No primeiro semestre deste ano, o animal peçonhento picou 1.429 pessoas nos municípios da região de Campinas, incluindo Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor e Paulínia; aumento foi de 5% em comparação com o ano passado, quando foram registrados 1.364 ocorrências no mesmo período 

Beth Soares | Tribuna Liberal  

Na semana passada, o mecânico Ronaldo Soares da Silva, 47 anos, morador de Hortolândia, levou um susto ao encontrar um escorpião dentro de casa, ‘passeando’ pelo corredor que dá acesso ao banheiro. Matou o animal peçonhento e livrou os pais idosos, da possibilidade de serem picados pelo aracnídeo.

Mas, nem sempre, é possível evitar acidentes com escorpiões. Somente no primeiro semestre deste ano, foram registrados 1.429 casos de acidentes por picada de escorpião nos municípios da região de Campinas, que inclui Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor e Paulínia. Os dados são do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. 

As estatísticas do Estado mostram que o número de vítimas de picada de escorpião na região de Campinas é 5% maior, nos seis primeiros meses deste ano, se comparado com o mesmo período de 2023, quando 1.364 ocorrências foram registradas, conforme noticiou o Tribuna Liberal.  

“Fatores como o aumento da urbanização, desmatamento, turismo ecológico e alterações climáticas podem estar relacionados ao crescimento de casos. O aumento da oferta de detritos alimentares proporciona um ambiente ideal para a proliferação de roedores e baratas que, por sua vez, possibilita aumento do número de serpentes, escorpiões e aranhas em convívio mais próximo com o ser humano”, explicou a médica veterinária do CVE, Gisele Freitas, no lançamento da ferramenta tecnológica que ajuda a localizar pontos de atendimento a vítima de animal peçonhento (veja reportagem abaixo). 

Segundo especialistas, os meses de agosto e setembro é o período de maior reprodução de escorpiões. Eles gostam de clima quente e úmido, por isso, a maior incidência de acidentes pela picada venenosa do aracnídeo é entre os meses de setembro a março. De acordo com o CVE, atualmente, devido às constantes altas temperaturas, acidentes escorpiônicos ocorrem, com frequência, ao longo de todo o ano. 

O escorpião costuma buscar refúgio em locais com amontoados de madeira, pedras, fendas de parede ou atrás de móveis. Gostam de ambientes escuros e se alimentam de baratas. Por isso, manter o quintal limpo, livre de entulhos é uma das principais formas de evitar a “visita” indesejada do bicho, alertam as secretarias municipais de saúde da região. 

Em Nova Odessa, a Prefeitura informou que realiza trabalhos preventivos para evitar acidentes com escorpiões. “Realizamos o controle de baratas nos PVs (tampas) da rede de esgoto, que começou no dia 1º. Realizamos visitas nas residências com aparecimento de escorpiões e prestamos orientações. Também realizamos, diariamente, a retirada de materiais inservíveis que possam servir de esconderijos para os escorpiões”, assinala Paula Faciulli, médica veterinária e coordenadora do Setor de Zoonoses da Prefeitura de Nova Odessa. 

No ano passado, a cidade registrou 110 acidentes com escorpião, 39,24% a mais que em 2022, quando foram comunicados 79 acidentes. Neste ano, já são 47 acidentes registrados até quarta-feira (8), informa a Prefeitura de Nova Odessa. “Foram acidentes leves, nenhum caso grave. Em caso de acidente, a pessoa deve procurar imediatamente o Pronto Socorro do Hospital e Maternidade Municipal”, orienta Paula Mestriner, enfermeira e coordenadora do Setor de Vigilância Epidemiológica. 

Sumaré conscientiza os moradores dos perigos do escorpião por meio do site, redes sociais e panfletos. A orientação do Setor de Zoonoses é que ao encontrar animais peçonhentos o morador deve entrar em contato com o órgão para agendar uma visita técnica dos agentes de zoonoses. Na visita, os profissionais orientam sobre medidas de prevenção, dentre elas, evitar acúmulo de entulho no quintal. 

