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Mix de produtos cresceu e hoje são mais de 30 tipos de carga movimentadas pela empresa

Projeto Double-Stack realizou 1,3 mil viagens de Sumaré a Rondonópolis

Adoção dos vagões que permitem empilhamento de contêineres em dois níveis aumentou a capacidade de transporte da empresa em 43%

Da Redação | Tribuna Liberal

O ano de 2019 foi um grande marco para a Brado e, de uma forma mais ampla, para a logística brasileira. No dia 19 de julho, um trem formado inteiramente por vagões Double Stack, que permitem empilhar contêineres em dois níveis, cruzava as malhas Paulista e Norte, em uma viagem teste que levou bebidas, fertilizantes e produtos de higiene e limpeza de Sumaré a Rondonópolis (MT).

Da primeira viagem até novembro deste ano, os double da Brado fizeram 1.329 viagens nos fluxos Sumaré-Rondonópolis e Rondonópolis-Sumaré, transportando no total 174 mil contêineres. “O Double Stack é um vagão moderno, de alta capacidade, por isso é amplamente utilizado nos Estados Unidos. No Brasil ainda é pouco explorado, mas está em amplo crescimento nas rotas operadas pela Brado”, afirma Luciano Johnsson, CEO da empresa.

A adoção dos vagões aumentou a capacidade de carregamento de contêineres da empresa em aproximadamente 40%. “Esse aumento de produtividade é benéfico para a logística brasileira e para o meio ambiente, já que os trens emitem menos gases de efeito estufa”, observa Johnsson.

O mix de produtos também cresceu e hoje são mais de 30 tipos de carga movimentadas pela empresa. “Quando vai às compras no supermercado, pet shop ou na loja de materiais de construção, o consumidor de Mato Grosso muitas vezes não faz ideia de que o detergente, a cerveja, o café, a ração para seu pet, o cimento, a tinta e muitas outras mercadorias que ele compra chegaram ao estado pela ferrovia”, diz Johnsson. “O mercado interno, onde os trens Double Stack da Brado operam, tornaram a ferrovia brasileira acessível a uma gama de produtos que antes não contavam com essa alternativa”, completa.

Para Mato Grosso são transportados ainda insumos para a agropecuária e a indústria. Na rota inversa, o estado de São Paulo recebe milho para as indústrias de alimentos.

HISTÓRIA

O projeto de trazer os vagões Double Stack para a Brado começou em 2017, junto à ideia de operar no mercado interno. Um grupo de engenheiros da empresa e fornecedores dos vagões foram aos Estados Unidos para conhecer os vagões e entender como funcionavam.

“Foi muito estimulante trabalhar nesse projeto. Todas as áreas da Brado foram envolvidas, precisamos desenvolver procedimentos, regulamentos, soluções, fizemos inúmeros testes”, conta Renata Busato, coordenadora de Tesouraria da Brado, que na época era estagiária da área de Ativos e participou da gestão financeira do projeto.

Para alguns dos testes, a empresa mandou fazer contêineres com altura menor, compatível com as interferências da linha férrea, para rodar em dois níveis e testar as travas. Esses contêineres rodaram também com sensores para captar dados como velocidade, balanceamento e se havia algo batendo no trem, como fios e galhos. Houve muito trabalho também no terminal de Sumaré. 

O gerente do terminal, Laion Suprano, na época era coordenador da unidade e conta que além das adequações de capacidade e posição dos contêineres no pátio, diversas soluções precisaram ser desenvolvidas do zero. “Foram os casos de duas travas: uma de segurança para o contêiner de cima e outra para travar um contêiner ao outro.

A Brado desenvolveu o projeto dessas travas do zero. Depois que elas foram confeccionadas, foi criada uma instrução de trabalho em conjunto com as áreas de Segurança e Melhoria Contínua e só então o time da operação foi treinado para manusear o equipamento e operar de fato o trem”, conta. “Foi uma satisfação poder participar desde o início do projeto, desde as adaptações na ferrovia até a inauguração”, orgulha-se.

Para viabilizar a nova operação, a empresa comprou 148 vagões Double Stack e três novas locomotivas AC44, as primeiras com a identidade Brado. Hoje são 298 vagões double operando na rota. 

Além disso, 60 pontos da ferrovia passaram por obras para comportar a altura dos contêineres em dois níveis. As intervenções incluíram desde remanejamento de fiação elétrica e de telefonia até elevações de viadutos e rebaixamento da linha férrea.

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