Gene Fireball leva crianças e jovens com deficiência para viver a emoção de dirigir um kart

Iniciado em março, Gene Fireball Kart Terapia realizou mais uma rodada de passeios no Kartódromo Internacional de Nova Odessa, na 4ª-feira

Toda a emoção de dirigir um kart, de sentir o vento no rosto, a sensação do corpo acompanhar as curvas da pista e a adrenalina de ouvir o ronco dos motores não é mais uma experiência apenas para os pilotos profissionais ou amadores. Agora, crianças e jovens com síndrome de down, com deficiência intelectual e com paralisia também podem sentir toda a emoção de estar no volante de uma máquina.

E tudo isso foi possível por meio do projeto Gene Fireball Kart Terapia. Todo mundo conhece o showman Gene das provas de MotoCross, de caminhão e de kart que participa, além das manobras radicais que ele faz, inclusive na Festa do Peão de Americana, onde atua há 27 anos. Ele mora no Brasil há 30 anos e escolheu Americana para ser seu lar. E sempre participa de corridas de Kart na Europa e de MotoCross nos Estados Unidos.

Já faz sete anos que ele está amadurecendo esse projeto. Gene contou ao Jornal Tribuna Liberal porque resolveu levar o kart para essas pessoas tão especiais. “O projeto foi Deus que deu para o Fireball”, contou.

Cada kart adaptado custou de R$ 12 mil a R$ 15 mil. Para ter uma noção, o kart para encaixar a cadeira de rodas atrás tem 3,5m de comprimento e o aluno vai sentado atrás do piloto. Os demais alunos andaram no kart duplo.

Com ajuda de outro piloto, Gene colocou em prática a missão divina que lhe foi dada. Com ajuda da esposa, Letícia Toledo, de pessoas que atuam nos bastidores, dos apoiadores e patrocinadores, Gene conseguiu, finalmente, tirar o projeto do campo das ideias para a prática. “Deus foi encaixando as peças”, acredita.

Na segunda edição do projeto, realizada nesta quarta-feira (11), 35 alunos da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Nova Odessa e Sumaré puderam sentir a emoção de ´dirigir´ um kart (na verdade é o piloto profissional que pilota; o aluno gira um ´volante bobo´. Desse total, 30 tinham Síndrome de Down e cinco eram cadeirantes. “Três meninas adoraram e amaram a sensação”, contou Gene. É o empoderamento feminino.

Nesse dia, foi colocado na pista o primeiro kart adaptado para cadeira de rodas do mundo, contou Gene. Isso mesmo, cinco cadeirantes puderam sentir a emoção de estar em um kart feito especialmente para eles.

A esposa de Gene disse que essa é uma ação social. A meta é atender crianças, adolescentes e até mesmo adultos que estão carentes de momentos de alegria e emoção.

Com seu sotaque arrastado de gringo – ele é norte-americano e escolheu o Brasil para viver -, Gene conta que seu intuito com o projeto foi retirar as crianças com deficiência de seus lares e proporcionar uma experiência única a elas. E ele ficou impressionado – e emocionado, diga-se de passagem – com a alegria das crianças. “Eles ficaram simplesmente loucos de felicidade”, relatou o showman. Até grito de guerra teve. O choro foi inevitável ao ver o vídeo com a gravação do passeio ao lado dos outros dois pilotos participantes do projeto.

Como tudo neste esporte exige segurança, os alunos participam do passeio com macacão, luva, cinto de segurança e capacete. E a velocidade é controlada, para garantir a emoção, mas com segurança. Gene fez um briefing sobre todos os procedimentos de segurança antes das voltas na pista.

Quem sabe no futuro Gene não possa treinar as crianças com síndrome de Down para competir? Gene sonha alto. Já pensa até em lançar a primeira corrida do mundo com alunos da Apae.

A intenção de Gene é atender oito cidades a cada três meses. A meta é incluir no projeto as cidades de Americana, Sumaré, Nova Odessa, Santa Bárbara d´Oeste, Limeira, Campinas, Fernandóplis e Sorocaba. Para isso, o projeto será realizado em outros Kartódromos, além de Nova Odessa, como Campinas, Piracicaba e Limeira.

A meta é expandir o projeto, mas Letícia disse que o grupo precisa de apoiadores e patrocinadores porque os custos para manutenção dos carros são muito alto. Além disso, os voluntários também servem lanches para os alunos. Além dos patrocinadores que já têm, também fazem rifas para levantar os recursos para manter o projeto.

Kart é uma terapia para as crianças com deficiência

Segundo o criador do projeto, o kart oferece uma série de benefícios para as crianças especiais. O primeiro deles é que estão em um ambiente diferente do que estão acostumadas.

“Os alunos, em geral, prestam tanta atenção e sentem uma alegria total. Sentem o corpo se mexendo, o vento no rosto, a vibração no motor. Não é apenas uma experiência. É uma terapia. Eles mexem o volante”, contou o piloto. Sem contar que o projeto também permite a autonomia para os alunos.

E ninguém melhor de quem participou para contar como foi. Dois alunos do professor Roger Prado, da Apae de Nova Odessa, deram seus depoimentos em áudio à reportagem. Jhone Jennes, que participou do lançamento, em março, disse: “Eu gostei muito do carrinho que eu andei um pouco. Nós gostamos muito”. Amanda Lemos, que participou da segunda edição, nesta semana, também aprovou a iniciativa. “Foi muito bom o passeio”, disse. “Muito feliz”, resumiu.

Entidades aprovam a iniciativa e os benefícios aos alunos

De Sumaré, participaram 13 alunos da Apae e sete usuários do Centro Dia, acompanhados pelos profissionais da organização da sociedade civil. A diretora pedagógica da Escola da Apae de Sumaré, Sueli Aparecida da Silva Chiarinelli, resumiu em uma palavra a participação dos alunos: “Foi muito 10”.

Sueli contou que todos os alunos gostaram muito da experiência de passear de kart. “Foi uma experiência maravilhosa. Eu amei ver a alegria deles. Foi muito bacana”, afirmou. A coordenadora também comentou que além da experiência, havia a preocupação com o bem-estar e a segurança dos alunos, com ambulância e pessoal de apoio dando suporte. “Eles querem oferecer uma experiência diferente, mas pensam também na segurança”, observou Sueli. Ela aproveitou para agradecer a empresa Smile, que cedeu o ônibus gratuitamente e aos profissionais que acompanharam os alunos e usuários, além dos organizadores pelo carinho e segurança.

O professor da Apae de Nova Odessa, Roger Prado, participou da abertura do projeto em 15 de março, com nove alunos. “A prática do Kart proporcionou aos nossos alunos uma dose extra de adrenalina com a alta velocidade que, somente participando desse projeto, eles puderam concretizar esta experiência naprática”, contou.

“Foi uma oportunidade para vivenciar algo tão rotineiro para muitos: virar o volante e simular como é dirigir um carro; observamos que a cabeça também inclinava; realmente incrível essa aproximação concreta com o piloto principal do kart. Após a corrida, logo que saíam do kart, era nítida a sensação de bem-estar que a corrida proporcionou, e, nas entrevistas com respostas espontâneas, onde o sorriso estampado foi predominante no semblante de cada aluno”, mencionou o professor, no seu relatório sobre o passeio.

 

Deixe um comentário