrentamos uma sobrecarga de responsabilidades com o trabalho doméstico e o cuidado com a família, o que dificulta a dedicação integral à política. Isso pode limitar a participação em campanhas e a ocupação de cargos políticos de forma eficaz”, observa.

Atualmente, a Câmara hortolandense tem duas vereadoras, Marcia Campos e Marciene Albuquerque, que não foram reeleitas. O município possui 19 vereadores. Nas eleições deste ano, 96 mulheres e 192 homens disputaram as vagas do Legislativo.

DUPLA

Nova Odessa é a única cidade da região em que a representatividade feminina aumentará no próximo mandato. A vereadora eleita Priscila Pertelevitz (União) será companheira de bancada de Marcia Rebeschini (União), que foi reeleita. No município são nove cadeiras de vereador. A disputa pelos cargos teve a participação de 58 mulheres e 123 homens.

Sumaré e Paulínia não elegeram mulheres para vereança e mantêm a Câmara 100% masculina. São 21 assentos parlamentares em Sumaré, que foram disputados por 145 mulheres e 264 homens. Estudo do ONMP (Observatório Nacional da Mulher na Política) expressa preocupação sobre participação feminina nas eleições municipais de 2024. (veja reportagem abaixo).

COM ELEIÇÃO DE ROBERTA DINIZ, PT VOLTA A TER CADEIRA NA CÂMARA DE HORTOLÂNDIA

Com a eleição da vereadora Roberta Diniz, o Partido dos Trabalhadores volta a ter representante na Câmara de Hortolândia. Nas eleições de 2020, o partido não conseguiu eleger nenhum parlamentar. “Voltamos para a Câmara com uma vereadora mulher. A professora Roberta Diniz é uma pessoa muito ativa politicamente, conhecedora da história da cidade e do PT. Tenho certeza de que ela vai ser combativa e representar à altura o PT e as mulheres. Temos histórico de eleger vereadoras”, disse o presidente do PT, Aldo Aluizio Silva.

Ele assinala que mesmo fora da Câmara neste mandato, o partido se fez presente na cidade. “Desde 2004, quando o saudoso Angelo Perugini venceu as eleições pelo PT, nosso partido se mantém no protagonismo dentro desse novo ciclo da história de Hortolândia: um momento de pujança, desenvolvimento econômico e social, um lugar bem melhor para se viver. O PT sempre esteve presente tanto no Legislativo como no Executivo...Nunca deixamos de assumir nossa postura política na cidade, que é trabalhar o crescimento e o desenvolvimento de Hortolândia”, destacou Silva.


Roberta Diniz: única vereadora eleita em Hortolândia

Roberta adianta que seu mandato, que terá início em janeiro de 2025, será pautado pela promoção de políticas públicas que reduzam a desigualdade social. “Como mulher eleita pelo PT, farei parte de uma estratégia para aumentar a representatividade feminina, especialmente de mulheres negras, quilombolas e jovens. Serei defensora dos(as) trabalhadores (as), de políticas públicas que promovem a igualdade de gênero, o combate à violência contra as mulheres. É desafiador, porém, serei uma voz ativa contra essas práticas, promovendo uma agenda mais inclusiva e igualitária”, disse Roberta.

Dentre os projetos, a parlamentar eleita exemplifica que pretende trabalhar por programas de qualificação profissional para a mulher, incentivo ao empreendedorismo feminino, pela melhoria do acesso da população feminina aos serviços de saúde e pelo fortalecimento da luta por igualdade de oportunidades.

COTA DE GÊNERO É DESCUMPRIDA EM MAIS DE 700 MUNICÍPIOS, APONTA ESTUDO ONMP

Nesta semana, a Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, por meio do ONMP (Observatório ONMP Nacional da Mulher na Política) enviou uma série de dados sistematizados sobre a participação feminina nas eleições municipais de 2024 ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e à PGE (Procuradoria-Geral Eleitoral). O levantamento mostra que a cota mínima de 30% de candidaturas foi descumprida em mais de 700 municípios do País. As informações são da Assessoria de Imprensa do ONMP.

O objetivo dos ofícios, segundo o ONMP, é comunicar a esses órgãos as preocupações da Bancada Feminina da Câmara sobre a participação política das mulheres nas eleições deste ano, além de cobrar ações efetivas e fiscalização do cumprimento da legislação eleitoral.

Neste pleito, foram identificados 279.011 registros de candidaturas masculinas e 152.930 femininas, correspondendo a 64,59% e 35,41%, respectivamente, informa o estudo. Sobre o cumprimento da cota de mulheres pelos partidos políticos nos municípios, a pesquisa identificou que em 4.797 municípios (86,1%) todos os partidos respeitaram a cota. Porém, ainda resta um contingente de 772 municípios (13,9%) nos quais ao menos um partido e/ou federação desrespeitou a cota. Em 2020, a cota não foi cumprida em 1.304 municípios, segundo a ONMP.

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