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De cidade de construções horizontais aos arranha-céus

HORTOLÂNDIA 31 ANOS 

Já são 84 condomínios verticais erguidos na cidade que, juntos, somam 18,6 mil apartamentos e uma população de 38,6 mil pessoas morando em edifícios

O jeito de morar dos moradores de Hortolândia também mudou no decorrer dos seus 31 anos de história. A fotografia urbana do município, antes caracterizada por construções horizontais, sem edifícios, é coisa do passado. Agora, o hortolandense quer morar nas alturas, com mais segurança e a qualidade de vida que esses residenciais prometem. De 2010 para cá, a cidade recebeu da iniciativa privada 84 condomínios verticais que, juntos, somam 18,6 mil apartamentos e correspondem a uma população de 38,6 mil pessoas morando em edifícios.

Os dados foram levantados pela Secretaria de Planejamento Urbano e Gestão Estratégica da Prefeitura, a pedido do Tribuna Liberal. Segundo o órgão, outros 28 empreendimentos já estão aprovados, o que significa a construção de mais 5,7 mil apartamentos. Atualmente, sete projetos, com 923 unidades habitacionais, estão em análise.

O bancário Marcus Vinicius Rodrigues dos Santos, 32 anos, escolheu morar em apartamento, com a mulher Bianca e o filho Gabriel, de um ano e seis meses. Ele investiu o dinheiro que veio de uma promoção no banco onde trabalha para financiar o apartamento no Residencial Belvedere, localizado no na região do Jd. Nossa Senhora de Fátima.

“As vantagens que vejo de morar em apartamento é a segurança, sem dúvida alguma. Chegar em casa e descer do carro tranquilamente, sem a preocupação de ser assaltado, principalmente agora que tenho filho. Além disso, temos as opções de lazer que o condomínio nos fornece, a exemplo da piscina”, destaca Santos.

A praticidade na rotina também conta. “Não preciso me preocupar com a entrega de produtos/encomendas porque sempre tem alguém pra receber. Hoje, a grande maioria dos condomínios tem minimercado 24 horas e nem é preciso sair do prédio pra comprar algo que estamos precisando pra nossa casa”, observa o bancário.

De olho nesse perfil de consumidor, incorporadoras como a Longitude decidiram investir na construção de edifícios residenciais em Hortolândia. “A cidade está em expansão, tem PIB alto, potencial de consumo para imóveis de alto padrão, está em volta de Campinas. Então, identificamos em nossos estudos de mercado a demanda por esse tipo de imóvel. A gente atrai também moradores de Campinas porque o custo benefício compensa para quem mora lá comprar um apartamento em Hortolândia”, explica o gestor comercial da empresa, Julio César Pasqual.

Atualmente, são seis residenciais implantados na cidade, totalizando 1.600 apartamentos. Desses, 1.200 já foram vendidos e outros 400 estão disponíveis para comercialização. A renda média de quem adquire os imóveis é de R$ 2,3 mil a R$ 5 mil mensais, segundo Pasqual.

Ainda neste ano, a Longitude pretende lançar a comercialização de mais 600 apartamentos na cidade e outras 1.000 unidades em 2023, adianta o gestor comercial da incorporadora.

O condomínio de alto padrão, Torre Saint Michael, localizado no Parque Gabriel é outro exemplo de investimento. Os proprietários do prédio, Oleibe Anna Dal Mas Margato e Misael Margato, inauguraram o espaço, em abril. O empreendimento conta com 58 apartamentos. Cada andar possui quatro imóveis, sendo dois de 104 m² e dois de 124 m².

Os imóveis contam com dois dormitórios, uma suíte, quatro banheiros, área gourmet e ponto de ar condicionado já instalado. Além disso, o prédio conta com dois salões de festas com cozinha, sauna, ofurô, academia, salão de jogos, brinquedoteca, duas piscinas, jardim e solário, estacionamento com vagas para dois carros e estacionamento para visitantes.

Emprego e renda x impacto na qualidade de vida

 Ao mesmo tempo em que o boom de condomínios verticais traz reflexos positivos para a economia local, principalmente pela geração de emprego no setor da construção civil e fomentação do comércio, também amplia a demanda de serviços públicos, observa o secretário de Planejamento Urbano e Gestão Estratégica, Carlos Roberto Prataviera Júnior.

“São inúmeros desafios ao planejamento urbano, que procura prospectar as demandas futuras de serviços públicos de saúde, educação e os impactos na mobilidade urbana”, enumera o secretário.

Para repensar o impacto de novos condomínios verticais na qualidade de vida da cidade, a Prefeitura informa que suspendeu, temporariamente, a aprovação de novos empreendimentos.

“Queremos criar e aplicar indicadores de qualidade na tomada de decisões sobre a aprovação de novos projetos com o objetivo de reduzir impactos futuros na qualidade de vida dos moradores. E, assim, evitar problemas urbanos típicos de cidade que verticalizaram suas construções, sem planejamento”, previne-se Prataviera Júnior.

Potencial de consumo e localização na RMC atraem novos empreendimentos

Para o presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), José Augusto Viana Neto, a elevação do potencial de consumo de Hortolândia aliado à localização da cidade na RMC (Região Metropolitana de Campinas), um dos maiores centros de desenvolvimento econômico do Estado, explicam o boom de edifícios residenciais na cidade.

Segundo Viana Neto, esses empreendimentos atendem a famílias das classes média e alta, cujas rendas variam de R$ 8 mil a 15 mil mensais, respectivamente. “São pessoas com alto poder de aquisição desse tipo de imóvel, seja para morar ou investir, porque apresentam uma valorização de 15 a 20% entre a aquisição e a entrega das chaves”, explica o presidente do Creci.

Viana Neto observa que há uma tendência das pessoas migrarem dos grandes centros urbanos para cidades do interior, em busca de mais qualidade de vida, cenário que favorece o mercado imobiliário em municípios como Hortolândia. “Novos empreendimentos são lançados com muita velocidade no interior. A economia está ruim, mas os financiamentos imobiliários acontecem mesmo com o aumento das taxas de juros”, afirma o presidente do Creci. Outro fator, segundo Viana Neto, é a procura de imóveis maiores por causa do trabalho em home office, incorporado à rotina das famílias durante a pandemia. “Esse é o efeito positivo do lockdown surpresa para o mercado imobiliário. Quem morava em apartamento com dois quartos, por exemplo, passou a buscar imóveis com mais um cômodo para trabalhar em home com mais conforto”.

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