Indústria pode crescer mais do que os 3,1% indicados pelo IBGE, frisa Ciesp
Da Redação | Tribuna Liberal
O presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e primeiro vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Rafael Cervone, avaliou, nesta sexta-feira (1º), o crescimento de 3,1% da atividade no acumulado do ano até setembro, anunciado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Cervone salientou
que o desempenho, embora os números sejam positivos, poderia ser ainda mais
expressivo se contasse com políticas de fomento eficazes e de longo prazo.
Políticas de estado, não de governo. “É crucial trabalhar para que sua expansão
seja cada vez mais substancial e sustentada”, afirmou.
“Também é importante entender que o Custo Brasil, de R$ 1,7
trilhão anual a mais em relação à média dos países da OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), tem peso imenso sobre uma atividade
que, para ser mais competitiva, precisa investir de modo permanente – e muito –
em máquinas, equipamentos, tecnologia e recursos humanos qualificados”. A
economia não tem favorecido esse cenário, segundo Cervone.
Além dos tributos exagerados, os ônus dos juros, a
insegurança jurídica e os custos trabalhistas elevadíssimos que permeiam a
economia nacional, a indústria é atingida por medidas pontuais nocivas. “Para
citar apenas dois exemplos, lembro a tributação das subvenções para
investimento e custeio, que acarreta perdas estimadas em R$25,9 bilhões, e a
limitação temporal ao aproveitamento de créditos tributários federais
decorrentes de decisão judicial, com perdas estimadas em R$24 bilhões”, acentua
o presidente do Ciesp.
Na expectativa de que a reforma tributária racionalize os
impostos e que os demais obstáculos que atingem o setor sejam removidos,
Cervone espera que tenham êxito dois planos lançados este ano: Depreciação
Acelerada, que favorece investimentos em modernização, e o programa NIB (Nova
Indústria Brasil), que prevê financiamentos de R$ 300 bilhões até 2026.
“Reduzir os custos e viabilizar investimentos é determinante para promover a
modernização, competitividade e produtividade da indústria nacional”, afirmou.
Para o presidente do Ciesp, os ganhos proporcionados pelo
fortalecimento do chão de fábrica serão relevantes para todos os brasileiros,
considerando o seu significado para o crescimento sustentado, como demonstram
as estatísticas.
Mesmo não tendo sido priorizado nas últimas décadas e
enfrentando barreiras, o setor responde por 66,6% das exportações brasileiras
de bens e serviços, 66,8% dos investimentos nacionais em P&D e 24,4% da
arrecadação previdenciária. Mantém mais de 11 milhões de empregos formais
(21,2% do total nacional) e paga os melhores salários. Também apresenta, dentre
todos os ramos de atividade, o maior fator de multiplicação, gerando R$ 2,44
para cada R$ 1 que produz.
“Os números divulgados hoje pelo IBGE mostram a resiliência
e capacidade de superação da indústria. O setor pode e precisa crescer de modo
robusto e sustentado. Ao ganhar competitividade, criar mais postos de trabalho
e ampliar a inclusão social, ajudará muito o Brasil a se tornar uma economia de
renda alta”, enfatizou Cervone.
Em setembro de 2024, a produção industrial brasileira subiu
1,1% frente a agosto, na série com ajuste sazonal. O resultado acontece após a
variação positiva de 0,2% em agosto. Na série sem ajuste sazonal, no confronto
com igual mês do ano anterior, o total do setor cresceu 3,4% em setembro de
2024, marcando a quarta taxa positiva consecutiva. Com isso, houve avanço de
3,1% nos nove primeiros meses de 2024.
A taxa anualizada, indicador acumulado nos últimos 12 meses,
aumentou 2,6% em setembro, permanecendo com taxa positiva e intensificando o
ritmo de expansão frente aos resultados de agosto (2,4%), julho (2,2%), junho
(1,5%) e maio (1,2%) de 2024.
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