Hortolândia recebe consultoria sobre regulamentação da Reforma Tributária
Zezé Gomes explica que a consultoria foi procurada pela prefeitura como forma de se antecipar às mudanças previstas pelo novo sistema tributário
Da Redação | Tribuna Liberal
Se antecipar às mudanças do sistema tributário brasileiro.
Foi com este propósito que a Prefeitura de Hortolândia promoveu, nesta
segunda-feira (3), uma consultoria para discutir a PEC (Proposta de Emenda à
Constituição) 45/2019, que regulamenta a Reforma Tributária. A consultoria,
ministrada por um escritório de advocacia especializado em direito tributário,
contou com a participação do prefeito Zezé Gomes (Republicanos) e de
secretários municipais, que se reuniram no Salão Nobre do Palácio dos Migrantes
Paço Municipal Prefeito Angelo Augusto Perugini.
A Reforma Tributária, discutida no Congresso Nacional por
meio do projeto de lei complementar 68/2024, prevê a substituição do ICMS
(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços), dos governos
estaduais; e do ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza), arrecadado
pelas prefeituras; por um único tributo, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços).
A Reforma Tributária, que foi aprovada em julho deste ano pela Câmara dos Deputados
e, atualmente, encontra-se em fase de discussão no plenário do Senado Federal,
busca, ainda, simplificar o sistema tributário brasileiro ao substituir o PIS
(Programa de Integração Social), Cofins (Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social) e IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados), tributos
arrecadados pela União, por um único tributo, o CBS (Contribuição sobre Bens e
Serviços).
Zezé Gomes explicou que a consultoria foi procurada pela
prefeitura como forma de se antecipar às mudanças previstas pelo novo sistema
tributário. “Conhecer a proposta da Reforma Tributária é essencial. Por isso,
nós convidamos esta consultoria para apresentar os pontos que estão sendo
discutidos no Senado Federal. É fundamental já começarmos a entender a Reforma
Tributária para que o município possa traçar estratégias no sentido de não ter
perdas financeiras e para que também possa fomentar setores da economia que
venham agregar no orçamento municipal. O Brasil se prepara para um novo
momento, com a criação de um novo sistema tributário, e, mesmo que tenhamos um
período de adaptação, não dá para ficar esperando. Hortolândia, como cidade
inteligente, precisa entender as mudanças tributárias e traçar projetos para o
futuro visando o aumento da arrecadação e, assim, evitar perdas”, declarou Zezé
Gomes.
Durante a consultoria, os secretários municipais
representantes das secretarias de Administração e Gestão de Pessoal; de
Assuntos Jurídicos; de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo e Inovação;
de Finanças; de Governo; e de Planejamento Urbano e Gestão Estratégica
entenderam as etapas da transição tributária, que será dividida em duas fases e
será concluída gradualmente em 2033, com a vigência integral do novo modelo
tributário por meio da extinção completa do ICMS e do ISS.
O secretário de Finanças de Hortolândia, Antônio Agnelo
Bonadio, acredita que, ao promover a consultoria com o secretariado municipal,
a Prefeitura se prepara para os desafios do novo modelo tributário. “A grande
maioria das Administrações Públicas ainda não estão se mobilizando para este
enfrentamento, que exige a participação do governo como um todo. A Reforma
Tributária trará desdobramentos diretos nas áreas de desenvolvimento econômico
e planejamento urbano, provocando uma mudança estrutural no financiamento da
cidade. O gestor público tem que ter esta responsabilidade de já começar a
pensar estes desdobramentos”, avalia Bonadio.
Entre as principais características do IBS (Imposto sobre
Bens e Serviços) está o princípio do destino, que determina que nas operações
interestaduais e intermunicipais o tributo arrecadado pertencerá ao estado e ao
município de destino, e não mais ao ente de origem do produto ou serviço. Para
o secretário de Finanças de Hortolândia, o novo modelo exigirá maiores
investimentos no setor terciário da economia local.
“É importante fortalecer a rede de prestação de serviços, a
rede de consumo local, para exatamente ter uma base contributiva no município,
porque o valor adicionado deixa de ser o grande fomentador da economia da
cidade, que passa a ser o consumo”, comentou Bonadio, ao projetar maiores
arrecadações tributárias no segmento do comércio.
Outra novidade apresentada pela Reforma Tributária é a
regulamentação de legislação uniforme, que prevê a mesma base e regras de
apuração para os tributos sobre bens, serviços e direito em todo o país. A
proposta também cria o Imposto Seletivo Federal, que incidirá sobre bens e
serviços, cujo consumo se deseja desestimular, como cigarros e bebidas
alcoólicas.
Responsável por ministrar a consultoria, a advogada
especializada em Direito Tributário e professora, Suzy Gomes Hoffmann, destaca
a iniciativa da Prefeitura. “A Prefeitura de Hortolândia demonstra um
protagonismo frente aos outros municípios da nossa região. Os municípios que
buscarem conhecimento sobre a Reforma Tributária vão sair na frente. Tenho
certeza que a Prefeitura irá implementar as mudanças necessárias para evitar se
adaptar à Reforma Tributária de uma maneira atropelada”, comentou.
Entre outras novidades apresentadas pela Reforma Tributária
estão os mecanismos que asseguram devolução dos créditos acumulados pelos
exportadores, assim como instrumentos que garantem crédito instantâneo ao
imposto pago na aquisição de bens de capital. A consultoria realizada na
Prefeitura de Hortolândia também abordou temas como manutenção do regime
Simples Nacional, incidência de tributos em regimes específicos e diferenciados
e o projeto de Lei Complementar que discute a criação de um Comitê Gestor, que
terá papel fundamental na regulação, arrecadação e distribuição do IBS (Imposto
Sobre Bens e Serviços) entres os estados e municípios.
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