Diretor da Câmara denuncia suposta homofobia à polícia em Nova Odessa
Lucas Camargo relatou em boletim de ocorrência na delegacia que durante reunião oficial do Executivo com lideranças religiosas no Paço, secretário-adjunto de Governo teria pedido oração porque a ‘Câmara tem homossexual assumido’
Paulo Medina | Tribuna Liberal
O diretor-geral da Câmara Municipal de Nova Odessa, Lucas
Camargo, formalizou nesta quarta-feira (22) uma denúncia na Delegacia de
Polícia contra o secretário-adjunto de Governo da Prefeitura, Moisés de Jesus
Lima, por suposta prática de homofobia. O caso ocorreu durante uma reunião
oficial do Executivo com lideranças religiosas, onde o secretário teria
classificado a orientação sexual de Camargo como um “demérito” e pedido orações
por ele, mencionando que a “Câmara tem hoje um homossexual assumido ocupando o
cargo”. A Polícia Civil apura o caso.
A denúncia repercutiu e levou o vereador Paulo Porto (PSD) a
apresentar, na segunda-feira (20), uma moção de repúdio ao ocorrido. Segundo o
parlamentar, “essa declaração precisa ser combatida para evitar novos atos de
ódio e discriminação, que não devem fazer parte da postura de uma pessoa que
ocupa cargo público”.
De acordo com boletim de ocorrência, a declaração do adjunto
de Governo teria ocorrido durante uma reunião com líderes religiosos no
gabinete do prefeito Cláudio Schooder, o Leitinho (PSD), na sexta-feira (17).
Camargo disse que já chegou a trabalhar com Moisés, mas que nunca os dois
tiveram qualquer atrito. Camargo relatou que Moises passou a ser mais “frio”
depois que assumiu a direção do Legislativo novaodessense, no dia 7 de janeiro.
Camargo disse que desde o ocorrido sua vida tem sido
discutida “em âmbito estadual” e “tudo isso tem gerado revolta e indignação”.
Camargo entregou à polícia vídeos e disse que por meio deles o adjunto realiza
suposto “discurso de ódio” na internet. Camargo adiantou que tomaria as medidas
legais contra o secretário-adjunto.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Subseção Nova Odessa,
emitiu uma nota de repúdio condenando qualquer ato de homofobia. A entidade
ressaltou a importância de promover uma “convivência pacífica e respeitosa”,
defendendo a dignidade humana e um Brasil “livre de discriminação e violência”.
O prefeito Leitinho também se posicionou sobre o caso,
afirmando que repudia qualquer forma de intolerância ou preconceito. “Não
compactuamos nem toleramos esse tipo de postura em nossa gestão, que é a mais
inclusiva e plural da história de Nova Odessa”, destacou.
O Brasil reconhece a homofobia como crime imprescritível e inafiançável, e o caso reacendeu debates sobre o assunto. Em nota nesta quinta-feira (23), Leitinho disse que já esclareceu que não compactua nem aceita qualquer tipo de intolerância ou preconceito em sua gestão.
“Lucas Camargo foi responsável pelo Departamento de Cultura e Turismo do Município por 2 anos, com total autonomia e reconhecimento pelos excelentes serviços prestados ao povo de Nova Odessa na área”, disse a Prefeitura, em nota.
O prefeito disse que acompanha os desdobramentos da situação
relatada envolvendo supostas declarações de Moisés Lima, e ainda não manifestou
ou emitiu qualquer juízo de valor neste caso específico.
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