Pão de queijo movimenta economia de R$ 1 bilhão ao ano em Hortolândia
Fabricantes da massa de origem mineira criam associação e se
preparam para exportar o produto fabricado no município, que se transforma num
importante polo de produção da iguaria no País e já emprega três mil pessoas
Beth Soares | Tribuna Liberal
Hortolândia se transforma num importante polo de produção de
pão de queijo no País. No município são produzidas, por ano, cerca de 120 mil
toneladas da iguaria, que tem como berço o Estado de Minas Gerais. A indústria
do pão de queijo movimenta na cidade uma economia de R$ 1 bilhão ao ano e gera
mais de três mil empregos, segundo estimativas da Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo e Inovação. Para prosperar, ainda
mais, os produtores se uniram, formaram a Associação dos Produtores de Pão de
Queijo e se preparam para começar a exportar o quitute, feito à base de
polvilho e queijo (veja reportagem nesta página).
De acordo com o economista Dimas Pádua, secretário municipal
de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo e Inovação, a expansão da
indústria de pão de queijo acompanha o desenvolvimento econômico de
Hortolândia, cujo PIB (Produto Interno Bruto) saltou de R$ 8,7 bilhões para R$
18 bilhões, nos últimos 10 anos. O município, destaca Pádua, está entre as cem
melhores cidades do Brasil para fazer negócios, segundo ranking publicado pela
Revista Exame, em 2019.
“É um setor que só vem crescendo na nossa cidade e, agora,
se fortalecerá com a criação da Associação dos produtores. A indústria de pão
de queijo traz um impacto positivo para a economia da nossa cidade, com geração
de emprego e renda, que amplia o poder de consumo das famílias, cenário que
beneficia também o comércio em geral”, observa o secretário.
Dimas Pádua: secretário incentiva associação de produtores de pão de queijo a buscar certificação internacional para exportar produtos
A massa de pão de
queijo fabricada em Hortolândia é distribuída em supermercados, padarias,
cafeterias e bares do município. Também é comercializada em todos os estados do
País. O secretário informou que o produto também começa a ser encontrado nas
feiras noturnas realizadas pela Prefeitura em várias regiões de Hortolândia.
Mara Pereira, presidente da Associação de Produtores de Pão de Queijo de Hortolândia e Adjacências, afirma que a entidade chega para fortalecer e expandir ainda mais o setor. “Agora estamos juntos. Não precisamos mais competir um com o outro...Com a criação da associação, espera-se que o pão de queijo ganhe ainda mais destaque no cenário nacional e internacional, atraindo turistas e valorizando a rica cultura de Hortolândia, com geração de emprego e renda”, afirma a presidente da Associação.
Pádua completa que a fundação da associação, formalizada no último dia 26 de julho, consolidada o trabalho iniciado em 2019, quando começaram as discussões para a criação da APL do Pão de Queijo, hoje chamada CDL (Cadeia Produtiva Local), com o objetivo de fortalecer os produtores das empresas de micro, pequeno e médio portes. A CDL já tem certificação do governo estadual. Uma das ações definidas pela Associação de produtores é a criação e implantação de um selo de qualidade para padronização do produto.
PROSPERIDADE EM FAMÍLIA
A Pancremo é uma das maiores fabricantes de pão de queijo de
Hortolândia. Fundada há 14 anos, no Jardim Santa Izabel, a indústria emprega
cerca de 30 pessoas e produz, em média, de 25 a 30 toneladas de massa de pão de
queijo por mês. Há alguns anos, os donos abriram uma cafeteria, que funciona,
também, como uma loja da fábrica. (veja texto nesta página).
De acordo com Cristian Eduardo Ferreira, 43 anos, os pães de
queijo produzidos pela Pancremo são distribuídos para Hortolândia, Campinas e
diversas localidades de São Paulo, como Piracicaba, São José dos Campos,
Guarulhos, Atibaia, Litoral Sul, Norte, além de cidades do Sul de Minas,
Curitiba (PR) e Santa Catarina.
Cristian Ferreira: sócio da fábrica de pão de queijo
Pancremo, fundada há 14 anos, que emprega 30 pessoas e comemora expansão do
negócio
“Nossos pães de queijo são 100% naturais. O sabor, o aroma,
a cor, a crosta, o interior, tudo é proveniente dos ingredientes naturais que
compreendem a receita do produto, uma receita tradicional mineira, com toda a
qualidade da indústria. Quando se coloca aroma artificial, diminui-se a
quantidade de queijo e isso prejudica a qualidade do produto”, destaca o
empresário.
A fábrica é administrada por três sócios: Cristian, seu
irmão Claudio e Adelina. O empresário conta que a Pancremo nasceu da ideia do
irmão, que também é empresário do ramo de sorvete. Cristian entrou no negócio
numa época em que estava em transição de trabalho, após fechar uma empresa de
transportes.
“Meu irmão entrou como investidor para continuar cuidando da
outra empresa dele e fiquei para desenvolver o trabalho com o pão de queijo. A
Adelina veio porque já tinha um know how de dez anos no setor. Somamos a essa
ideia, o sonho de abençoar outras pessoas, que hoje são os cerca de 30
funcionários diretos, e outros 30 indiretos beneficiados com nossos
distribuidores e revendedores”, relembra o empresário.
