Trabalhadores da região enfrentam luta diária para colocar comida na mesa

Com inflação alta, desemprego e preço dos alimentos em disparada, alimentar a família fica cada vez mais difícil, afirmam moradores

Trabalhadores da região travam uma luta diária para conseguir colocar comida na mesa. Com inflação alta, desemprego, a disparada dos preços dos alimentos e combustível, os mantimentos estão cada vez mais escassos na despensa. Karen Santana, 33 anos, moradora de Monte Mor, recebe R$ 540 mensais pelos serviços prestados numa escola pública, por meio do Programa Bolsa Trabalho, do governo estadual. A renda do marido, que é agricultor, é de um salário mínimo (R$ 1.212). O casal tem duas filhas e sente, no dia a dia, dificuldade para manter a família basicamente alimentada. “A gente vai ao mercado e mal dá para comprar o básico porque os preços estão muito altos”, comenta Karen que ajuda a mãe, doente, sem recurso financeiro para se sustentar.

Desempregado, o auxiliar administrativo P.S.C, 40 anos, morador do Jd. Dall´Orto, em Sumaré, diz que cortou vários itens da lista de compras do supermercado. “Tomate, cenoura e carne de vaca faz tempo que estão fora do cardápio. Muito caro. Estamos na luta para conseguir comprar o básico como arroz, feijão e leite para as crianças”, conta P.S.C que, atualmente, faz bico como motorista de um aplicativo de transporte e pediu para não ter o nome revelado na reportagem.

Com a grana curta, é preciso fazer malabarismos para garantir a alimentação do dia a dia, conta Karen. “Tive que deixar de comprar bolacha, Danone (iogurte), essas coisas que as crianças gostam porque você vai ao mercado e só tem dado para comprar o básico do básico por causa dos preços altos. Diminui fritura para economizar óleo e gás de cozinha. Muito difícil se manter. Cada ida ao mercado é um novo susto porque a cada mês os preços estão lá em cima”, exemplifica Karen.

De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), o conjunto de alimentos que compõem a cesta básica aumentou em todas as capitais do Brasil no mês de março. São Paulo foi onde a cesta apresentou maior custo (R$ 716,00), 6,36% a mais, comparado a fevereiro, e 21,6% nos últimos 12 meses.

Segundo projeção do órgão, em março o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família com quatro pessoas deveria equivaler a R$ 6.394,76, valor 5,28 vezes maior que o mínimo de R$ 1.212,00.

Para chegar a essa estimativa, o Dieese leva em consideração o valor da cesta básica e a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo dever ser suficiente para suprir as despesas mensais de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

Na última estatística divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa), em março, o Brasil contabilizava R$ 12 milhões de pessoas desempregadas.

RETROCESSO

De acordo com o Agenor Soares, coordenador da CUT (Central Única dos Trabalhadores) de Campinas e região, que engloba as cidades de Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor e Paulínia, é preciso mudanças econômicas urgentes para garantir emprego e comida na mesa dos trabalhadores. “De 1984 para cá, esse é o primeiro de maio com mais retrocesso em relação às conquistas dos trabalhadores. A inflação está lá em cima, a fome e carestia voltaram. São mais de 14 milhões de desempregados e tem gente empregada que não consegue fazer três refeições por dia por causa da alta do preço dos alimentos”, reclama o sindicalista.

Manifesto com atividades culturais espera 100 mil trabalhadores, hoje, em São Paulo

Um ato político com atividades culturais será realizado, em São Paulo, neste domingo, 1º de Maio, Dia do Trabalhador. Pela primeira vez, as centrais sindicais se unem para organizar a manifestação programada para acontecer, a partir das 10h, na Praça Charles, Muller, em São Paulo, em frente ao Estádio do Pacaembu. Segundo a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o objetivo do evento é “comemorar o Dia do Trabalhador e reivindicar emprego, direitos, respeito à democracia e à vida”.

O ex-presidente Lula confirmou presença no ato político que deve ter a participação de dirigentes sindicais, lideranças dos movimentos sociais, representantes da sociedade organizada, parlamentares, presidentes de partidos políticos e organizações internacionais. Também estão previstas cinco apresentações artísticas, entre elas, as cantoras Daniela Mercury e Leci Brandão.

“Será um grande dia de luta. Vamos arrebanhar a classe trabalhadora. Esperamos mais de 100 mil pessoas nesse ato político e cultural. Todos os trabalhadores da região de Campinas estão convidados. Participar desse ato é o cartão de visita da resistência. Ninguém solta a mão de ninguém. Todos os trabalhadores unidos, do campo, da cidade, aposentados. Vamos nos reunir e mandar um grande recado: queremos outro rumo para nosso país, com emprego, garantia de direitos, respeito à democracia e à vida, sem carestia e sem fome”, afirma Agenor Soares, Coordenador da CUT de Campinas e região.

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