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Cetesb realizou vistoria na Estação de Tratamento de Esgoto de Nova Odessa

Cetesb descarta mortandade de peixes por suposto despejo irregular de esgoto na ETE Quilombo

Em janeiro, milhares de peixes morreram no rio devido ao elevado volume de algas entre a Represa de Salto Grande até a cidade de Piracicaba e não teria relação com a Coden

Paulo Medina | Tribuna Liberal

Em meio às apurações envolvendo a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Quilombo, em Nova Odessa, especialistas da Cetesb (Companhia Ambiental de São Paulo) apontaram a falta de oxigênio como causa de uma tragédia ambiental ocorrida no leito do Rio Piracicaba, que resultou na mortandade de peixes ao longo do trecho entre a Represa de Salto Grande, em Americana, até Piracicaba. O caso ocorreu em janeiro deste ano e não teria relação com suposto despejo irregular de esgoto na ETE Quilombo, que culminou com a prisão de dois funcionários da Coden (Companhia de Desenvolvimento de Nova Odessa).

A elevada quantidade de algas foi identificada como o fator desencadeante da diminuição dos níveis de oxigênio na água. As algas, alimentadas por nutrientes presentes no ambiente, proliferaram, formando uma camada densa na superfície do rio. Esse fenômeno, conhecido como floração de algas, acabou por comprometer a oxigenação da água, resultando em condições inadequadas para a sobrevivência dos peixes. 

A Represa de Salto Grande, ponto inicial do problema, foi identificada como um local crítico. A partir desse ponto, a mortandade de peixes foi constatada, causando impactos na fauna aquática e no ecossistema local. Nesta quarta-feira (21), a Cetesb informou que iniciou uma investigação após receber uma denúncia decorrente de um possível despejo irregular de esgoto na ETE Quilombo. A vistoria, realizada em 20 de fevereiro, visa avaliar os impactos ambientais e determinar as ações administrativas necessárias.

“A Cetesb iniciou investigação sobre a denúncia e realizou uma vistoria, em 20/02. Nos próximos dias, deverá concluir os levantamentos, visando tomar as ações administrativas cabíveis”, informou, em nota.

Na terça, o diretor-presidente da Coden Ambiental, o biólogo Elsio Boccaletto afirmou que a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Quilombo de Nova Odessa segue funcionando normalmente, atendendo “a todos os padrões ambientais e que não possui quaisquer vazamentos de esgoto in natura”. A declaração ocorreu depois da prisão, nesta segunda, do diretor técnico da Coden, Rean Gustavo Sobrinho, e da responsável da ETE, Camila Jorge Gomes, que é engenheira química. Ambos foram autuados por suposto crime ambiental e liberados depois do pagamento de fiança.

Segundo Boccaletto, além de atender aos critérios ambientais vigentes, a ETE Quilombo conta com todo o licenciamento ambiental e tem seu funcionamento acompanhado mensalmente pela Agência Ambiental Regional da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) “sem problemas recentes”.

Na segunda, uma denúncia de suposto “vazamento” e despejo de esgoto in natura no Ribeirão Quilombo levou a Polícia Civil à ETE Quilombo, às margens da Rodovia Astrônomo Jean Nicolini.

Peritos teriam constatado efluentes não tratados “escapando” de uma tubulação. Na ocasião, dois engenheiros da companhia foram detidos, levados à Central Judiciária de Americana, onde foram autuados pelo suposto crime ambiental e liberados após pagamento de fiança.

Segundo Boccaletto, no entanto, o que os policiais viram foi um sistema de proteção da própria ETE Quilombo em funcionamento, como previsto desde a fase de projeto e ao longo dos 12 anos de operação da Estação, inaugurada em dezembro de 2012 e que conta com tecnologia holandesa. Trata-se de um “ladrão” – ou extravasor – instalado no final da rede coletora de esgoto, logo antes dos efluentes chegarem à ETE, que deixa “escapar” o excesso de volume de água em momentos de chuva forte, por exemplo. 

Caso entrasse em grande volume na ETE, essa água em excesso poderia causar danos aos equipamentos ou às bactérias que fazem a “limpeza” do esgoto. Parte do projeto original e construído junto ao restante da ETE, o sistema serve, por exemplo, para permitir a realização de manutenções programadas ou emergenciais na própria Estação, explicou a Coden. Esse volume em excesso quando chove acontece porque muitas pessoas ligam suas calhas domésticas (que captam água das chuvas) direto na rede de esgoto da cidade, o que é proibido, afirma.

“Trata-se de lançamento clandestino de água de chuva na rede de esgoto, o que não é permitido por lei. Fizemos análises preliminares na mesma água que a Polícia Civil coletou e ficou demonstrado que se trata basicamente de água de enxurrada”, ressaltou o biólogo. A companhia não descarta a hipótese de que o extravasor tenha sido eventualmente acionado por outra razão, sem o conhecimento da Coden.

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