Temporada de chuva coloca região em alerta para risco de enchentes

• 15/01/2023

Em Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia e Monte Mor pelo menos 1.000 famílias correm o risco de ter as casas invadidas pela água, segundo informações das defesas civis que monitoram essas áreas diariamente

Beth Soares | Região

As chuvas intensas dos últimos dias colocaram cidades da região em alerta para possíveis alagamentos de residências e vias públicas. Em Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia e Monte Mor pelo menos 1.000 famílias moram em locais com risco de enchentes, segundo dados fornecidos pelos municípios. 

Para atender as ocorrências na temporada das chuvas de verão, as defesas civis colocam em prática seus planos emergenciais, desde dezembro passado, quando cidades como Monte Mor, Sumaré e Nova Odessa registraram os primeiros casos de inundação. 

A força-tarefa inclui outros órgãos dos governos municipais como as secretarias de assistência social, obras e serviços urbanos, saúde e habitação. Para recuperar os estragos urbanos causados pelas águas e ampliar a assistência a famílias vítimas de enchentes, o prefeito de Monte Mor, Edivaldo Brischi (PTB), foi pedir ajuda ao governador Tarcísio de Freitas (veja reportagem abaixo).

Sumaré está em estado de alerta desde a semana do dia 25 de dezembro, quando as chuvas invadiram casas e deixaram 150 pessoas desabrigadas. Desde então, a Defesa Civil mantém o monitoramento e acompanhamento diário das áreas com acúmulo de água ou possibilidade de inundação. 

A Operação Verão do município prevê uma série de ações que vão de medidas preventivas e socorro a condutas a serem adotadas em caso de calamidade pública como realocação de moradores, inclusão em programas sociais e de moradia.

“Queremos tanto evitar as consequências danosas de eventos previsíveis, quanto preservar a integridade da população e o bem-estar social durante o período de chuvas e tempestades dos próximos meses”, afirma o secretário municipal de Proteção e Defesa Civil de Sumaré, Demétrio Moreira, por meio da assessoria de imprensa.

De acordo com Moreira, foram estipulados quatro níveis de ação no plano: observação (quando o índice pluviométrico atingir até 80 milímetros); atenção (a partir de 88,1mm de chuva); alerta (quando houver a necessidade de vistoria técnica e remoção preventiva da população); e alerta máximo (quando houver a remoção de toda a população). 

De acordo com a Defesa Civil, Sumaré tem oito pontos de alagamento nas regiões do Jardim Picerno, Jardim Primavera, Jardim Manchester e Vila Diva. Essas áreas, consideradas de atenção, abrigam cerca de 450 pessoas que recebem orientações quanto à exposição à água da chuva, distribuição de kits de higiene e a respeito dos riscos em situações de chuvas fortes, tempestades e inundações.

Nova Odessa também sente as consequências das chuvas intensas. Segundo o coordenador da Defesa Civil de Nova Odessa, Vanderlei Wilians Vanag, cerca de 50 residências da cidade estão historicamente sujeitas a alagamentos em bairros como os jardins São Jorge, Flórida, Conceição, Fadel e Vila Azenha.

Segundo o coordenador, no plano de contingência para casos de alagamentos de residências, concluído em novembro passado, ficou definido que as famílias serão orientadas, num primeiro momento, a buscar abrigo em casa de familiares ou parentes.

“Não sendo possível, serão alojadas no ginásio municipal de esportes mais próximo. E, ao retornarem para suas residências, contarão com kits de higiene e limpeza. Paralelamente, Serviços Urbanos e Coden Ambiental vão auxiliar promovendo a limpeza externa dos pontos afetados”, completa Vanag.

O planejamento inclui também o mapeamento e monitoramento constantes das áreas consideradas propícias a alagamentos, cuja grande maioria fica ao longo do Ribeirão Quilombo.

PREVENÇÃO

De acordo com a Prefeitura, desde o início do ano passado são realizadas ações preventivas permanentes de manutenção, limpeza e recuperação nas bocas de lobo e galerias de águas pluviais de todos os bairros. O objetivo é diminuir ao máximo os impactos de alagamento para as famílias dessas áreas. 

Desde 2021, contabiliza a Administração, já foram desobstruídas e recuperadas mais 1.200 bocas de lobo. Também foram retiradas das vias públicas e áreas verdes cerca de 5,5 mil toneladas de lixos e entulhos, material inservível cujo descarte irregular tem relação direta com a ocorrência de alagamentos. 

“Estamos entrando no período de chuvas mais intensas, então precisamos desse plano de contingência para atender a população, começando pela nossa Defesa Civil em conjunto com as demais secretarias municipais”, justificou o prefeito Cláudio José Schooder, o Leitinho (PSD), que coordenou a força-tarefa para assistência às vítimas de alagamento por causa da forte chuva que atingiu a cidade no final do ano passado.

