Hortolândia ganha selo por avanços na educação para relações étnico-raciais
Selo é reconhecimento público a cidades que promovem ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas; prefeitura adota estratégias como formações gratuitas, exposições artístico-culturais, palestras, webinários e produção de materiais didáticos relacionados ao tema
Da Redação | Tribuna Liberal
A rede municipal de ensino de Hortolândia está entre as 48
redes paulistas (47 municipais e 1 estadual) contempladas com o Selo
“Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva” de Educação para as Relações
Étnico-Raciais, concedido anualmente pelo MEC (Ministério da Educação).
Trata-se de um reconhecimento público feito pelo governo federal às secretarias
de educação brasileiras que desenvolvem políticas, programas e ações voltadas à
formação de profissionais da educação para a implementação da Lei nº 10.639/2003,
que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e
indígena nas escolas.
Um dos objetivos da iniciativa é “promover a equidade racial
na educação” e valorizar as redes públicas de ensino que “estão fazendo ações
que promovem a equidade racial, educação para as relações étnico-raciais e
educação escolar quilombola”, segundo o MEC. As redes selecionadas poderão
inscrever até duas iniciativas e concorrer a um apoio financeiro de
R$200.000,00 por projeto, garantindo a continuidade e o aprimoramento das ações
propostas. O município pretende concorrer com o projeto “Máscaras africanas:
arte, cultura e ancestralidade”.
“Receber o Selo Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva é um
reconhecimento importante do compromisso de Hortolândia com uma educação
antirracista e inclusiva. Esse resultado é fruto de um trabalho coletivo, que
envolve a formação contínua dos nossos professores, a valorização da cultura
afro-brasileira e quilombola no currículo e a promoção de ações que fortalecem
esse trabalho em busca de equidade racial. Esperamos continuar avançando nesse
trabalho para que nossas escolas sejam espaços de conhecimento, respeito e
representatividade para todos”, ressaltou o secretário de Educação, Ciência e
Tecnologia, Fernando Morais.
TEMÁTICA NO DIA A DIA
Segundo a Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, a
temática étnico-racial está presente no cotidiano escolar, em Hortolândia. A
fim de promover uma educação mais justa e equânime, a prefeitura adota diversas
estratégias, tais como formações gratuitas voltadas aos profissionais da
educação, exposições artístico-culturais, palestras, webinários e a produção de
materiais didáticos sobre o tema.
Em 2023, em parceria com o COMPIRH (Conselho Municipal da
Promoção da Igualdade Racial de Hortolândia), a Secretaria de Educação lançou
uma exposição de máscaras com referências africanas, produzidas por professores
de Arte. A mostra, com 30 peças, tem circulado pelas escolas, impactando cerca
de 14,5 mil alunos, educadores e familiares. As peças também foram exibidas ao
público em geral no hall do Novo Paço Municipal, em novembro de 2024.
“Uma educação antirracista busca combater o racismo nas escolas, pela sensibilização e apropriação do conhecimento histórico, de modo a promover junto às crianças e aos estudantes, a capacidade de identificar e minimizar comportamentos, valores e estruturas racistas. Vivemos em um país multicultural e o racismo encontra-se presente e enraizado na sociedade. Assim, o trabalho com a lei 10.639 permite uma educação para a formação de cidadãos conscientes e empáticos”, avalia o diretor de Pedagogia e Formação Continuada, Aparecido Donizeti Chagas de Faria.
“Aplicar a lei não se resume em tratar a temática apenas ou exclusivamente em datas ‘comemorativas’, mas concebê-la como a necessidade de apropriação cultural, ética e histórica através de conhecimentos que descorporifica nossos imaginários, crendices e concepções, construídas erroneamente ao longo da vida. Deve promover o reconhecimento e a valorização da cultura afro e afro-brasileira e não apenas as narrativas eurocêntricas como visão central do mundo e da história, colocando a temática e seus protagonistas como agentes ativos e na construção cultural, social e econômica”, ressalta o educador.
PETRONILHA
Nascida em 1942 em Porto Alegre, é uma renomada educadora,
pesquisadora e ativista brasileira, cuja carreira é marcada pela luta contra o
racismo e pela promoção de uma educação inclusiva. Petronilha teve um papel
crucial na implementação da Lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do
ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas.
PARA SER CONTEMPLADA COM O SELO, HORTOLÂNDIA ATENDEU A
CRITÉRIO ESTABELECIDOS DO MEC.
CONFIRA:
- Adesão à Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola;
- Participação no Diagnóstico Equidade, instrumento de pesquisa sobre a implementação da Lei nº 10.639/2003;
- Pontuação superior
a 50 pontos no Índice de Formação em Educação para as Relações Étnico-Raciais,
requisito para a certificação.
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