Segundo dados da Vigilância Epidemiológica de Sumaré, em 2022 foram registrados 218 acidentes com escorpião. Já no ano passado, 315 pessoas foram picadas, um aumento de 44,49%. Nenhum óbito foi registrado. 

De acordo com a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Sumaré, pessoas que sofrerem algum acidente com animal peçonhento devem procurar, imediatamente, uma das unidades de Urgência e Emergência (PAs e UPAs). No caso de picadas em crianças de até 10 anos, o atendimento é realizado diretamente no Hospital Estadual Sumaré.  

Em Monte Mor, o primeiro atendimento, em caso de picada, é feito na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) João Brischi, no Jardim Paulista, ou no Hospital Beneficente Sagrado Coração de Jesus, na região central, segundo a Assessoria de Imprensa da Prefeitura. Caso seja necessário a aplicação do soro antiescorpiônico, o paciente é encaminhado para um centro de referência. 

CUIDADO DIÁRIO 

De acordo com a Vigilância Epidemiológica de Hortolândia, órgão da Secretaria Municipal de Saúde, foram registrados no município 229 acidentes com escorpião no ano passado, sem óbitos. O número é 32,36% maior se comparado com 2022, quando foram notificados 173 acidentes, também sem óbitos. 

A UVZ (Unidade de Vigilância de Zoonoses) de Hortolândia informou que são realizadas ações diárias de vigilância e controle de escorpiões, com visitação casa a casa nas áreas onde há concentração de notificações de encontro do aracnídeo ou acidentes, além de instalação e monitoramento de armadilhas em áreas identificadas como críticas. 

Durante as ações, a população recebe orientações sobre como evitar adentramento e alojamento de escorpião nos imóveis, além dos cuidados sobre como evitar acidentes e, caso ocorram, como buscar ajuda. 

Em caso de picada de escorpião, a vítima deve lavar o local com água e sabão e procurar o Hospital Municipal Mario Covas ou as UPAS (Unidades de Pronto Atendimento) do município. Se possível, levar o animal peçonhento que causou o acidente.  

Mapa interativo ajuda localizar pontos de atendimento a vítimas de animal peçonhento no Estado 

No início deste ano, a SES (Secretaria de Estado da Saúde) lançou uma ferramenta online para facilitar a localização e identificação dos 220 pontos de atendimento soroterápico para vítimas de escorpião, aranha, serpente e lagartas. O Mapa Interativo, desenvolvido pelo CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), fornece as informações necessárias para buscar ajuda em emergências, sobretudo, no período quente e chuvoso, época em que este tipo de acidente mais acontece. Para acessar a ferramenta, clique no endereço: https://cievs.saude.sp.gov.br/soro/. 

De acordo com o CVE, em 2023, o Estado de São Paulo registrou 70.800 acidentes notificados com animais peçonhentos e 23 óbitos, sendo que 444 acidentes ocorreram na capital. Os municípios com mais registros foram Araçatuba (7.340 casos), São José do Rio Preto (6.753 casos) e Ribeirão Preto (4.174 casos). 

Além de facilitar a localização dos pontos de distribuição de soro, o Mapa Interativo visa diminuir o tempo entre o acidente e o tratamento, possibilitando que a vítima seja levada imediatamente ao serviço de saúde mais próximo e receba o tratamento adequado em um menor espaço de tempo. 

Crianças de até 10 anos precisam receber o soro antiescorpiônico em até 1h30 após terem sido picadas por escorpião. “Se uma criança saudável começar a chorar intensamente e aparentar muita dor, é necessário pensar em acidente com escorpião e procurar atendimento médico imediatamente”, explicou a médica veterinária do CVE, Gisele Freitas.       

 COMO EVITAR O APARECIMENTO DE ESCORPIÃO?