Velhas Estradas
A primeira estrada de rodagem pavimentada do Brasil foi a “Estrada União e Indústria” inaugurada em 1861 por D. Pedro II, ligando a cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro a Juiz de Fora em Minas Gerais. A construção contou com a mão de obra de colonos alemães e a pavimentação foi pelo método Macadame, que consiste num piso composto por pequenas pedras comprimidas de forma a se encaixarem umas nas outras. Essa rodovia já nasceu privatizada, pois o Comendador Mariano Procópio recebeu do imperador a concessão por 50 anos para construir a estrada e cobrar pedágio das mercadorias que passassem por ela.O asfalto, tendo como
matéria prima o petróleo,
começa a ser usado a partir de 1909, apesar de que no Brasil as primeiras estradas asfaltadas surgem
depois de 1940. Antes disso usavam-se outros métodos, como placas de cimento ou o macadame, e
isso somente para algumas estradas mais importantes. A maioria continuava sendo de terra e
aquelas que se destacavam por algum motivo
recebiam um tratamento com pedregulhos.
Nos primeiros anos do
século XX a ligação entre
as cidades aqui da nossa
região era feita através
dos lombos dos animais
ou por carroças, charretes, troles etc. A estação de Rebouças era muito importante especialmente para Monte Mor
que, por não contar com
uma via férrea, estava relativamente isolada, dependendo exclusivamente do transporte animal.
Quando alguém precisava deslocar-se até Campinas, não havia outra saída senão montar em seu
cavalo ou pagar uma passagem n’algum trole e ir
até Rebouças para então
embarcar no trem. Essa
maratona demorava, no
mínimo, dois dias, o que
encarecia a viagem, pois
sempre incluía o pernoite num hotel.
A estrada velha que ligava Monte Mor à Campinas era uma picada na
mata por onde somente os muares podiam
transitar. Depois que foi
inaugurada uma nova
estrada, em 1925, surgiu
uma empresa formada
por um coletivo, que era
chamado de jardineira,
para oferecer transporte ao povo, ligando, pois,
as duas cidades.
Um dos donos dessa empresa foi Vitalino Cuta de Almeida, seu
Cuta, como era chamado. Diziam que no dia da
viagem, de madrugada,
ele passava pelas poucas ruas da cidade buzinando e chamando os
possíveis passageiros.
Numa estrada poeirenta, um veículo que deveria desenvolver a incrível velocidade de uns 30
a 40 quilômetros por hora, a viagem era longa e
muito demorada. Por isso mesmo, em determinado lugar já pré-estabelecido, o Cuta parava
a jardineira e convidava os passageiros a descer para alongar as pernas e aproveitar para dar
uma urinada. Enquanto
isso ele aproveitava para
dar umas gostosas baforadas em seu inseparável cachimbo.
Outra estrada importante era a que ligava a
cidade à estação Monte
Mor que posteriormente tornou-se Elias Fausto. Um serviço de troles
fazia a ligação levando e
trazendo correspondências e mercadorias que
chegavam pelo trem até
aquela estação. Também
importante era a antiga
estrada para
Capivari, embora não
fosse muito bem cuidada e ficasse intransitável nas épocas chuvosas. A nova estrada, essa que hoje está modernizada, privatizada e até
conta com cobrança de
pedágio, até 1958 era totalmente de terra e como
as outras também se tornava num lamaçal nos
dias de chuva. Durante o
governo do prefeito Fued
Maluf (1956-1959), o governador do Estado senhor Jânio Quadros autorizou as obras de asfaltamento da estrada ligando Monte Mor a Campinas e a Capivari. É bom
lembrar que até meados
do século passado, o fluxo de veículos nessas estradas era muito baixo e
só foi aumentado a partir da revolução automotiva iniciada na década
de 1950.
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