Educação
Pandemia fechou escolas e impactou diretamente nos resultados do Saeb e Ideb

Cidades da região ficam acima da média do Estado e do País no Ideb 2021, aponta Inep

Nova Odessa obteve a maior pontuação nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio; Paulínia, Hortolândia e Monte Mor também atingiram bons resultados

Duas cidades da região ficaram acima da média do Estado e do País no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) no ano de 2021, nas séries finais do Ensino Fundamental. Os números foram divulgados nesta sexta-feira (16) pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). 

Nova Odessa e Paulínia obtiveram pontuação superior a 5,3, que foi a média do Estado para o período do 6º ao 9º do Ensino Fundamental. O Ideb nacional para este período foi de 4,9. Hortolândia e Sumaré se mantiveram na média (com exceção da rede municipal de Sumaré, que obteve 5,6) e Monte Mor ficou abaixo dela.

O Ideb é o principal indicador da qualidade dos sistemas educacionais brasileiro. Ele é calculado com base nas médias da Prova Brasil e fluxos de aprovação, reprovação e abandono extraídos do Censo Escolar. Nova Odessa obteve a maior pontuação entre as cidades da região, com 5,7 nas redes estadual e pública. Paulínia atingiu 5,4 em estadual, municipal e pública.

Hortolândia ficou 5,3 nas redes estadual e pública. Sumaré obteve 5,2 na rede estadual, 5,6 na municipal e 5,3 na pública. Monte Mor registrou 5,2 nas redes estadual, municipal e pública.

ENSINO MÉDIO

No Ensino Médio, três cidades da região ficaram acima da média do País, que foi de 4,2, e do Estado, que foi de 4,4. A maior pontuação foi obtida pela rede federal de Hortolândia, com 5,3. O município obteve 4,5 nas redes estadual e pública. Nova Odessa e Monte Mor obtiveram 4,7 nas redes estadual e pública. Paulínia 4,1 na rede estadual e 4,5 na pública e Sumaré, 4,3 na rede estadual e 4,3 na pública.

Segundo nota informativa do Ideb, são consideradas da rede pública escolas públicas urbanas, da rede estadual escolas urbanas da rede estadual, da rede municipal escolas urbanas da rede municipal e da rede federal escolas urbanas da rede federal.

IMPACTO DA PANDEMIA

A nota informativa do Ideb faz uma observação em relação às pontuações obtidas pelas escolas, em razão da pandemia de Covid-19. “A mudança brusca observada nas taxas de aprovação faz com que a interpretação do Ideb 2021 esteja dissociada da série histórica do rendimento e seja entendida sob a ótica das mudanças sociais, psicológicas e econômicas derivadas da pandemia de Covid-19”.

O governo do Estado informou que desde o início da pandemia, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo não mediu esforços para garantir educação de qualidade a todos os estudantes. A oferta das aulas mediadas por tecnologia foi fundamental para a manutenção das atividades durante o fechamento das escolas devido a protocolos sanitários.

Por meio do CMSP (Centro de Mídias), desenvolvido em abril de 2020, os estudantes da rede estadual tiveram acesso às aulas inéditas em tempo real, interatividade e tira-dúvidas com professores das suas turmas, em manutenção ao ensino remoto. O Estado também investiu em avaliações diagnósticas, processuais e formativas, fundamentais para apoiar a recuperação da aprendizagem abalada pelo afastamento dos estudantes.

Ao longo de 2021, o Estado também desenvolveu programas de apoio à recuperação da aprendizagem com iniciativas inovadoras como o Bolsa do Povo Ação Estudantes; o Programa de Recuperação Intensiva durante as férias escolares; o Programa de Recuperação e Aprofundamento, com materiais didáticos adicionais e formação para os professores; o Projeto de Reforço e Recuperação (PRR), com um professor para atendimento personalizado; e o Programa Além da Escola, com aulas acompanhadas por professores via Centro de Mídias de SP e entrega de chips com dados patrocinados.

Outra iniciativa importante e com forte impacto nos resultados educacionais foi a prática pedagógica da Busca Ativa, já realizada pelas escolas com apoio das Diretorias de Ensino e da Secretaria da Educação. A reportagem não conseguiu repercutir os números com as secretarias municipais de Educação.

Em meio à pandemia, aprendizagem cai nas escolas do País

Em meio à pandemia, com escolas fechadas e ensino remoto, o Brasil registrou piora no aprendizado de estudantes em todos os níveis avaliados. A etapa que sofreu o maior impacto foi a da alfabetização, medida no 2º ano do ensino fundamental. Os resultados são do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) 2021 e do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) 2021, divulgados nesta sexta-feira (16) pelo Ministério da Educação e pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

Em coletiva de imprensa, o Inep ressaltou que a divulgação é atípica, por conta da pandemia, e que é preciso ter cuidado ao comparar os resultados, tanto com os resultados obtidos em anos anteriores quanto entre escolas, municípios e Estados.

Os resultados mostram que houve piora em todas as etapas de ensino. A maior queda ocorreu na etapa da alfabetização. A pontuação obtida pelos alunos do 2º ano do ensino fundamental em língua portuguesa passou de 750 pontos em 2019, em média, para 725,5. As pontuações são distribuídas em 8 níveis, de acordo com os conteúdos aprendidos. A queda de 24,5 pontos entre um ano e outro significa que a média brasileira caiu em um nível.

A porcentagem dos estudantes do 2º ano nos três primeiros níveis, ou seja, que não conseguem sequer ler palavras isoladas, passou de 15,5% em 2019 para 33,8%, em 2021. Na outra ponta, a porcentagem daqueles no nível 8, o mais alto, caiu de 5% para 3%.

Em matemática, a porcentagem dos estudantes nos três primeiros níveis passou de 15,9% em 2019 para 22,4% em 2021. Esses estudantes não são capazes de resolver problemas de adição ou subtração. A média nacional caiu de 750 pontos para 741 pontos. Uma queda de 9 pontos. Nesta etapa as provas são aplicadas de forma amostral, a apenas um grupo de estudantes de escolas públicas e particulares.

A pandemia levou ao fechamento de escolas em todo o país. A maior parte das escolas, 92%, adotou de mediação remota ou híbrida e 72,3% das escolas recorreram a reorganização curricular com priorização de habilidades ou conteúdos. Ou seja, os estudantes do país, mesmo cursando o mesmo ano escolar, não aprenderam necessariamente os mesmos conteúdos e, por isso, não é possível saber se tinham ou não aprendido o que foi cobrado no momento da avaliação.

Para a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães de Castro, os resultados são importantes para medir o impacto da pandemia na educação, mas precisam ser bem contextualizados.             

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