Com aumento do preço do diesel, concessionária pede reajuste da tarifa de ônibus em Nova Odessa

Percentual não foi informado pela prefeitura, mas pedido ainda está sendo analisado; em Sumaré e Paulínia não foi protocolado pedido

O aumento de 24,9% no preço do diesel no último dia 10 de março começou a pressionar os custos das empresas de transporte coletivo urbano, que operam o sistema. A concessionária Rápido Sumaré foi a primeira da região a pedir aumento na tarifa do transporte coletivo urbano em Nova Odessa. A informação foi confirmada pela prefeitura, que não informou o percentual solicitado. Em Sumaré e Paulínia, pedidos de aumento ainda não foram protocolados. Segundo a Prefeitura de Nova Odessa, até o momento, não há qualquer previsão de reajuste nas tarifas pagas pelos usuários. “De fato, a empresa concessionária, com base no instituto jurídico do reequilíbrio econômico financeiro dos contratos, solicitou correção do valor da tarifa com base em planilhas que o fundamentam. Mas o pedido segue sob análise técnica e jurídica pela comissão”, informou a assessoria de Nova Odessa. Atualmente, o sistema de transporte coletivo urbano de Nova Odessa é composto por cinco linhas, realizadas por sete veículos, que transportam diariamente uma média de mil passageiros. O valor da tarifa para o usuário está afixado em R$ 3,10 “na catraca”, mas a Prefeitura complementa essa “passagem” com mais R$ 2,42 a título de subsídio ao passageiro. Questionada, a Prefeitura de Sumaré informou que até o momento não chegou nenhuma solicitação na SMMUR (Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Rural) sobre o aumento da tarifa em razão do reajuste do preço do diesel. Em Paulínia, a prefeitura informou que não houve pedido para reajuste da passagem. “Aqui não houve pedido, visto que o contrato com a atual empresa se encerra na próxima sexta-feira, 25, e, a partir do próximo sábado, 26, entra em ação a Mov Paulínia, mantendo R$ 1 o valor da passagem na catraca”, trouxe nota da prefeitura. A EMTU (Empresa Metropolitana de Transporte Urbano) informou que as concessionárias do transporte intermunicipal na região ainda não protocolaram pedidos de reajuste das passagens.

AUMENTO
No dia 10 de março, a Petrobras aumentou o preço da gasolina em 18,77% e do diesel, em 24,9%. Essa majoração também tem relação com a invasão da Ucrânia pela Rússia. A consequência é um efeito cascata sobre a economia brasileira, dependente do modal rodoviário. Sem contar a pressão sobre a inflação.

Especialista aponta dois caminhos: aumento da passagem ou subsídio
O assessor de investimentos Daniel Abrahão, sócio da iHUB Investimentos, disse que é inevitável que o aumento dos combustíveis pressione a majoração da tarifa dos ônibus coletivos, tanto urbanos quanto intermunicipais.
“O aumento do preço do diesel impacta diretamente na inflação e nos custos do transporte e não tem como fugir”, comentou o especialista. Há duas formas de fazer a correção: através do aumento da passagem ou com a concessão do subsídio.
Porém, o especialista ressalta que há o fator político. “A passagem de ônibus municipal é uma decisão política. Na prática, pode subsidiar, como foi feito durante a pandemia”, explicou Abrahão. “Em ano eleitoral, prefeitura aumentar a passagem de ônibus, a população vai cair matando em cima do prefeito”, comentou o assessor de investimentos.
Ele presta consultoria para um dos maiores gestores de fundo de investimento do Brasil, que comentou com ele que a defasagem da tarifa ficou entre 40% e 60%, nos últimos três anos, por causa da pandemia. E se a defasagem fosse aplicada, a passagem dobraria de valor. Se esse aumento fosse, de fato, repassado, a tarifa de São Paulo, por exemplo, que está em R$ 4,40, teria que subir para R$ 7,40.
E isso impactaria diretamente todas as classes sociais, em especial a média e a C e D, que utilizam o transporte público.
Abrahão explicou que essa é uma conta difícil de fechar. Muitos empresários dizem que podem quebrar e fechar as portas se não houver o repasse dos custos dos combustíveis às tarifas, segundo Abrahão. Na outra ponta está o consumidor já impactado pela pandemia. E, no meio, as prefeituras, que terão que sacrificar os cofres públicos para segurar os preços.
Além desta problemática, há a indexação dos preços no Brasil, atrelada à inflação e a taxa de juros, o que ocasiona um efeito cascata ou uma bola de neve dos aumentos dos combustíveis nas tarifas e nos preços em geral da economia. “É uma sinuca de bico, mas não sei como resolver”, admite o consultor.


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