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Sobram vagas na área de Tecnologia da Informação e Mídias Digitais, diz consultor

Num país com 12 milhões de desempregados, sobram vagas para serem preenchidas nas áreas de TI (Tecnologia da Informação) e Mídias Digitais. De acordo com o consultor organizacional Felipe Amaro dos Santos Neto, da FATD Consultoria e Gestão Empresarial, o mercado apresenta alta demanda por profissionais das áreas de análise de sistemas, suporte, programação, técnicos em mídias digitais e redes sociais. Porém, são as vagas que mais demoram para serem preenchidas por causa da escassez de profissionais qualificados. Nesta entrevista ao Tribuna Liberal, Felipe Amaro fala sobre o mercado de trabalho na era digital, dá dicas de como o trabalhador deve se preparar para atender ao novo perfil profissional exigido pelas empresas e alerta sobre um futuro que, segundo o especialista, já começou. “O mercado vai querer profissionais que se atualizem a todo o momento, estejam conectados, sejam digitais, mas que saibam cuidar e se relacionar com pessoas”.

Tribuna Liberal: Felipe, pela sua experiência como consultor quais funções demoram mais para terem as vagas preenchidas pela escassez de profissional qualificado?

Felipe Amaro: O que a gente observa nos processos seletivos que as empresas têm contratado aqui com a gente são as vagas voltadas tanto para o mercado de TI (Tecnologia da Informação) quanto para qualificações técnicas para mídias digitais, redes sociais. São profissionais com facilidade de trocar de trabalho, transitar entre o perfil mais empreendedor e ao mesmo tempo estar na empresa como trabalhador celetista, fixo numa determinada corporação. Então, encontrar esses profissionais está mais difícil. A área de TI tem uma imensidão de funções: linguagem, programação, suporte, infraestrutura. Então, essas duas áreas têm sido um desafio pra gente. Há escassez de profissionais de TI e com qualificações técnicas para mídias digitais.

Atualmente, qual o perfil de trabalhador exigido pelos empregadores na hora de contratar?

Varia bastante de acordo com a vaga. Mas o que tenho percebido, de modo geral, é que quando o profissional é solicitado, as empresas falam muito do perfil com iniciativa e proatividade. Querem aquela pessoa que vai e faz, não espera a delegação. É o famoso bussiness partner, o parceiro de negócios da empresa. O cara que está ali pensando nas estratégias para a empresa crescer dentro da atividade que ele faz. Uma comunicação adequada, independente da área, é importante. Isso não significa falar muito, mas pensar, refletir, comunicar adequadamente aquilo que é necessário para o trabalho ser desenvolvido. Estar antenado ao que o mercado tem solicitado. Porque a empresa acontece por meio dos profissionais. E o desejo da empresa quando contrata um profissional é ter alguém que ajude ela a crescer. 

Nesse cenário de alta exigência, somente a experiência profissional basta ou é preciso algo a mais?

A exigência pela experiência é bem solicitada também. Mas, hoje, já se desmitificou um pouco aquela história de que o profissional que fica muito tempo numa empresa é qualificado. É preciso buscar atualização, cursos, ser dinâmico. Experiência conta, mas, tem que ter esse algo mais: na hora de uma entrevista ter uma postura, saber comunicar aquilo que você tem de desejo para sua carreira profissional. Antes, as empresas pensavam assim: o profissional é qualificado, tem experiência, quer trabalhar, então vamos contratar. Hoje, o próprio desejo de vida que o profissional tem, se ele não estiver atrelado aos valores que a empresa possui, à criação de um plano de carreira, ele vai ter um pouco de dificuldade. Então, tem que ter um plano de vida muito assertivo pra na hora da entrevista o profissional conseguir trazer essa segurança para o recrutador.

Como o trabalhador experiente deve se preparar para competir nesse novo mercado?

Antigamente, o trabalhador experiente ficava receoso de disputar algumas vagas pelo fato de ter jovem chegando ao mercado, muitas vezes com mão de obra barata para a empresa. Hoje, as empresas estão com um olhar bem diferente em relação a isso. A gente já não fala mais das gerações dentro das empresas separadas por idade, mas sim separadas por comportamento. Não tem mais aquela de geração X ,Y. Hoje tem um termo muito legal que é o da geração perennials (formada por pessoas de qualquer idade, atualizadas em relação à tecnologia e que se relacionam bem com qualquer faixa etária). Então, a gente começa a observar o comportamento que é apresentado por esses profissionais de acordo com os valores da empresa. Uma coisa que eu oriento é que se atualizem digitalmente, o mundo é digital. Mesmo que se tenha dificuldade de lidar com computador, celular, buscar se conectar, saber o que está acontecendo no mundo, ter uma proximidade maior com rede social, utilizar o seu computador, o seu celular para falar pequenas transações no cotidiano. Porque com a experiência que ele tem, se ele tiver essa facilidade com o mundo digital, não há quem segure. As empresas contratam mesmo.

