Brasil precisa se preparar para nova política econômica dos EUA, diz presidente do Ciesp
Fortalecimento da indústria é um fator estratégico nas relações bilaterais com os norte-americanos e no contexto internacional; país também pode ser exportador de economia verde
Da Redação | Tribuna Liberal
“A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos
Estados Unidos exige imediata análise por parte das autoridades econômicas do
Brasil, no sentido de adotar medidas contingenciais e preventivas no contexto
das políticas fiscal, de investimentos, redução de impostos e de eventual
aumento de tarifas aduaneiras, anunciadas pelo republicano na campanha
eleitoral”. A opinião é de Rafael Cervone, presidente do Ciesp (Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo) e primeiro vice-presidente da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Ele ressalva que a mesma atitude deveria ser tomada pelo
Brasil caso a vencedora tivesse sido a democrata Kamala Harris. “Independentemente
de partidos, quando há troca de governo na maior economia do mundo, é preciso
ficar muito atento e fazer o que for necessário para evitar repercussões
negativas em nosso país”, ponderou.
Cervone entende que, a despeito de divergências políticas,
as relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos seguirão boas. “Além
disso, cabe considerar que, em meio às crescentes disputas comerciais entre
norte-americanos e chineses, que deverão acentuar-se, nosso país tem posição
estratégica, pelo porte de sua economia, protagonismo no G20, como fornecedor
de commodities e alimentos e, por outro lado, como um dos maiores mercados
consumidores do planeta”.
Um fator importante para fortalecer a posição brasileira, não só na interação econômica com os Estados Unidos, mas em todo o contexto global, é aumentar de modo expressivo a participação de produtos industriais – em especial, os de maior valor agregado –, na pauta de exportações, enfatizou o presidente do Ciesp.
“Isso fortalece nossa posição econômica, reduz a
dependência tecnológica de máquinas e equipamentos e aumenta o superávit
comercial. O Brasil pode, também, ser exportador de uma economia verde no
processo de descarbonização. Nossa matriz energética é, praticamente, toda
sustentável, portanto somos um fornecedor estratégico que pode ser relevante no
mercado internacional. A bioeconomia brasileira é muito forte. Daí a premência
de que programas como a NIB (Nova Indústria Brasil) e Depreciação Acelerada
tenham pleno êxito, contribuindo para que tenhamos ganhos relevantes de
competitividade”, afirmou.
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