Onda de calor é reflexo do descarte incorreto de resíduos, diz Consimares
Pequenas ações no dia a dia como separar papel, vidro,
plástico e metal do lixo orgânico podem minimizar os efeitos das mudanças
climáticas que resultam em temperaturas altas em pleno inverno, como as
registradas nesta semana
Beth Soares | Tribuna Liberal
A onda de calor que atingiu todo o Brasil e a região na última semana do inverno é, também, reflexo do descarte incorreto de resíduos que poderiam ser reaproveitados e desviados dos aterros sanitários, assinala o Consimares (Consórcio Intermunicipal de Manejo de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Campinas).
Segundo o Consórcio, o descarte incorreto de papel, vidro, plástico e metal misturado ao lixo orgânico ou jogados em ruas e terrenos baldios é uma das principais causas das mudanças climáticas no Brasil e no mundo. Na região do Consimares, formada por sete municípios (Capivari, Elias Fausto, Hortolândia, Monte Mor, Nova Odessa, Santa Bárbara d´Oeste e Sumaré) são levadas diariamente para os aterros sanitários cerca de 700 toneladas de resíduos. Desse volume, pelo menos 30% são de resíduos com potencial de reciclagem.
Para minimizar o efeito estufa, é preciso investimento maciço em educação ambiental e sistemas de coleta seletiva de resíduos, ações que exigem a união do poder público, empresas, entidade e a população em geral, observa o presidente do Consimares, Mauricio Baroni. “Esse é o desafio do Consórcio junto aos sete municípios consorciados, um trabalho que exige gestão integrada dos resíduos e fortalecimentos das políticas públicas para ampliar a coleta seletiva de resíduos”, completa Baroni.
Um estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta que se todo o resíduo reaproveitável que é destinado a aterros e lixões em todo o país fosse reciclado, a riqueza gerada poderia chegar a R$ 8 bilhões por ano. “A coleta seletiva de resíduos é uma questão sanitária, ambiental, econômica e de saúde pública”, afirma o superintendente do Consimares, Mimo Ravagnani, engenheiro agrônomo especialista em gestão de resíduos sólidos.
Mimo Ravagnani observa que pequenas ações no dia a dia podem minimizar os efeitos das mudanças climáticas que resultam em temperaturas altas em pleno inverno registradas nos últimos dias. “É possível começar a reciclagem em casa, comprar de empresas que tenham a visão sustentável, evitar o desperdício e repensar os produtos que são consumidos. Essas são importantes medidas que irão contribuir com o meio ambiente, fortalecer a economia circular com geração de trabalho e renda para profissionais da reciclagem, além de colaborar com o futuro das próximas gerações”, comenta o especialista.
Para unir a sociedade, poder público, empresas e entidades em prol da ampliação da reciclagem de resíduos, o Consórcio criou o Programa Recicla Junto Consimares que envolve os sete municípios consorciados em ações integradas para ampliação da coleta seletiva, por meio da formação de cooperativas de reciclagem, para gerar emprego e renda aos catadores.
Também são ações do Programa o projeto de compostagem para reaproveitamento de resíduos orgânicos, a implantação da usina móvel de RCC (Resíduos da Construção Civil) e a instalação da Central de Recuperação e Tratamento de Resíduos, com tecnologia capaz de transformar rejeitos em energia elétrica, em substituição aos aterros sanitários.
O Consimares é composto por sete municípios com população estimada em 1 milhão de habitantes. O território produz cerca de 700 toneladas de resíduos por dia. Fundado há 14 anos, o Consórcio tem a missão de auxiliar os municípios na gestão integrada dos resíduos urbanos com ênfase na inclusão socioambiental dos profissionais da reciclagem. O trabalho do Consórcio é referência no Brasil.
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