Caixa altera regras de financiamento imobiliário a partir de 1º de novembro
Entrada sobe de 20% para 30% do valor do imóvel para financiamentos no Sistema de Amortização Constante e no Price, valor passa de 30% para 50%
Da Redação | Tribuna Liberal
A Caixa Econômica Federal anunciou, para 1º de novembro,
mudanças significativas nas condições de financiamento para imóveis, aumentando
o valor mínimo de entrada do percentual financiável dos imóveis adquiridos pelo
SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que utiliza recursos da
caderneta de poupança. As alterações visam ajustar a política de crédito
habitacional do banco e deverão impactar especialmente os consumidores que
procuram imóveis prontos ou usados.
Quem optar pelo financiamento via SAC (Sistema de
Amortização Constante), onde as parcelas caem com o tempo, precisará dar uma
entrada de 30% do valor do imóvel, em vez dos 20% exigidos até agora. No
sistema Price, com parcelas fixas, o percentual de entrada sobe para 50%. Além
disso, para ter acesso ao crédito, será necessário que o cliente não tenha
outro financiamento ativo com a Caixa.
O banco também restringiu o valor máximo de avaliação dos
imóveis financiados pelo SBPE para R$1,5 milhão em todas as modalidades,
alinhando-o ao teto do SFH (Sistema Financeiro da Habitação), que já prevê esse
limite para linhas de crédito.
EXCEÇÕES E JUSTIFICATIVAS
As mudanças serão aplicadas apenas aos novos financiamentos.
Unidades habitacionais de empreendimentos financiados diretamente pela Caixa —
o popular ‘imóvel na planta’ — continuam com as mesmas condições. O banco
mantém cerca de 70% do volume de crédito imobiliário do país e 48,3% das
contratações do SBPE.
Em nota, a Caixa justificou o ajuste explicando que o
orçamento para crédito habitacional de 2024 está em vias de ser superado. Até
setembro, o banco já havia liberado R$ 175 bilhões em crédito imobiliário,
representando um aumento de 28,6% em relação ao mesmo período de 2023. Ao todo,
foram realizados 627 mil financiamentos de imóveis, dos quais R$63,5 bilhões
foram concedidos via SBPE.
“A Caixa estuda constantemente medidas que visam ampliar o
atendimento da demanda excedente de financiamentos habitacionais, inclusive
participando de discussões junto ao mercado e ao governo, com o objetivo de
buscar novas soluções que permitam expandir o crédito imobiliário no país, não
somente pela Caixa, mas também pelos demais agentes do mercado”, explicou o
banco em nota oficial.
IMPACTOS NO MERCADO E NAS CONSTRUTORAS
Rodrigo Ongaro, proprietário da Peconi Construtora, em
Sumaré, acredita que as mudanças afetarão especialmente imóveis prontos e
usados, que dependem de recursos do FGTS e do SBPE para financiamento. Segundo
ele, a nova regra de entrada de até 50% dificulta a aquisição desses imóveis.
“Agora, para comprar um imóvel usado, o cliente vai precisar
ter, em média, 50% de entrada, o que pode incluir o uso do FGTS ou recursos
próprios. Isso cria um desafio maior para quem deseja comprar imóveis prontos,
diferentemente dos imóveis na planta, que permanecem com 80% de financiamento
possível para novos clientes”, explica Ongaro.
As construtoras e imobiliárias, pegas de surpresa, já
começaram a reavaliar suas estratégias para se ajustarem às novas regras. O
aumento nos saques da caderneta de poupança, que registrou R$ 7,1 bilhões em
saques líquidos apenas em setembro, e a redução das LCI (Letras de Crédito
Imobiliário) estão entre os fatores que motivaram o ajuste nas políticas de
crédito. Num cenário em que a exigência de crédito habitacional da Caixa
aumentou devido às taxas elevadas de juros em bancos privados. Caso não
limitasse o crédito, a Caixa teria de aumentar os juros.
Ainda não há claro sobre a possibilidade de reversão dessas
regras em 2025, quando o banco tiver um novo orçamento, ou se as mudanças se
tornarem definitivas no próximo ano. Especialistas do setor aguardam
sinalizações da Caixa e novas políticas para o crédito habitacional,
considerando o impacto dessas restrições no mercado e na capacidade de
aquisição de imóvel.
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