Morador procura polícia e fala em ‘falsidade ideológica’ em pedido de cassação de vereador
Câmara de Sumaré votou e rejeitou requerimento que pretendia
tirar mandato do vereador Sirineu Araújo, investigado por homicídio; popular
questiona Poder Legislativo do município
Paulo Medina | Tribuna Liberal
O pedido de cassação do vereador Sirineu Araújo (PL), investigado por assassinato, votado e rejeitado pela Câmara de Sumaré no início de setembro, foi parar na Delegacia de Polícia. Isso porque, o suposto autor, Irildo de Campos, registrou boletim de ocorrência negando que tenha sido ele quem assinou o documento que pedia para cassar o mandato do parlamentar, apontando possível falsidade ideológica. A Polícia Civil deve investigar o caso.
Segundo o boletim de ocorrência registrado no 1° DP (Distrito Policial) de Sumaré, Irildo de Campos, popularmente conhecido como “Chicão” e morador da Chácara Bela Vista, relatou no dia 11 de setembro à Polícia Civil que foi informado via telefone por um conhecido dizendo que no dia 5 de setembro foi lido um requerimento em plenário, na Câmara de Sumaré, em nome de Irildo, pedindo a cassação do vereador Sirineu Araújo. Diante da informação, o morador relatou que teve acesso às gravações da sessão, assistiu e afirmou que “não enviou” o requerimento ao Legislativo de Sumaré.
Irildo afirma na ocorrência que entrou com pedido de Certidão de Inteiro Teor ao Legislativo a fim de descobrir a procedência do documento. No documento destinado à Presidência da Câmara de Sumaré, o morador disse que “nunca subscreveu qualquer pedido ou protocolo à Câmara Municipal de Sumaré ou a qualquer órgão público”.
O morador afirmou ainda em documento que a certidão solicitada visa apurar possível falsidade ideológica, bem como de “outras medidas cabíveis, na eventualidade de utilização indevida da pessoa do requerente”.
Votação
Em uma sessão com mais de cinco horas de atraso para seu início, os vereadores de Sumaré aprovaram o afastamento por 60 dias do vereador Sirineu, no início do mês. Os parlamentares rejeitaram na sequência o recebimento de um pedido de cassação do mandato de Sirineu então apresentado por um morador.
O pedido de afastamento de Sirineu foi discutido entre parlamentares durante a tarde, antes da sessão. O afastamento de Sirineu foi colocado em votação pelo presidente da Casa, vereador Helio Silva (Cidadania) no início da sessão e aprovado por unanimidade, sem discussão. Em seguida, os vereadores rejeitaram o pedido para cassar o mandato de Sirineu. Com a rejeição do pedido de cassação, o documento foi automaticamente arquivado.
Sirineu é suspeito de homicídio e investigado pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana pela morte de Rafael Emídio da Silva, de 39 anos, ocorrida no mês passado, em Sumaré. O parlamentar teve outdoors com sua imagem pichados com os dizeres de “assassino” e “cadeia” pela cidade.
Eventual fraude compete à polícia, diz Câmara
Procurada pelo Tribuna Liberal para comentar o caso, a Câmara de Sumaré informou que os documentos foram apresentados à Secretaria da Casa por meio eletrônico, e “instruídos com todos os documentos necessários para leitura em plenário”. “A eventual existência de fraude compete à averiguação policial”, disse. Já a defesa de Sirineu não retornou à reportagem até o fechamento desta edição.
Justiça indica comerciante para substituir Sirineu
Com 906 votos nas eleições de 2020, o comerciante sumareense, da região do Bom Retiro, Allan Sangalli (PL), deve assumir a vaga de Sirineu Araújo (PL), suspeito de assassinato. Sirineu foi afastado por 60 dias em meio à investigação policial.
Perguntada se Sangalli assumiria o cargo na Câmara de Sumaré a partir da sessão desta terça-feira (19), o Legislativo informou que “o suplente foi devidamente convocado e está em processo de apresentação de documentos”.
A Câmara oficiou o Cartório Eleitoral para informar o afastamento de Sirineu. A Justiça Eleitoral, por sua vez, determinou o nome do suplente que assumirá a cadeira durante o período de afastamento de Sirineu.
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