Consimares fomentará cooperativas de reciclagem para gerar renda na região
Consórcio finaliza estudo com plano para orientar a implantação do projeto em Sumaré, Monte Mor, Elias Fausto e Capivari, que são municípios que ainda não contam com a coleta seletiva de resíduos
O Consimares (Consórcio Intermunicipal de Manejo de Resíduos Sólidos) realiza estudo para formação de cooperativas de resíduos recicláveis em quatro municípios que integram o Consórcio: Sumaré, Monte Mor, Elias Fausto e Capivari. O anúncio foi feito ao Tribuna Liberal, nesta semana, pelo prefeito de Elias Fausto e presidente do Consórcio, Mauricio Baroni.
Inicialmente, a implantação das cooperativas deve gerar trabalho e renda para cerca de 200 famílias, estima o Consimares que abrange sete cidades (Capivari, Elias Fausto, Hortolândia, Monte Mor, Nova Odessa, Santa Bárbara d´Oeste e Sumaré), onde vivem cerca de 1 milhão de habitantes.
De acordo com Baroni, o estudo em andamento será concluído até novembro. A partir desse diagnóstico, os municípios terão um plano de ação para implantar a coleta seletiva por meio da formação de cooperativas de reciclagem.
“Assim que o estudo for finalizado, vamos apresentar para os prefeitos e conversar sobre o plano de ação proposto. O trabalho será conjunto. Queremos incentivar a geração de trabalho e renda por meio de cooperativas de catadores”, afirma Baroni.
Dados do Plano Intermunicipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, de 2021, revelam que, juntas, as quatro cidades produzem 81,3 mil toneladas de resíduos secos (plásticos diversos, papel, alumínio, vidro, dentre outros) com potencial de reciclagem, que poderiam ser desviados dos aterros. A população das quatro cidades é de mais de 420 mil habitantes.
“Cerca de 30% do que chega aos aterros tem potencial de reciclagem. Mas, nem todo material seco é reciclável, tem valor econômico. Um exemplo são aquelas garrafinhas de leite com três camadas, que acabam voltando para os aterros”, explica o superintendente do Consimares, Valdemir Aparecido Ravagnani.
Segundo ele, o incentivo à formação de cooperativas ou associações de reciclagem nos municípios atende às diretrizes do Plano Intermunicipal do Consimares. A meta é implantar 16 cooperativas com galpões de reciclagem nas sete cidades que fazem parte do Consórcio até 2032. “Queremos e trabalhamos para atingir essas metas bem antes”, afirma o superintendente.
Por enquanto, somente os municípios de Hortolândia, Nova Odessa e Santa Bárbara d´Oeste realizam programas de coleta seletiva em parceria com cooperativas. Juntos, esses municípios comercializam cerca de 200 toneladas mensais de resíduos recicláveis, aponta relatório do Consórcio.
Com a prática do estudo em andamento, o Consimares pretende formar uma rede de cooperativas de recicláveis, que atuem de modo organizado e profissional, como se fossem uma empresa, com geração de trabalho e renda nos municípios. “As cooperativas trazem dignidade, benefícios econômicos e sociais aos catadores, com ampliação de renda, ambiente apropriado de trabalho, além de nos colocar em direção a uma economia mais circular dos resíduos”, diz Baroni.
Do ponto de vista ambiental, o objetivo é promover o descarte correto de recicláveis por meio da coleta seletiva e evitar que os detritos contaminem o meio ambiente quando chegam aos aterros sanitários misturados com o lixo orgânico. “Com as ações do Consórcio, a tendência é padronizar o tratamento de resíduos nos municípios com coleta mecanizada, ecopontos, coleta seletiva e logística reversa, com guias de como a população deve proceder”, planeja o presidente do Consimares.
DESAFIO CONJUNTO
“Queremos que os municípios entendam essa política pública, que os prefeitos tenham visão a longo prazo, mas não tão longo assim, porque são questões urgentes do ponto de vista ambiental. O Consórcio tem a tarefa de garantir que a gestão desses resíduos seja feita de forma adequada, sem riscos ambientais e à saúde das pessoas, mas isso deve ser assumido por governos, empresas e cidadãos também. Nosso papel é orientar, auxiliar”, completa Baroni.
O prefeito de Elias Fausto conta que já se prepara para fazer a coleta seletiva virar realidade na sua cidade por meio da implantação de cooperativa de reciclagem. “Vamos construir um galpão de 1 mil metros quadrados para abrigar cooperativa no nosso distrito industrial, com previsão de que ela esteja em pleno funcionamento até o final de 2023”, adianta o prefeito. A cidade de cerca de 18 mil habitantes produz 3,5 mil toneladas/ dia de resíduos secos com potencial para reciclagem, mas que são destinados ao aterro sanitário por falta da coleta seletiva.
