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Na RMC, apenas Sumaré e Campinas figuram entre as melhores colocadas – Foto: Divulgação

Sumaré está entre as 42 cidades com melhor saneamento básico do país

Principais indicadores atribuídos ao município, que tem o serviço gerenciado pela empresa BRK, se referem ao fornecimento de água, atendimento total de esgoto e investimento médio per capita

Paulo Medina | Tribuna Liberal

Em um grupo seleto de 0,8% dos municípios brasileiros bem avaliados, Sumaré registra a 42ª melhor classificação em indicadores de saneamento básico do país. É o que aponta o Ranking do Saneamento Básico 2023, elaborado pelo Instituto Trata Brasil, feito em parceria com a GO Associados e divulgado nesta segunda-feira (20). Entre os itens avaliados estão fornecimento e abastecimento de água, tratamento de esgoto e índice de perdas de água tratada.

Comparado a edição do ano passado, Sumaré, que é a única cidade da microrregião a figurar entre as 100 cidades com notas satisfatórias de saneamento, subiu quatro posições, saindo da 46ª para a 42ª. Considerando a RMC (Região Metropolitana de Campinas), apenas Sumaré e Campinas têm os melhores serviços envolvendo água e esgoto, de acordo com o Instituto Trata Brasil.

Conforme o estudo, Sumaré, cujo serviço é gerenciado e operado pela concessionária BRK, ficou com 98,82% no quesito atendimento total de água; 98,82% em atendimento total de esgoto; 24,23% em tratamento total de esgoto; R$ 131,57 em investimento médio per capita entre 2017 e 2021; 36,28% em indicador de perdas na distribuição de água; e com o equivalente a 13 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento.

As cidades com as melhores avaliações possuem, segundo o instituto, serviços básicos alinhados ou mais próximos das metas estabelecidas pelo Marco Legal do Saneamento. O ranking é realizado levando em consideração indicadores e dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), ano base 2021.A cidade com o melhor saneamento é São José do Rio Preto, seguida por Santos, Uberlândia, Niterói e Limeira.

Cenário nacional adverso

“Nesta edição do Ranking, é observado que além da necessidade de os municípios alcançarem o acesso pleno do acesso à água potável e atendimento de coleta de esgoto, o tratamento dos esgotos é o indicador que está mais distante da universalização nas cidades, mostrando-se o principal gargalo a ser superado. Imagine o volume de 5,5 mil piscinas olímpicas. Essa é a carga poluente de esgoto não tratado no Brasil despejado irregularmente nos rios, mares e lagos todos os dias (quase 2 milhões de piscinas olímpicas por ano), que corrobora para a degradação do meio ambiente e, principalmente, impacta negativamente a saúde da população”, disse Luana Siewert Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil.

Pedro Silva Scazufca, sócio-executivo da GO Associados, pontuou a “estagnação de municípios”. “Nesta edição do Ranking de Saneamento, notamos mais uma vez uma estagnação entre os municípios nas últimas colocações. É particularmente ilustrativo observar o indicador de investimento per capita médio entre 2017 e 2021: praticamente nenhum município dentre os 20 piores investiu mais do que R$ 100 por habitante. Isso é preocupante ao se levar em consideração que, segundo o Plansab, o patamar necessário para se atingir a universalização é superior ao dobro deste valor, isto é, R$203,51. O baixo nível de investimentos explica, portanto, a manutenção dos indicadores desses municípios em níveis precários. Por exemplo, entre os 20 piores, a coleta média é de 29,25%, muito abaixo da meta de 90% até 2033”, disse.

Com metas definidas pelo Novo Marco Legal do Saneamento (Lei Federal 14.026/2020), o país tem como propósito fornecer água para 99% da população e coleta e tratamento de esgoto para 90%, até 2033. “Desta forma, o Ranking do Saneamento 2023 liga um alerta, seja para as capitais brasileiras, como também para os municípios nas últimas posições, para que possam atuar pela melhoria dos serviços”, diz o instituto.

BRK investe R$ 242 milhões em Sumaré

A BRK informou que desde que assumiu a concessão dos serviços de saneamento em Sumaré já investiu R$ 242 milhões em melhorias nos sistemas de água e esgoto, com ampliações, visando atender o crescimento contínuo do município e modernizações.

“Um dos destaques desse trabalho é o índice de perdas de água do município que caiu para 33,6% - menor média anual desde o início da concessão. Em 2015, o índice era de 60%. Em quase oito anos de atuação, a quantidade de água que deixou de ser desperdiçada em Sumaré chega a mais de 7,1 bilhões de litros – o equivalente a 2.840 piscinas olímpicas. Esse volume seria suficiente para abastecer 97.666 pessoas por um ano”, informou a BRK.

A Estação de Tratamento de Água II, responsável pelo abastecimento de 70% do município foi ampliada e modernizada. Novas adutoras como a do Picerno, do Marcelo e Bandeirantes-Callegari foram construídas e contribuíram para a melhoria da distribuição de água na cidade, de acordo com a concessionária.

Com relação ao sistema de esgotamento sanitário, a concessionária já elevou o índice de tratamento de esgoto de 14% para 30%. E tem prevista para os próximos anos a construção de duas estações de tratamento de esgoto de grande porte que elevarão esse índice para 100%, fazendo com que a cidade alcance a universalização do serviço. “Um benefício para a população, do ponto de vista de saúde, e para o meio ambiente, com a despoluição por completo de rios e córregos que cortam a cidade”.

A empresa disse estar em processo de contratação da construção da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Tijuco Preto, que será responsável por tratar o esgoto da bacia de mesmo nome, formada pelas regiões do Matão e Área Cura. O sistema de tratamento previsto para ser implantado nessa ETE chama-se Nereda®, que é uma tecnologia holandesa capaz de remover níveis elevados de matéria orgânica, além de nutrientes como nitrogênio e fósforo. A previsão de início das obras é no segundo semestre deste ano.  

Estudo foi divulgado na Semana da Água

Na Semana da Água, que tem o dia comemorado na próxima quarta-feira (22), o Instituto Trata Brasil, em parceria com GO Associados, publicou a 15ª edição do Ranking do Saneamento com o foco nos 100 maiores municípios do Brasil.

O relatório faz uma análise dos indicadores do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), publicado pelo Ministério das Cidades. Desde 2009, o Instituto Trata Brasil monitora os indicadores dos maiores municípios brasileiros com base na população, com o objetivo de dar luz a um problema histórico vivido no país.

 A falta de acesso à água potável impacta quase 35 milhões de pessoas e cerca de 100 milhões de brasileiros não possuem acesso à coleta de esgoto, refletindo em problemas na saúde da população que diariamente sofre hospitalizada por doenças de veiculação hídrica. “Os dados do SNIS apontam que o país ainda tem grandes dificuldades com o tratamento do esgoto, do qual somente 51,20% do volume gerado é tratado – isto é, mais de 5,5 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza diariamente”, sustenta o instituto.

Para esta edição, o Ranking do Saneamento 2023 destaca os municípios que variaram mais de dez posições, de forma positiva ou negativa, em relação ao Ranking de 2022. “É importante ressaltar que os indicadores do SNIS buscam estabelecer um paralelo entre os dados disponíveis e a realidade observável de cada município, em particular em termos de infraestrutura de saneamento. Portanto, grandes variações devem ser avaliadas com bastante cautela”, afirma. 

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