Supermercados estão com 5,6 mil vagas de emprego abertas na região
Segundo estudo da APAS, setor enfrenta dificuldades na contratação de mão de obra principalmente para as funções de operador de caixa, repositor e açougueiros; Sindicato explica que escala de trabalho puxada e salário baixo aumentam desistência de candidatos pelas vagas oferecidas pelas empresas
Beth Soares | Tribuna Liberal
A escassez de mão de obra faz sobrar vagas de emprego nos
supermercados da região. Pesquisa divulgada pela APAS (Associação Paulista de
Supermercados), nesta semana, revela que existem mais de 5,6 mil vagas de
empregos abertas no setor supermercadista da região de Campinas - que inclui os
municípios de Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor e Paulínia -, à
espera de trabalhadores para ocupá-las.
De acordo com o estudo, são 34,5 mil vagas disponíveis no
Estado de São Paulo. Os postos de trabalho em aberto estão, principalmente, nas
funções de operador de caixa (7.225), repositor (5.909), açougueiro (4.314),
operador de frios e laticínios (3.866), empacotador (2.778), operador de hortifrúti
(2.103), padeiro (1.202), estoquista (1.195), fiscal de caixa (860) e
confeiteiro (739). Outras 4.228 vagas estão distribuídas entre diversas funções
na área.
Juntas, as regiões de São Paulo e Campinas concentram 40% das vagas do Estado (a região de São Paulo tem 8.762 postos de trabalho disponíveis). Ainda segundo o estudo da APAS, para cada 10 empregados no setor, há 0,9 postos não preenchidos. A pesquisa observa que a escassez de mão de obra é percebida inclusive pelos consumidores por causa das filas nos caixas ou setores desfalcados de pessoas para atendimento.
Na tentativa de atrair e manter trabalhadores, a APAS
informa que o setor investe na capacitação de seus colaboradores, permitindo
que profissionais sem experiência adquiram conhecimento e cresçam na carreira.
Além disso, afirma Erlon Ortega, presidente da APAS, as associações regionais
têm desempenhado um papel fundamental ao oferecer treinamentos e qualificação
para os trabalhadores.
“Nós estamos buscando uma conexão com bancos de dados de
prefeituras e programas sociais, para possibilitar a inserção de pessoas em
situação de vulnerabilidade no mercado de trabalho. Os supermercados oferecem
oportunidades em diversas áreas, como açougue, padaria, hortifrúti e reposição,
muitas vezes não necessitando de conhecimento prévio para exercer a função”,
destaca Ortega.
Segundo o presidente da APAS, a reinserção de profissionais
acima de 50 anos também tem se mostrado uma tendência crescente nos
supermercados, trazendo experiência e comprometimento para as equipes.
Para Ortega, a flexibilização do modelo de trabalho surge
como um fator essencial para atrair novos talentos, especialmente entre os mais
jovens. “A APAS vê na possibilidade de jornadas mais adaptáveis às necessidades
individuais um diferencial importante para garantir a retenção e a ampliação da
força de trabalho no setor”, afirma o presidente da APAS.
De acordo com o Sincovaga (Sindicato do Comércio Varejista
de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo), a escala de trabalho 6 X 1,
somada aos baixos salários, são fatores que dificultam a contratação de
funcionários pelo setor supermercadista (veja reportagem nesta página).
REDE SAVEGNAGO REALIZA MUTIRÃO DE TALENTOS ON-LINE NA BUSCA
DEE FUTUROS FUNCIONÁRIOS
A rede Savegnago de supermercados tem 70 vagas de emprego
abertas na região: 20 em Sumaré e 50 em Campinas. Para atrair futuros
funcionários, o grupo aposta na tecnologia, que permite alcançar mais pessoas,
e realiza, nesta terça-feira (15), o “Mutirão de Talentos On-Line”, um processo
seletivo que acontece no ambiente digital com candidatos que realizaram
inscrição prévia entre os últimos dias 02 e 11 de abril.
De acordo com o gerente de Desenvolvimento Humano do Grupo
Savegnago, Danilo Ribeiro, as vagas a serem preenchidas são para setores
diversos como: operador de caixa, padaria, frios, açougue, mercearia,
hortifruti, dentre outros.
Ribeiro confirma a dificuldade do setor na contratação de
mão de obra, apontada na pesquisa realizada pela APAS (Associação Paulista de
Supermercados). Ele observa que a disponibilidade de horário para as escalas de
trabalho 6X1, exigida pelos supermercados, formação e aptidão técnica,
necessárias para algumas funções, além do volume de oferta de empregos em
outros segmentos, são os principais desafios para contratar funcionários.
Ele exemplifica que na Rede Savegnago, setores como açougue,
frios e padaria são os que apresentam mais escassez de trabalhadores. “Mas,
também, são nestas áreas que estão as maiores possibilidades de crescimento.
Temos inúmeros casos de pessoas que começaram nesses setores e construíram
carreira dentro da Rede Savegnago sendo hoje gerentes de loja, regionais,
especialistas...Estamos trabalhando cada vez mais para promover um ambiente de
crescimento e valorização profissional”, comentou Ribeiro.
A Rede Savegnago emprega 12 mil pessoas em suas 62 lojas,
distribuídas em 20 cidades do Estado de São Paulo, que inclui os municípios de
Sumaré, Hortolândia e Campinas.
ESCALA DE TRABALHO PUXADA E SALÁRIO BAIXO AFASTAM CANDIDATOS
, AFIRMA SINCOVAGA
Para o presidente do Sincovaga (Sindicato do Comércio
Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo), Alvaro Furtado, a
valorização do trabalhador é uma das saídas para o setor supermercadista atrair
mão de obra.
“É preciso valorizar os comerciários, adicionando aos
salários benefícios sociais, como convênio médico/dentário extensivo à família
stricto sensu; progressão por mérito e tempo de serviço. Esses e outros
benefícios são importantes para a fixação da mão de obra”, observa Furtado.
Alvaro Furtado: é preciso valorizar o trabalhador e acrescentar benefícios aos salários
Ele avalia que a jornada de atividades, na escala 6X1, que
permite somente uma folga semanal, trabalho obrigatório nos feriados, exceto
Natal e Ano Novo, aliados aos baixos salários são fatores que dificultam o
setor a encontrar trabalhadores.
De acordo com Sincovaga, o piso salarial do segmento é de
menos de R$ 2 mil mensais e se aplica, como regra geral, para diversos cargos,
do operador de caixa ao repositor de mercadorias. A função de açougueiro está
entre as mais escassas e, segundo o Sindicato, os profissionais chegam a ganhar
até R$ 3 mil.
O sindicalista recomenda que a busca de mão de obra deve ser
focada no primeiro emprego com benefícios adicionais aos das convenções
coletivas. Pessoas já aposentadas, com interesse em aumentar a renda dos
benefícios previdenciários, também podem ser potenciais trabalhadores para o
setor supermercadista, avalia Furtado.
Para facilitar a contratação de trabalhadores, o Sincovaga
implantou o portal Varejo Contrata, uma plataforma onde os estabelecimentos do
setor varejista de alimentos podem divulgar as vagas de emprego disponíveis,
sem custo para os candidatos e para os empregadores.
O portal reúne vagas em diversas funções, de repositor e
operador de caixa a açougueiro, operador de loja e auxiliar administrativo,
dentre outras. De acordo com o Sincovaga, além da gratuidade, o Varejo Contrata
é uma porta de entrada para o mercado de trabalho de pessoas com deficiência,
migrantes, imigrantes e refugiados, jovens aprendizes e mulheres.
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