Nova Odessa abrigará piloto de usina de compostagem
O município de Nova Odessa vai abrigar o projeto piloto da usina de compostagem para reaproveitamento de resíduos orgânicos, cujo modelo será desenvolvido por uma empresa contratada pelo Consimares. A ideia é levar a experiência para os sete municípios que compõem o Consórcio, segundo Mauricio Baroni, presidente do órgão.
“Vamos iniciar o projeto em Nova Odessa para futuros passos, pois 64% do nosso lixo é de produtos de origem orgânica”, assinala o presidente do Consimares.
A usina de compostagem deve entrar em operação em novembro. De acordo com o superintendente do Consórcio, Valdemir Ravagnani, a usina receberá resíduos de poda de árvore, restos de frutas, verduras e legumes de feiras livres, além de resíduos orgânicos produzidos por escolas.
Após o processo de compostagem, os resíduos serão transformados em adubo e doados para agricultores familiares de assentamentos rurais de Nova Odessa e para quem cultiva hortas comunitárias. “Teremos os primeiros produtos resultantes da compostagem, 120 dias depois do início das atividades”, estima o superintendente.
Segundo o Consimares, entre os benefícios da usina de compostagem para o meio ambiente estão a diminuição do descarte de lixo orgânico nos aterros sanitários, o que reduz a contaminação do solo, da água e do ar, além de evitar a emissão de gases poluentes causadores do efeito estufa.
Hortolândia e Santa Bárbara d’Oeste servirão de exemplos
Hortolândia e Santa Bárbara d’Oeste servirão de modelo para os municípios do Consórcio interessados em implantar a coleta por meio de cooperativas ou associações de catadores com o auxílio do estudo do Consimares, segundo Baroni.
Em Hortolândia, a Cooperativa Águia de Ouro gera emprego e renda para 23 catadoras. A remuneração mensal é, em média, R$ 2 mil, segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
É para a cooperativa, parceira da Prefeitura, que são levados os materiais recicláveis recolhidos nos PEVs (Pontos de Entrega Voluntária) e LEVs (Locais de Entrega Voluntária) e pelo serviço de coleta seletiva porta a porta.
Em Santa Bárbara d´Oeste, existem duas cooperativas de recicláveis, segundo relatório do Consimares, divulgado em 2021. Lá a coleta de recicláveis gera renda para 44 pessoas.
São casos de sucesso, por meio da organização e profissionalização dos cooperados, segundo o Consórcio. São bons exemplos a serem copiados”, elogia Baroni.
Consórcio disponibilizará usina móvel de resíduos da construção civil
A partir de janeiro do ano que vem, o Consimares disponibilizará aos municípios conveniados a Usina Móvel de Resíduos da Construção Civil, composta por um caminhão conjugado a um equipamento móvel que tritura e recicla entulhos. A capacidade é para o tratamento de 100 toneladas/hora de resíduos.
De acordo com o presidente do Consimares, Maurício Baroni, os restos de construção civil são um dos resíduos mais gerados pelos municípios. Ele exemplifica que enquanto a média de lixo gerado por habitante é de 380 kg por ano, os detritos de construção civil são de 560 kg.
“Com a pandemia, o número de reformas e construções aumentaram muito e, nem sempre, esses resíduos são descartados de modo correto. Essa usina móvel vai ajudar os municípios a descartarem e tratarem os restos de construção de modo correto e reaproveitá-los”, observa Baroni.
A previsão do Consórcio é de que até janeiro do ano que vem a usina já esteja disponível para o rodízio entre os municípios conveniados que tiverem interesse na parceria. O Consimares informa que já recebeu o caminhão que compõe o equipamento. Agora, falta a estrutura da usina, prevista para chegar em novembro.
Após a reciclagem, os entulhos são transformados numa espécie de brita que pode ser utilizada na manutenção e recuperação de estradas rurais e na fabricação de passeios de praças, prédios públicos e pátios de escolas.
A Usina Móvel do Consimares é uma parceria com o governo do Estado, por meio do Programa SP+Consórcios. O objetivo do programa, segundo o governo estadual, é estimular a atividade consorciada em diversas frentes em prol do desenvolvimento regional.
No caso da usina móvel itinerante a proposta é auxiliar as prefeituras integrantes do consórcio na gestão de detritos da construção civil e com a promoção da reciclagem.
De acordo com o governo do Estado, o investimento é de R$ 3,2 milhões por unidade. No total, o Governo deve investir mais de R$ 87 milhões em 27 consórcios de municípios. O equipamento conjuga um caminhão tipo cavalo mecânico a um móvel de reciclagem capaz de triturar de 80 a 100 toneladas por hora.
O programa estimula a união de prefeituras na atividade consorciada pelo crescimento econômico. Em São Paulo, atualmente, 570 municípios participam de algum tipo de consórcio.
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