Economia

Indústrias de Sumaré e Paulínia são as mais impactadas pelo conflito entre Rússia e Ucrânia

Foi o que apontou levantamento feito pelo Ciesp-Campinas; guerra interferiu na logística de insumos para produção de fertilizantes

A guerra entre Rússia e Ucrânia começou a afetar a produção industrial na região. As indústrias que dependem de trigo, além de empresas das áreas de adubos, fertilizantes e potássio estão entre as mais impactadas. De acordo com Pesquisa de Sondagem Industrial divulgada nesta terça-feira (22) pela Regional Campinas do Ciesp-SP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), cerca de 33% das empresas informaram que já foram impactadas negativamente pelo conflito, 47% prevê impactos para os próximos meses e 20% ainda não têm uma avaliação. Na região, os municípios de Sumaré e Paulínia são os mais afetados, pois possuem indústrias de adubos e fertilizantes. O diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso, mencionou esse reflexo na indústria regional. “Na importação, começamos a ter alguns pontos preocupantes. Importamos adubos, fertilizantes, materiais químicos, potássio e borracha. Nesse período de janeiro e fevereiro importamos US$ 17,6 milhões, o que representa 0,91% do volume de nossas importações na região. Temos dois municípios na região que são dependentes dessas importações – Sumaré e Paulínia, com adubos e fertilizantes. Dessa forma o setor agrícola deverá ser um dos mais afetados na região, devido a importação de insumos para fertilizantes, como o potássio”, afirmou Riso.

A questão sobre o grau do impacto negativo desse confronto nos negócios das empresas, teve a seguinte resposta: 13% – alto impacto, 40% – médio impacto, 13% – pequeno impacto, 7% – nenhum impacto e 27% – ainda não tinha uma avaliação.

Para o diretor titular do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, os reflexos do conflito Rússia e Ucrânia na indústria regional nesse momento, referem-se aos aumentos dos combustíveis e fretes internacionais e insumos para fertilizantes e o trigo no segmento de alimentação. “Se o conflito se prolongar e tomar outros rumos que não desejamos, esse quadro pode mudar e impactar mais fortemente a indústria e outros setores”, acrescentou.

Na mesma linha, Rizo explicou que na área de comércio exterior, as preocupações existem, principalmente com os contínuos aumentos nas tarifas dos fretes. No entanto, em uma avaliação inicial da entidade, Riso explicou que os principais produtos que são comprados desse bloco Rússia e Ucrânia, não representam muito para o volume de negócios da região. As exportações entre janeiro e fevereiro de 2022 foram de US$ 1,885 milhão. Isso representa apenas 0,25% do volume de exportação.

Em relação aos demais dados apresentados na Sondagem Industrial de março, Toledo Corrêa afirmou que os indicadores são positivos e apontam para uma contínua recuperação da indústria regional. Aumento no volume de produção, estabilidade no número de funcionários, queda no nível de inadimplência das empresas e aumento na lucratividade são alguns dos tópicos positivos apontados pelo diretor.

Corrêa ressaltou como positivos para a indústria, “o fato de 47% das empresas associadas registrarem aumento no faturamento e também 87% delas afirmarem que operam com capacidade instalada de produção entre 50% e 100%”.

Yara informa que tenta reduzir impactos

A Yara Brasil Fertilizantes, líder mundial em nutrição de plantas, com unidade em Nova Veneza, em Sumaré, informou que segue avaliando a situação e atuando para mitigar ao máximo possíveis impactos no abastecimento de produtos, reforçando seu comprometimento com a segurança alimentar global e seu compromisso em garantir a oferta de soluções nutricionais aos agricultores brasileiros.

“A companhia busca continuar a suprir a demanda das cadeias de alimentos, valendo-se de sua atuação global e de sua robusta rede de fornecedores. A empresa reitera sua preocupação com a segurança alimentar e ressalta a necessidade de ações do Governo para diminuir a dependência externa”, cita nota enviada pela empresa.

Saldo da Balança Comercial Regional está no vermelho

Em relação aos números da Balança Comercial Regional, em fevereiro de 2022 o valor exportado foi de US$ 263,6 milhões – 40,5% maior que em fevereiro de 2021. Já as importações no mesmo mês foram de US$ 971,7 milhões – 24,3% maior do que em fevereiro do ano passado. O saldo em fevereiro de 2022 foi negativo em US$ 708 milhões – 19,2% maior do que o registrado em fevereiro de 2021.

A corrente de comércio exterior regional (soma das exportações e importações) em fevereiro de 2022 foi de US$ 1,235 bilhão – 27,5% maior que no mesmo mês do ano passado.

Em fevereiro os principais municípios exportadores da Regional Campinas do Ciesp foram, pela ordem: Campinas (26,9%), Paulínia (23,4%), Sumaré (13,1%), Mogi Guaçu (10,5%) e Santo Antônio de Posse (5,1%). Já os municípios que mais importaram foram: Paulínia (38,4%), Campinas (26,9%), Sumaré (9,9%), Jaguariúna (7,5%) e Hortolândia (7,3%). O percentual do município refere-se a sua participação em relação ao total da Regional no Balanço Mensal.

O Ciesp-Campinas conta com 494 empresas associadas, distribuídas em 19 municípios da região. O faturamento conjunto das empresas associadas é de R$ 41,52 bilhões ao ano. Conjuntamente essas empresas empregam 98.894 colaboradores.

Deixe um comentário