Crea-SP tem liderança feminina na gestão e quer mais mulheres
Da Redação | Tribuna Liberal
O ritmo da inovação na administração pública é sempre apontado como mais lento quando comparado ao setor privado. Seria isso porque dos 91 milhões de trabalhadores brasileiros, apenas 11,3 mi (12,45%) são funcionários públicos? Ou por que esses ambientes ainda precisam enfrentar grandes desafios para se tornarem mais diversos?
No Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo, o Crea-SP, órgão com atuação também nas cidades de Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Paulínia e Monte Mor, as mulheres compõem mais de 54% do quadro funcional, 32% estão em cargos de liderança e uma na maior cadeira da autarquia, a da Presidência. O resultado disso é uma transformação contínua para melhoria de processos baseada em inovação, com entregas mais humanas e que refletem no dia a dia do principal público do Crea-SP, os profissionais da área tecnológica.
O exemplo máximo está na fiscalização: de 2015 a 2023, as operações fiscalizatórias aumentaram 2.670%. No ano passado, a expectativa, que era de chegar a 600 mil operações, foi ultrapassada ainda em novembro e o ano fechou com 774.299 ações realizadas. “Foi preciso um trabalho conjunto de muitas áreas para que isso acontecesse. Mas, quando assumi a Superintendência de Fiscalização, um cargo que era sempre ocupado por homens no passado, já sabia que um dos desafios era inspirar os e as agentes fiscais, e promover melhorias no setor”, conta a engenheira Maria Edith dos Santos, que ocupa a função desde 2016 e é funcionária pública na autarquia há 40 anos.
A atual presidente do Crea-SP, engenheira Lígia Mackey, reconhece o potencial inovador que têm as lideranças femininas. Ela construiu a carreira no setor privado, mas, atuando há 30 anos na construção civil, se deparou com muitas situações e viu uma oportunidade de melhorar esse mercado ao participar da tomada de decisão sobre sua profissão. “Quando fiz a faculdade, fui a quinta engenheira formada na minha cidade, em Rio Claro. Isso mostra um pouco como era a realidade naquela época”, relata. “Eu chegava na obra e perguntavam ‘quem é essa menina?’. Encarei aquilo e fiz da engenharia a minha vida, mas não pode ser só minha, tem outras tantas meninas e mulheres que merecem sonhar e viver esse sonho também”, defende.
A equidade de gênero se tornou uma das principais bandeiras da engenheira ainda em 2022, quando ela foi vice-presidente e assumiu a Presidência do Conselho por um período de afastamento do presidente eleito. Em 2023, quando lançou sua candidatura, ela fez do desafio uma meta, e, agora, já eleita, encontra uma nova realidade. Com ela, vieram outras três engenheiras para a diretoria do Crea-SP que, no ano passado, contava apenas com duas mulheres. “Meu compromisso é abrir portas para outras profissionais que desejam e precisam assumir cargos de liderança para levar esse legado adiante”, afirma Lígia.
Pesquisas confirmam que a tendência é esta mesmo. Em levantamento, a organização Leadership Circle analisou mais de 84 mil líderes e 1,5 milhão de funcionários que avaliaram suas lideranças. Nas respostas, as lideranças femininas de diferentes níveis e idades foram mais associadas à eficácia.
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