Etec de Monte Mor cria produto antifúngico a base de macaúba
Alunas iniciaram busca por um ‘agrotóxico do bem’ e foram
até o fundo do mar, onde encontraram antifúngico a base de algas marinhas,
antes de descobrir a resposta nas sementes de palmeiras
Da Redação | Tribuna Liberal
Há dois anos, os estudantes da Etec (Escola Técnica Estadual) de Monte Mor ficaram intrigados com um dilema das lavouras da região. Se toda plantação precisa de algum antifúngico, por que há agrotóxicos que são ruins para a saúde?
“Foi engraçado porque surgiu de uma conversa informal. O trio estava em busca de um tema para o projeto científico. Entre uma pesquisa e outra, chegou à pergunta que nos trouxe até aqui: por que não criamos um agrotóxico do bem?”, comentou o professor de história e projetos da Etec, Roney Caum.
O trio em questão era formado pelas alunas ingressantes Livia Corrêa, Suellen da Silva e Vitória de Araújo. Em 2023, elas concluíram a terceira série do Ensino Médio Integrado ao Técnico em Administração. Lá atrás, a primeira tentativa foi encontrar um antifúngico a base de algas marinhas, mas a resposta apareceu posteriormente nas sementes de palmeira de macaúba.
“Percebemos que havia um potencial em um fungo que afeta as sementes da palmeira, que possui um fruto tão incrível e diverso quanto a macaúba. Nossa maior dificuldade foi encontrar literatura sobre o Aspergillus, que se aloja no embrião das sementes e o deteriora, impedindo o crescimento”, explica o professor.
PRÊMIOS
A pesquisa prosseguiu sob orientação da professora Dayane Abrantes e coorientação da pesquisadora do Instituto Inocas, Mariana Rodrigues, até se transformar no Projeto macaúba: avaliação do potencial antifúngico de produtos naturais no fungo aspergillus na palmeira macaúba (acrocomia aculeata), vencedor da 11ª Mostra de Ciências e Tecnologia Instituto 3M, na categoria Ciências Agrárias.
“Sabíamos que o projeto estava muito bom porque as meninas são muito dedicadas. Fizeram diário, relatório e banner, tudo com muito capricho. Mas ganhar o primeiro lugar foi uma surpresa maravilhosa”, conta Dayane Abrantes.
O projeto também está entre os semifinalistas da 22ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, organizada pela Universidade de São Paulo. As bancas de avaliação estão previstas para ocorrer entre 15 e 26 de janeiro, em apresentações online, ao vivo.
Na próxima fase, as sementes trabalhadas serão plantadas e todo seu desenvolvimento acompanhado de perto. Serão feitos ainda outros testes modificando os tipos de solventes e óleos que geraram bons resultados, buscando uma produção em maior escala.
“Nosso principal objetivo é auxiliar os pequenos agricultores que têm como principal fonte de renda a palmeira macaúba. Mas entendo que seja um projeto de interesse de todos, já que a conservação do meio ambiente e redução de agrotóxicos poluentes é uma preocupação global”, explica a professora.
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