Qual o conselho para os jovens que estão entrando no mercado de trabalho?

Para os jovens que estão entrando no mercado de trabalho eu aconselho buscar aquilo que faz feliz, que gostem de fazer. Se escolher uma profissão que somente traga dinheiro, não vai realizar o trabalho adequado e isso vai criar um conflito durante a carreira. Hoje, os testes vocacionais estão muito mais para orientação, descobrir a área que você tem mais afinidade. Descubra o que você tem vontade de fazer e seja bom nisso. Pesquise, estude pra se qualificar e ter uma competitividade maior.

Hoje, a tecnologia está presente inclusive no exercício de funções mais básicas (empregadas domésticas, construção civil, linha de produção...). Qual a dica para esses trabalhadores sobreviverem no mercado?

A maior dica para esses trabalhadores é: crie uma conexão com o mundo digital. E criar essa conexão começa com pequenas ações no dia a dia: acessar a internet banking, pedir ajuda para fazer um PIX, criar essa conexão, esse dia a dia com o mundo digital. A tecnologia é um fator que não vai regredir, vai só evoluir. Hoje, já temos aplicativos que fazem o deslocamento de empregadas domésticas. Você coloca os dados da casa, a localização, a data que precisa do profissional para realizar a limpeza e o aplicativo já passa o valor e desloca uma pessoa para trabalhar. Então, às vezes, a pessoa procura por conta, por não acessar o mundo digital e fica ultrapassada.

Quais as áreas profissionais com alta demanda, mas ainda com dificuldade de encontrar trabalhadores?

Áreas de TI, principalmente análise de sistema, suporte, programação, infraestrutura. Pelo fato de hoje a gente ter essa escassez de profissional no mercado é uma luta para encontrar esses trabalhadores para preencher uma vaga. Quando encontramos esse profissional com qualificação, postura, plano de carreira, com vontade de crescer, a gente abraça e agarra com todas as forças porque está difícil de encontrar.

Na sua opinião, como será o mercado de trabalho no futuro?

O futuro já começou. A gente está, hoje, com uma demanda muito grande de profissionais que necessitam olhar o relacionamento interpessoal como um fator preponderante pra saúde mental e qualidade de vida no trabalho. O mercado de trabalho no futuro requer profissionais que se atualizem a todo o momento, estejam conectados, sejam digitais, com visão de mundo digital, mas que saibam cuidar e se relacionar com pessoas. E, principalmente: olhar para que a empresa, o negócio, aconteça de acordo com a perspectiva do seu trabalho. Se pudesse colocar uma tríade dos principais aspectos do mercado do trabalho seria: digitalizado, bem relacionado (com saúde mental, qualidade de vida, que faça o trabalhador se sentir bem dentro da empresa) e o bussines partner, o parceiro de negócios. Essa é a tríade do mercado de trabalho no futuro. E esse futuro já está aí, as pessoas já vivenciam isso.

Cite cinco dicas valiosas para o trabalhador em busca de emprego que servem para qualquer área (do nível básico até o mais elevado).

Tenha o seu linkedin atualizado. Apresente um currículo com formatação moderna, informações objetivas de acordo com a vaga pleiteada. Invista em leitura de qualidade (jornal, revista, livros) para se manter bem informado e se mostrar atualizado sobre o mundo; cuidado com a fake news. Busque algo profissional que te traga prazer, não ir só pelo dinheiro (tem que ter uma conexão dos seus valores com o da corporação). Por último, ter uma saúde mental estabelecida, momentos de lazer que ampliem a sua visão cultural, sua espiritualidade. A pessoa que cuida da sua saúde física e emocional se destaca numa entrevista de empresa. Seja um bom profissional e uma boa pessoa.

Quais os serviços disponibilizados pela FATD que podem ajudar as pessoas a se prepararem melhor para o mercado de trabalho?

Nossos clientes são empresas. Não temos foco na preparação de pessoas para o mercado de trabalho. Temos um programa só que é voltado para pessoas que querem se desenvolver ou transitar na carreira, que é o programa de desenvolvimento ágil de habilidades FATD Skills. Durante 12 semanas, a pessoa é atendida por um psicólogo, uma vez por semana, que vai aplicar as técnicas necessárias para ajudá-la a aprimorar e desenvolver novas habilidades. Esse programa tem ajudado muitas pessoas a se reencontrarem no mercado de trabalho e atingir os resultados desejados.    

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