Guerra e lockdown na China preocupam indústria da região de Campinas

Temores foram manifestados durante apresentação da pesquisa de sondagem industrial de abril do setor nesta terça-feira, na sede do Ciesp

A Regional Campinas do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) apresentou nessa terça-feira (26), em entrevista on-line para a Imprensa, a Pesquisa de Sondagem Industrial de Abril, que apontou a guerra Rússia e Ucrânia e o lockdown nas maiores cidades da China, como as principais preocupações da indústria regional para os próximos meses.

O diretor do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, afirmou que a Sondagem apontou diminuição no volume de produção para 29% das indústrias em abril e queda no faturamento para 35% das respondentes. Para Corrêa essa retração da indústria regional é reflexo do conflito no Leste Europeu, “que se arrasta sem previsão de solução”. Recentemente o lockdown nas grandes cidades chinesas, por conta da Covid-19, trouxe mais problemas para as cadeias de abastecimento globais, com impactos também na indústria, acrescentou Corrêa.

“A guerra da Rússia e Ucrânia, que imaginávamos que poderia ter sido de duração curta, mas que está se prolongando por várias semanas e não sabemos quando irá terminar, de certa maneira ajudou a diminuir o aquecimento da economia aqui na nossa região. A sondagem do Ciesp Campinas de abril mostra que as empresas e os empresários estão receosos de retomar a atividade por causa disso. Então, nós temos que aguardar um pouco”, disse Toledo Corrêa. Em relação ao lockdown das principais cidades e portos da China, a situação é preocupante porque atinge diretamente toda economia global, disse o diretor. “A china é uma grande fornecedora”, explicou.

O diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso, apresentou um painel preocupante, com o acúmulo de contêineres parados nos principais portos chineses, o que pode comprometer as cadeias produtivas em escala global.

“Tememos que isso provoque o desabastecimento de semicondutores e eletroeletrônicos, o que afetará a todos os setores da economia mundial, inclusive o agribusiness, nas próximas semanas ou meses”, acrescentou o especialista em comércio exterior. A retenção de contêineres nos portos também provocou o aumento nos custos dos fretes de cargas, com prejuízos para toda a cadeia produtiva.

Na Sondagem Industrial do Ciesp-Campinas foram apontadas as principais preocupações da indústria regional, que podem afetar os negócios nos próximos meses. Para 65% das empresas, a ‘variação da taxa de câmbio’ é uma dessas preocupações. Os ‘reflexos geopolíticos do conflito Rússia e Ucrânia’ foram respondidos por 18% das associadas. A ‘taxa de inflação’ e a ‘instabilidade causada pelas eleições’ ficaram empatadas na terceira posição, cada uma delas com 6% das respostas. Já a ‘desigualdade social’ foi apontada por 5% dos respondentes.

SALDO DA BALANÇA COMERCIAL SEGUE NEGATIVO

Em relação aos números da Balança Comercial Regional, em março de 2022 o valor exportado foi de US$ 303,3 milhões – 30,9% maior que em março de 2021. Já as importações no mesmo mês foram de US$ 1,103 bilhão – 14,7% maior do que em março do ano passado. O saldo em março de 2022 foi negativo em US$ 800,2 milhões – 9,6% maior do que o registrado em março de 2021.

Segundo os dados divulgados pelo Ciesp Campinas, no panorama mensal, Hortolândia exportou US$ 6.936.202 e importou US$ 70.114.678. No acumulado do ano, exportou US$ 15.571.252 e importou US$ 226.574.170.

Já Paulínia, exportou US$ 74.870.367 no mês e importou US$ 416.029.158. No acumulado do ano, exportou US$ 203.592.959 e importou US$ 1.073.602.577.

Sumaré, que também integra o Ciesp-Campinas, exportou no mês US$ 40.106.897 e importou US$ 81.397.294. No acumulado do ano, exportou US$ 105.769.197 e importou US$ 260.043.863.

A corrente de comércio exterior regional (soma das exportações e importações) em março de 2022 foi de US$ 1,406 bilhão – 17,9% maior que no mesmo mês do ano passado.

Em março os principais municípios exportadores da Regional Campinas do Ciesp foram, pela ordem: Campinas (25,1%), Paulínia (24,7%), Sumaré (13,2%), Mogi Guaçu (9%) e Santo Antônio de Posse (5,7%).

Já os municípios que mais importaram foram: Paulínia (37,7%), Campinas (28,1%), Jaguariúna (10,5%), Sumaré (7,4%) e Hortolândia (6,4%). O percentual do município refere-se a sua participação em relação ao total da Regional no Balanço Mensal.

O Ciesp-Campinas conta com 494 empresas associadas, distribuídas em 19 municípios da região. O faturamento conjunto das empresas associadas é de R$ 41,52 bilhões ao ano. Conjuntamente essas empresas empregam 98.894 colaboradores.

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