Morador de Hortolândia há 38 anos, Cristian chegou ao então
distrito de Sumaré com cinco anos de idade, antes da cidade ser emancipada.
Veio de Campinas, onde nasceu. Diz sentir orgulho em acompanhar e contribuir
com o desenvolvimento do município.
“Vi essa cidade acontecer desde que ela pertencia a Sumaré.
Cresci aqui. É um privilégio construir minha história aqui. Estudei, namorei,
casei-me, tive meus filhos aqui, empreendi, tenho construído meu patrimônio e
estou deixando meu legado para os meus filhos todo em Hortolândia. Sou um
munícipe enraizado em Hortolândia que produz, gera riqueza, paga imposto na
cidade, então, é uma honra e um privilégio. Falo com muito amor e propriedade”,
comenta.
QUAL É A ORIGEM DO PÃO DE QUEIJO?
- Anualmente, em 17 de agosto, é o Dia do Pão de Queijo –
data para celebrar esse pãozinho tipicamente brasileiro, e cheio de sabor, que
nasceu no Estado de Minas Gerais. A data foi instituída pelo Senac (Serviço
Nacional do Comércio) de Minas Gerais.
- O estado de Minas Gerais possui uma longa história da
cultura e produção do leite e do queijo, que iniciou no século 18. Segundo o
primeiro censo agropecuário realizado no Brasil, em 1920, desde essa época
Minas já era o maior produtor de leite e laticínios do país, e segue até hoje
tendo essa predominância no setor.
- Segundo alguns historiadores de alimentação e
pesquisadores gastronômicos, a criação do pão de queijo surge nesse cenário da
força do leite e do queijo em Minas Gerais. Em entrevista ao programa “Brasil
Rural”, da Agência Brasil, Vani Fonseca (professora e especialista em pesquisas
gastronômicas do Senac MG), a invenção desse pãozinho redondo foi em
aproximadamente 1750, juntamente com o início do uso do polvilho (feito de
mandioca) no país.
CERTIFICAÇÃO: PRODUTORES LOCAIS TRABALHAM PARA ALCANÇAR O
MUNDO
A conquista do mercado internacional é uma das metas da
Associação de Produtores de Pão de Queijo de Hortolândia. Para isso, o primeiro
passo é buscar a certificação internacional do produto fabricado no município.
Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico,
Dimas Pádua, a pretensão é exportar, inicialmente, para a Europa e China.
“Há uma negociação já em andamento para a comercialização
com a Arábia que já se interessou pela nossa produção...Juntamente com o Sebrae
(Serviço Brasileiro de Apoio ao Micro e Pequeno Empreendedor) e através da APEX
(Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) estaremos
buscando a certificação internacional visando a exportação de pão queijo”,
disse o secretário.
Para inserir os empresários no mercado externo, Pádua diz que uma das atividades será levar os produtores para apresentar, divulgar e demonstrar seus produtos, com o objetivo de gerar novos negócios. Para ter um retrato mais preciso do potencial da indústria do pão de queijo em Hortolândia, a Prefeitura realiza um novo diagnóstico econômico, que apura e atualiza dados sobre os fabricantes do produto.
Depois de concluído o levantamento, a secretaria municipal
de Desenvolvimento Econômico planeja criar um guia contendo os principais dados
para divulgação do polo de produtores, que será uma vitrine para novos negócios
dentro e fora do País.
CAFETERIA UNE PÃO DE QUEIJO AO SABOR DO CAFÉ E VIRA POINT
GASTRONÔMICO
Há alguns anos, a cafeteria Pancremo se transformou em ponto
de encontro, em Hortolândia, para as mais diversas ocasiões: do bate-papo entre
amigos a reuniões de trabalho e comemorações. Localizada no Parque Ortolândia,
perto do Parque Socioambiental Chico Mendes, a cafeteria é uma extensão da
fábrica de pão de queijo.
Cristian Eduardo Ferreira, sócio da Pancremo, conta que,
inicialmente, a ideia era abrir uma loja da fábrica para revender, no varejo,
congelados das massas de pães de queijo. A ideia foi lapidada pelo seu outro
irmão, César, que propôs a abertura de uma cafeteria.
“Então, decidimos juntar essas duas delícias: o pão de
queijo e o café. E é sucesso. A cafeteria virou um referencial. A Pancremo,
talvez, seja o nome mais conhecido de fábrica de pão de queijo na cidade
justamente por causa da cafeteria”, comemora o empresário.
O cardápio é variado, tanto nas opções de cafés, quanto nas
de pão de queijo, que aparecem no menu na versão tradicional e em diversas
opções recheadas. Lá, as pessoas também encontram todos os produtos fabricados
pela Pancremo, congelados, para levar para casa.
Cristian Ferreira: sócio da fábrica de pão de queijo
Pancremo, fundada há 14 anos, que emprega 30 pessoas e comemora expansão do
negócio
“Temos o pão de queijo com gota de chocolate, com coco e
leite condensado, baguete três queijos, chipa tradicional (com açafrão e ervas
finas), dadinho de tapioca (tradicional e com calabresa), pão de queijo
empanado, integral, e por aí vai. A base é o pão de queijo, mas vem a
criatividade com todas essas receitas que são muito interessantes”, assinala
Cristian, que pretende implantar novas unidades da cafeteria em outros bairros
de Hortolândia e em cidades da região.
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