Sumaré fica fora da lista de cidades que terão verba adicional do Fundeb
Lei federal estipula que a complementação do Valor Aluno Ano Resultado seja distribuída a municípios que reduziram desigualdades educacionais e atingiram a participação de alunos em exames; gestão passada não atendeu critérios
Paulo Medina | Tribuna Liberal
Sumaré não receberá a complementação-VAAR (Valor Aluno Ano Resultado) do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) em 2025. A informação foi confirmada pelo Ministério da Educação (MEC) e consta em publicação oficial datada de 27 de dezembro de 2024, no final da gestão do ex-prefeito Luiz Dalben (PSD).
De acordo com dados do governo federal, obtidos
pelo Tribuna Liberal, Sumaré foi inabilitada para receber a verba adicional por
não alcançar os indicadores necessários de evolução no atendimento da
aprendizagem, além de não reduzir as desigualdades educacionais. Esses
critérios são exigidos pela lei federal 14.113/2020, que regulamenta o Fundeb.
O artigo 14 da Lei nº 14.113/2020 estabelece que a
complementação-VAAR é distribuída apenas às redes públicas de ensino que
alcançarem a participação de pelo menos 80% dos estudantes de cada ano escolar
nos exames nacionais do sistema de avaliação da educação básica, além de
reduzirem desigualdades educacionais socioeconômicas e raciais, conforme os
mesmos exames. Esses critérios visam garantir que os recursos adicionais
cheguem às redes que demonstrem avanços na qualidade da educação e na equidade
do ensino público.
Mesmo sem a complementação-VAAR, o total das receitas do
Fundeb previstas para Sumaré em 2025 chega a R$ 193.691.810,40. No entanto, o município
perdeu a oportunidade de receber recursos adicionais que poderiam ser
investidos na melhoria de sua rede de ensino, especialmente no enfrentamento de
desigualdades.
A publicação que oficializou a inabilitação da cidade foi
feita no fim da gestão do ex-prefeito Luiz Dalben. A nova administração terá o
desafio de atender aos critérios do Fundeb e garantir que Sumaré seja elegível
para a complementação-VAAR em anos futuros.
Os Ministérios da Educação e da Fazenda publicaram no final
de dezembro portaria com as estimativas do Fundeb para 2025. O fundo somará R$
325,5 bilhões neste ano, um aumento de R$ 19,8 bilhões em relação a 2024, o que
representa 6,48% de acréscimo no financiamento da educação básica.
Com base nas estimativas, a receita do Fundeb em 2025 será
composta por R$ 269 bilhões provenientes das contribuições dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios, bem como por R$ 56,5 bilhões de
complementação federal. O cálculo foi realizado pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação, autarquia vinculada ao MEC. A complementação
federal será aumentada em R$ 7,7 bilhões, um total de 15,8% a mais em relação
ao ano anterior.
“Com o financiamento maior, vamos valorizar ainda mais os
nossos profissionais da educação e melhorar a infraestrutura das nossas
escolas. Dinheiro para a educação não é gasto, é investimento nas pessoas e no
país”, afirmou o governo federal.
Um dos principais focos do fundo é a valorização dos
profissionais da educação, com um mínimo de 70% dos recursos sendo destinados a
despesas de pessoal. O restante, de até 30%, deve ser aplicado pelas esferas
federativas nas demais ações de manutenção e desenvolvimento do ensino,
promovendo melhorias na infraestrutura das escolas e na qualidade do ensino.
O novo Fundeb, implementado a partir de 2021, prevê uma
complementação federal progressiva até alcançar 23% do total das receitas,
conforme a legislação. Em 2025, o percentual de complementação federal será de
21%, distribuído em três modalidades: Valor Anual por Aluno (Vaaf), com R$ 26,9
bilhões; Valor Anual Total por Aluno (Vaat), com R$ 24,2 bilhões; e Vaar
(indicador que Sumaré não terá em 2025) decorrente da complementação do Valor
Aluno Ano Resultado (Vaar), com R$ 5,4 bilhões. Esse percentual de 21%
representa mais do que o dobro da complementação de 10% praticada no antigo
Fundeb, entre 2007 e 2020, segundo a União.
“O Fundeb é um pilar
fundamental para a equidade no acesso à educação pública de qualidade em todo o
Brasil. Com esse aumento significativo de recursos, estamos garantindo mais
oportunidades de valorização para os profissionais da educação e melhorando a
infraestrutura escolar, impactando diretamente o futuro de nossas crianças e
jovens”, afirmou Fernanda Pacobahyba, presidente do FNDE (Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação).
O FNDE é responsável pela gestão e execução do Fundeb,
coordenando a distribuição dos recursos para garantir a aplicação dos valores
em todo o território nacional. Os recursos serão repassados em 13 parcelas
mensais, de janeiro de 2025 a janeiro de 2026, conforme os cronogramas
previstos na Portaria Interministerial nº 14/2024.
DEMAIS CIDADES TAMBÉM FICARÃO SEM COMPLEMENTAÇÃO DO FUNDEB
As cidades de Monte Mor, Paulínia, Nova Odessa e Hortolândia
também não receberão o complemento de valores do Valor Anual por Aluno
Referência (VAAR) pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica, o Fundeb. Isso ocorre devido ao não cumprimento das exigências da Lei
nº 14.113/2020.
De acordo com o Ministério da Educação, as exigências dizem
respeito à redução das desigualdades educacionais socioeconômicas e raciais,
medida pelos resultados nos exames nacionais do Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Básica (Saeb). Esses critérios levam em consideração as
especificidades das comunidades indígenas e outras realidades educacionais
locais.
Na região, apenas Sumaré apresentou o cenário mais
preocupante, sendo reprovada em dois quesitos. Além de não ter reduzido as
desigualdades educacionais, o município também não atingiu a meta de participação
mínima de 80% dos estudantes em cada ano escolar avaliado nos exames nacionais
do Saeb.
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