WhatsApp ajuda avisar moradores de áreas alagadiças sobre temporais

Em Nova Odessa e Hortolândia, os municípios utilizam a tecnologia em favor da comunicação rápida com moradores que vivem em áreas com risco de inundação. Por meio do aplicativo de mensagens WhatApp são disparados alertas quando há reviravolta do tempo e previsão de fortes chuvas. 

“Em 2021, criamos um grupo de WhatsApp para uso exclusivo de orientações, informações e alertas aos cidadãos que moram nestas áreas da cidade passíveis de alagamentos por causa do Ribeirão Quilombo em momento de chuvas intensas e prolongadas. Esse grupo continua em uso”, lembrou o coordenador da Defesa Civil de Nova Odessa, Vanderlei Wilians Vanag.

Hortolândia tem cerca de 200 famílias residentes em áreas vulneráveis a alagamentos localizadas nos bairros Recanto do Sol, São Francisco, Jd. Ricardo, Nova Hortolândia e Nossa Senhora Auxiliadora. De acordo com a secretária adjunta de Segurança, Adriana Carvalho, por meio da assessoria de imprensa, essas famílias recebem orientações constantes dos agentes da Defesa Civil que efetuam o monitoramento das áreas.

Para ampliar as ações preventivas, informou Adriana, os aparelhos celulares das pessoas que vivem em áreas de risco foram cadastrados para receberem os alertas emitidos pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e através dos veículos de comunicação do município de Hortolândia e região.

Entre as principais ações da Operação Verão da Defesa Civil de Hortolândia estão vistorias e monitoramento das áreas. Todas as secretarias municipais estão envolvidas no plano. Nos últimos 30 dias, Hortolândia registrou 330,8 mm de chuva. Segundo a Defesa Civil, a partir de 80 mm no acumulado de 72hs é dado o alerta de estado de atenção.

Os pontos da malha viária com mais risco de inundações são Avenida Santana x Rua João Mendes, próximo ao Parque Socioambiental Chico Mendes; Avenida Santana x Rua Argolino de Moraes, nas proximidades do antigo Bradesco, no Centro; e Rua Orlando Ghiraldelli x Rua Bambina Cicone Camilo, região do Parque Irmã Dorothy, no Jd. Nossa Senhora de Fátima.

Monte Mor busca solução para conter cheia do Rio Capivari

Monte Mor aposta no Plano de Macrodrenagem da Bacia do Rio Capivari, que passa pela cidade, para evitar enchentes. Na última semana de dezembro passado, as chuvas intensas elevaram o volume do manancial em 5,28 metros, o que causou alagamentos em várias áreas urbanas e rurais da cidade, segundo informações da prefeitura. 

De acordo com a Secretaria de Defesa Civil de Monte Mor, pelo menos 300 casas foram atingidas pela invasão da água e 60 famílias ficaram desalojadas, cenário que obrigou o prefeito Edivaldo Brischi (PTB) a declarar situação de emergência nas áreas do município afetadas pela chuva.

A Prefeitura explicou em nota que as chuvas da RMC (Região Metropolitana de Campinas), especialmente de Campinas, em parte, escorrem para afluentes e córregos que deságuam no rio Capivari, que atravessa Monte Mor. O volume de chuva chega rapidamente à cidade, podendo atingir o transbordo causando enchentes em menos de seis horas. As águas seguem seu percurso e atingem outras cidades no caminho, a exemplo de Capivari.

Desde o ano passado, o governo municipal discute com a população, por meio de audiências públicas, o novo plano diretor da cidade, que prevê o projeto de macrodrenagem, necessário para a contenção das enchentes no município.

A administração observa que o município “não tem jurisdição para acessar, intervir ou realizar ações em um rio, como o Capivari, sem que exista um projeto com base em diversos fatores, com uma análise multidisciplinar de caráter técnico, político e social”.

“Desta forma, o estudo para a elaboração do Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Rio Capivari – PDM-BHC, configura-se como a melhor alternativa para a identificação das causas e para a proposição de soluções relativas aos problemas de macrodrenagem de todos os 15 municípios que compõem”, assinala nota da assessoria de imprensa da prefeitura.

Após estudos técnicos, serão propostas ações de contenção de enchentes a curto, médio e longo prazo. A previsão da Prefeitura é que o relatório para a reformulação do Plano Diretor de Monte Mor seja concluído até agosto deste ano.

Nesta semana, Brischi se reuniu novamente com o governo do Estado para reivindicar apoio às ações de combate à enchente. O encontro com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) contou com a participação de prefeitos de outros 19 municípios.

Entre os pedidos do prefeito ao governador estão a continuidade da ação de desassoreamento do Rio Capivari - paralisada pelo Estado no período eleitoral -, maquinários para recuperação de vias públicas e parcerias para construção de moradias populares destinadas a famílias de áreas de risco. No dia quatro de janeiro, Brischi já havia se reunido com representantes do Estado em busca de assistência, apoio e soluções para evitar enchentes na cidade.