Estudo da Agência PCJ vai avaliar uso de águas subterrâneas em Nova Odessa
Ordem de serviço será emitida no início de fevereiro e objetivo é criar ações de proteção e de uso racional, já que águas subterrâneas são consideradas recurso estratégico para sustentar crescimento populacional e expansão da indústria
Da Redação | Tribuna Liberal
A utilização das águas subterrâneas em Nova Odessa será
objeto de estudo, contratado recentemente pela Agência das Bacias PCJ, conforme
previsão do Plano das Bacias PCJ (Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí).
A primeira reunião de trabalho foi realizada no dia 24 de
janeiro, nas dependências da Agência, em Piracicaba, e contou com a
participação de representantes da empresa contratada, membros da Câmara Técnica
de Águas Subterrâneas (CT-AS) dos Comitês PCJ e colaboradores da Coordenação de
Projetos da instituição.
A ordem de serviço deverá ser emitida no início de
fevereiro. O objetivo da iniciativa é o de estabelecer medidas e ações de
proteção e de uso racional, buscando a gestão sustentável das águas
subterrâneas.
O contrato de estudo hidrogeológico para delimitação de
áreas de restrição e controle do uso das águas subterrâneas foi firmado com a
empresa vencedora da licitação, Água e Solo Estudos e Projetos Ltda, de Porto
Alegre (RS). O investimento é de cerca de R$ 685,5 mil, com recursos
provenientes da cobrança pelo uso da água em rios de domínio da União
localizados nas Bacias PCJ. O prazo para conclusão é de 18 meses a partir da
emissão da ordem de serviço. O trabalho também contempla a cidade de Americana.
Americana e Nova Odessa, municípios das Bacias PCJ
escolhidos, estão entre as quatro áreas críticas identificadas no projeto
Regionalização de Diretrizes de Utilização e Proteção das Águas Subterrâneas,
realizado por DAEE/UNESP, a partir da avaliação da intensidade de uso e da
qualidade da água subterrânea, as quais foram classificadas como Áreas
Potenciais de Restrição e Controle (ARC-PO) conforme sistema de classificação
estabelecido pela Deliberação do CRH(Conselho Estadual de Recursos Hídricos)
52/2005.
Entre os produtos previstos no contrato, estão o plano de
trabalho, levantamento de dados e preparação de bases cartográficas;
caracterização geral da área, da geologia e hidrogeologia, avaliação da
quantidade das águas subterrâneas, delimitação de áreas críticas, proposição de
medidas de gestão de recursos hídricos e relatório final.
“Esse projeto é um marco, a concretização de um sonho para
nós da CT-AS, porque é o primeiro estudo que a gente vai fazer na nossa região,
em relação às áreas de uso intensivo de águas subterrâneas. É uma inovação para
nós aqui nas Bacias PCJ. É um estudo que precisamos muito iniciar, para ter um
desenvolvimento desse tema, que não é comum e recorrente dentro das discussões
das câmaras técnicas e dos comitês em geral. É muito importante, porque as
águas subterrâneas são um recurso essencial para nós. A gente identificou uma
região crítica e precisa dar andamento em um entendimento melhor que a gente
não tem hoje sobre a situação dessas águas subterrâneas na região”, destacou a
coordenadora da câmara técnica, Mariza Fernanda da Silva.
A coordenadora-adjunta da CT-AS, Deborah Lunardi, também
comemorou o novo contrato. “A gente fica muito contente quando conseguimos
alinhar pensamentos que são voltados ao conjunto, entre todos os setores que
são participantes para que possam, assim, colocar as dificuldades, trabalharem
juntos para ter um resultado final, para contribuir para todos aqueles que
precisam das águas subterrâneas”, afirmou. A CT-AS criou um Grupo Técnico de
Acompanhamento (GTA) desse estudo, formado por 10 membros de diversas
instituições.
O coordenador de Projetos da Agência PCJ, Diogo Pedrozo, ressaltou a importância do novo estudo. “A importância desse trabalho para as Bacias PCJ vai muito ao encontro da necessidade de a gente entender os aspectos da água subterrânea. Acho que é um tema que ainda tem muito para ser explorado, mas com poucos resultados de conhecimento geral. A água subterrânea está longe do nosso visual, então ainda tem muita coisa que precisa ser estudada. Acho que esse trabalho vai enriquecer muito o conhecimento da própria bacia em relação aos aspectos da água subterrânea”, comentou Pedrozo.
RECURSO ESTRATÉGICO
O uso da água subterrânea intensificou-se na última década
nas Bacias PCJ, com vazão outorgada passando de 2,59 m³/s (2010) para 10,49
m³/s (2020). Nesse sentido, as águas subterrâneas representam recurso
estratégico para sustentar o crescimento populacional, a expansão industrial e
a ampliação do mercado imobiliário, uma vez que os corpos d’água, considerados
mananciais de abastecimento público no âmbito das Bacias PCJ, encontram-se em
situação de degradação, com registros de perda de qualidade e consequente
diminuição do potencial de aproveitamento.
Constata-se, entretanto, que a tendência de aumento da
população é acompanhada por uma redução da disponibilidade hídrica subterrânea
per capta, passando de 126 m³/habitante/ano, em 2016, para cerca de 122 m³/habitante/ano
em 2020. Há também uma preocupação com indícios de problemas localizados de
rebaixamento dos níveis de água subterrânea, devido ao adensamento ou ao regime
de exploração de poços, que possam vir a limitar o aproveitamento das águas
subterrâneas.
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